LIVRO
SEGUNDO
MUNDO
ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS
CAPÍTULO
IX– INTERVENÇÃO DOS ESPÍRITOS NO MUNDO CORPÓREO
XI- Dos
Pactos
(Questões 549 à 550)
Não há
pactos entre os espíritos, mas uma natureza má simpatiza com Espíritos maus.
Por exemplo: queres atormentar o teu vizinho e não sabes como fazê-lo: chamas
então os Espíritos inferiores que, como tu, só querem o mal, e pura te ajudar
querem que também os sirvas nos seus maus desígnios. Mas disto não se segue que
o teu vizinho não possa se livrar deles por uma conjuração contrária ou pela
sua própria vontade. Aquele que deseja cometer uma ação má, pelo simples fato
de o querer chama em seu auxílio os maus Espíritos, ficando obrigado a
servi-los como eles o auxiliam, pois eles também necessitam dele para o mal que
desejam fazer. É somente nisso que consiste o pacto.
A dependência em que o homem se encontra, algumas vezes, dos Espíritos
inferiores, provém da sua entrega aos maus pensamentos que eles lhe sugerem e
não de qualquer espécie de estipulações feitas entre eles. O pacto, no sentido
comum atribuído a essa palavra, é uma alegoria que figura uma natureza má
simpatizando com Espíritos malfazejos.
O sentido das lendas fantásticas segundo as quais certos indivíduos
teriam vendido sua alma a Satanás em troca de favores deve-se ser visto assim: Todas as fábulas encerram um ensinamento e um
sentido moral e o vosso erro é torná-los ao pé da letra. Essa é uma alegoria
que se pode explicar assim: aquele que chama em seu auxílio os Espíritos para
deles obteres dons da fortuna ou qualquer outro favor se rebela contra a
Providência, renuncia à missão que recebeu e às provas que deve sofrer neste
mundo e sofrerá as consequências disso na vida futura. Isso não quer dizer que
sua alma esteja para sempre condenada ao sofrimento. Mas, porque em vez de se
desligar da matéria ele se afunda cada vez mais, o gozo que preferiu na Terra
não o terá no mundo dos Espíritos, até que resgate a sua falta através de novas
provas, talvez maiores e mais penosas.
Por seu amor aos gozos materiais
coloca-se na dependência dos Espíritos impuros: estabelece-se entre eles um
pacto tácito, que o conduz à perdição, mas que sempre, lhe será fácil romper
com a assistência dos bons Espíritos, desde que o queira com firmeza.
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