LIVRO
SEGUNDO
MUNDO
ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS
CAPÍTULO
IX– INTERVENÇÃO DOS ESPÍRITOS NO MUNDO CORPÓREO
XII- Poder Oculto, Talismãs e Feiticeiros
(Questões 551 à 556)
Um homem mau, mesmo com o auxílio de um mau Espírito que lhe for
devotado, não pode fazer o mal ao seu próximo, Deus não o
permitiria.
Deve-se pensar da crença no poder de enfeitiçar que certas pessoas teriam,
que algumas pessoas têm um poder magnético muito grande,
do qual podem fazer mau uso se o seu próprio Espírito for mau. Nesse caso
poderão ser secundadas por maus Espíritos. Mas não acrediteis nesse pretenso
poder mágico que só existe na imaginação das pessoas supersticiosas, ignorantes
das verdadeiras leis da Natureza. Os fatos que citam são fatos naturais mal
observados e sobretudo mal compreendidos.
O efeito de fórmulas e práticas com as quais certas pessoas pretendem
dispor da vontade dos Espíritos é o de as
tornar ridículas, se são de boa-fé; no caso contrário, são tratantes que
merecem castigo. Todas as fórmulas são charlatanices; não há nenhuma palavra
sacramental, nenhum signo cabalístico, nenhum talismã que tenha qualquer ação
sobre os Espíritos, porque eles só são atraídos pelo pensamento e não pelas
coisas materiais.
Certos Espíritos já ditaram, algumas vezes, fórmulas cabalísticas,
tendes Espíritos que vos indicam signos, palavras bizarras, ou que vos
prescrevem certos atos, com a ajuda dos quais fazeis aquilo que chamais
conjuração. Mas ficai bem seguros de que são
Espíritos que zombam de vós e abusam de vossa credulidade.
Aquele que, com ou sem razão, confia naquilo a que chama virtude de um
talismã, pode, por essa mesma confiança, atrair um Espírito, porque então é o
pensamento que age; o talismã é um signo que ajuda a dirigir o pensamento;
mas a natureza do Espírito atraído depende da natureza da intenção e da
elevação dos sentimentos. Ora, é difícil que aquele que é tão simplório para
crer na virtude de um talismã não tenha um objetivo mais material do que moral.
Qualquer que seja o caso, isso indica estreiteza e fraqueza de ideias, que dão
azo aos Espíritos imperfeitos e zombadores.
Esses a que
chamais feiticeiros são pessoas, quando de boa-fé, que possuem certas
faculdades como o poder magnético ou a dupla vista. Como fazem coisas que não
compreendeis, as julgais dotadas de poder sobrenatural. Vossos sábios não
passaram muitas vezes por feiticeiros aos olhos dos ignorantes.
Comentário de Kardec: O Espiritismo e
o magnetismo nos dão a chave de uma infinidade de fenômenos sobre os quais a
ignorância teceu muitas fábulas, em que os fatos são exagerados pela
imaginação. O conhecimento esclarecido dessas duas ciências, que se resumem
numa só, mostrando a realidade das coisas e sua verdadeira causa, é o melhor
preservativo contra as ideias supersticiosas, porque revela o que é impossível,
o que está nas leis da Natureza e o que não passa de crença ridícula.
Certas pessoas têm realmente o dom de curar por simples contato, pois que
O poder magnético pode chegar até isso, quando é
secundado pela pureza de sentimentos e um ardente desejo de fazer o bem,
porque então os bons Espíritos auxiliam. Mas é necessário desconfiar da maneira
por que as coisas são contadas por pessoas muito crédulas ou muito entusiastas,
sempre dispostas a ver o maravilhoso nas coisas mais simples e mais naturais. É
necessário também desconfiar dos relatos interesseiros por parte de pessoas que
exploram a credulidade em proveito próprio.
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