LIVRO
SEGUNDO
MUNDO
ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS
CAPÍTULO
VIII– EMANCIPAÇÃO DA ALMA
VII-
Dupla Vista
(Questões
447 à 454)
O fenômeno designado pelo nome de dupla vista é a mesma coisa que
o sonho e o sonambulismo. Isso a que chamas dupla vista é ainda o Espírito
em maior liberdade, embora o corpo não esteja adormecido. A dupla vista é a
vista da alma.
A faculdade da dupla vista é permanente; o seu
exercício, não. Nos mundos menos materiais que o vosso, os Espíritos se
desprendem mais facilmente e se põem em comunicação apenas pelo pensamento, sem
excluir, entretanto, a linguagem articulada; também a dupla vista é para a
maioria uma faculdade permanente; seu estado normal pode ser comparado ao dos
vossos sonâmbulos lúcidos, e essa é também a razão por que eles se manifestam a
vós mais facilmente do que os encarnados de corpos mais grosseiros.
A dupla vista, geralmente, se desenvolve espontaneamente,
mas a vontade também, muitas vezes, desempenha um grande papel. Assim, podes
tomar, por exemplo, certas pessoas chamadas leitoras da sorte, algumas das
quais possuem esta faculdade de dupla vista e nisso a que chamas visão.
A dupla vista é suscetível de se desenvolver pelo exercício, pois o trabalho
sempre conduz ao progresso, e o véu que encobre as coisas se torna
transparente.
Esta faculdade se liga à organização física, pois que a organização
desempenha o seu papel; há organizações que se mostram refratárias,
resistentes.
Quando a dupla vista pareça hereditária em cenas familiares, é devido à similitude
de organizações, que se transmite, como as outras qualidades físicas; e depois,
desenvolvimento da faculdade por uma espécie de educação, que também se
transmite de um para outro.
É verdade que certas circunstâncias desenvolvem a dupla vista.
Circunstâncias tais como a doença, a proximidade de um perigo, uma grande
comoção pode desenvolve-la. O corpo se encontra às vezes num estado particular
que permite ao Espírito ver o que não podeis ver com os olhos do corpo.
Comentário de Kardec: Os tempos
de crise e de calamidades, as grandes emoções todas as causas enfim, de
superexcitação moral provocam às vezes o desenvolvimento da dupla vista. Parece
que a Providência nos dá, em presença do perigo, o meio de conjugar.
Todas as seitas e todos os partidos perseguidos oferecem numerosos exemplos a
respeito.
As pessoas dotadas de dupla vista nem sempre têm consciência disso;
para elas é coisa inteiramente natural, e muitas dessas pessoas acreditam que
se todos se observassem nesse sentido, perceberiam ser como elas.
A perspicácia de certas pessoas que, sem nada terem de extraordinário,
julgam as coisas com mais precisão do que as outras, está no fato de que é sempre
sua alma que irradia mais livremente e julga melhor do que sob o véu da
matéria.
Esta faculdade pode, em certos casos, dar a presciência
(pressentimento) das coisas; ela dá também os pressentimentos, porque há muitos
graus desta faculdade e o mesmo indivíduo pode ter todos os graus
ou não ter mais do que alguns.
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