V- Crueldade-AS LEIS MORAIS CAPÍTULO VI- LEI DE DESTRUIÇÃO

LIVRO TERCEIRO
AS LEIS MORAIS
CAPÍTULO VI- LEI DE DESTRUIÇÃO
V- Crueldade
(Questão 752 a 756)


Podemos ligar o sentimento de crueldade ao instinto de destruição, pois que é o próprio instinto de destruição no que ele tem de pior, porque, se a destruição é às vezes necessária, a crueldade jamais o é. Ela é sempre a consequência de uma natureza má.

O motivo pelo qual a crueldade é o caráter dominante dos povos primitivos está no fato de que a matéria sobrepuja o espírito. Eles se entregam aos instintos animais e como não têm outras necessidades além das corpóreas cuidam apenas da sua conservação pessoal. É isso que geralmente os torna cruéis. Além disso, os povos de desenvolvimento imperfeito estão sob o domínio de Espíritos igualmente imperfeitos que lhes são simpáticos, até que povos mais adiantados venham destruir ou arrefecer essa influência.

Sobre a crueldade que decorre da falta de senso moral diz-se que o senso moral não está desenvolvido, mas não que está ausente; porque ele existe, em princípio, em todos os homens; é esse senso moral que os transforma mais tarde em seres bons e humanos. Ele existe no selvagem como o princípio do aroma no botão de uma flor que ainda não se abriu.

Comentário de Kardec: Todas as faculdades existem no homem em estado rudimentar ou latente e se desenvolvem segundo as circunstâncias mais ou menos favoráveis. O desenvolvimento excessivo de umas impede ou neutraliza o de outras. A superexcitação dos instintos materiais asfixia, por assim dizer, o senso moral, como o desenvolvimento deste arrefece pouco a pouco as faculdades puramente animais.

Há civilizações mais adiantadas que há criaturas às vezes tão cruéis como os selvagens, pois da mesma maneira que numa árvore carregada de bons frutos existem os têmporas. Se quiseres, selvagens que só têm da civilização a aparência, lobos extraviados em meio de cordeiros. Os Espíritos de uma ordem inferior, muito atrasados, podem encarnar-se entre homens adiantados com a esperança de também se adiantarem; mas, se a prova for muito pesada a natureza primitiva reage.



A sociedade dos homens de bem será um dia expurgada dos malfeitores, pois que a Humanidade progride. Esses homens dominados pelo instinto do mal, que se encontram deslocados entre os homens de bem, desaparecerão pouco a pouco como o mau grão é separado do bom quando joeirado. Mas renascerão em outro invólucro. Então, com a experiência, compreenderão melhor o bem e o mal. Tens um exemplo nas plantas e nos animais que o homem aprendeu como aperfeiçoar, desenvolvendo lhes qualidades novas. Pois bem, é só depois de muitas gerações que o aperfeiçoamento se torna completo. Essa e a imagem das diversas existências do homem.

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