Filhos, as religiões que verdadeiramente não cogitam do Reino do Céu
vos acenarão com a promessa da prosperidade material sobre a Terra.
Não permuteis o que é eterno pelo que é transitório; não façais como
Esaú, que, por um prato de lentilhas, abriu mão do seu direito de primogênito
para Jacó, seu irmão... A exemplo de Maria, irmã de Lázaro e Marta, permanecei com a boa
parte.
Não vos esqueçais do jovem rico, cujo anseio de elevação espiritual
não ia ao ponto de levá-lo ao desprendimento dos bens materiais.
Quase sempre, as aspirações de ordem superior do homem se conflitam
com os interesses subalternos da sociedade em que vive.
Quantos os que, pressionados por carências materiais imaginárias,
renunciam à fé espírita, aceitando outras interpretações para as palavras do
Senhor?
Quantos os que renegam a crença na reencarnação pelo motivo de
terem se exaurido na luta pela própria sublimação?
O Espiritismo não efetua aos seus adeptos quaisquer exigências,
todavia quem toma consciência de seus postulados sente-se naturalmente
constrangido a ceder de si mesmo, cada vez mais.
É a lucidez espiritual que a Doutrina faculta aos seus seguidores o que
os induz à disciplina austera e ao trabalho incansável, ao desapego dos bens
perecíveis e ao sacrifício pelo ideal.
Filhos, não contemporizeis com a ilusão. Ninguém ascenderá aos
Planos Mais Altos, preso aos interesses rasteiros do mundo.
O Senhor não quer a necessidade, a penúria, a fome, a miséria... Não
vos esqueçais, no entanto, de que o homem só verdadeiramente tem a posse
daquilo que nem mesmo a morte lhe arrebata.
O próprio orbe terrestre não sobreviverá às constantes mutações da
matéria que, a cada instante, se quintessencia, aproximando-se da natureza do
Criador.
Livro: A Coragem da Fé
Autor: Carlos A. Baccelli
Espírito: Bezerra de Menezes
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