domingo, 10 de agosto de 2014

III- FACULDADES MORAIS E INTELECTUAIS-O Livro dos Espíritos, Allan Kardec ,CAPÍTULO VII: Retorno à Vida Corporal- LIVRO SEGUNDO

LIVRO SEGUNDO
MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS
CAPÍTULO VII– RETORNO À VIDA CORPORAL
III-Faculdades Morais e Intelectuais
             (Questões 361 à 366)

As qualidades morais, boas ou más, são as do Espírito que está nele encarnado; quanto mais puro é esse Espírito, mais o homem é propenso ao bem.

Resulta daí que o homem de bem é a encarnação de um bom Espírito, e o homem vicioso, a de um mau Espírito, mas dize antes que é um Espírito imperfeito, pois de outra forma se poderia crer nos Espíritos sempre maus, a que chamais demônios.

O caráter dos indivíduos em que se encarnam os Espíritos brejeiros e levianos, são estouvados, espertos e, algumas vezes, seres malfazejos.

Os Espíritos não têm paixões estranhas à Humanidade; se assim fosse, vós também as teríeis.

É o mesmo Espírito que dá ao homem as qualidades morais e as da inteligência, e na razão do grau a que tenha chegado. O homem não tem em si dois Espíritos.

Os homens mais inteligentes, que revelam um Espírito superior neles encarnados, são, às vezes, ao mesmo tempo, profundamente viciosos, pois que o Espírito encarnado não é bastante puro, e o homem cede à influência de outros Espíritos ainda piores. O Espírito progride numa marcha ascendente insensível, mas o progresso não se realiza simultaneamente em todos os sentidos; num período ele pode avançar em ciência, num outro em moralidade.

É absurda a opinião segundo a qual as diferentes faculdades intelectuais e morais do homem seriam o produto de outros tantos Espíritos  diversos, nele encarnados, tendo cada qual uma aptidão especial. O Espírito deve ter todas as aptidões. Para poder progredir, necessita de uma vontade única.

Se o homem fosse um amálgama de Espíritos, essa vontade não existiria e ele não teria individualidade, pois, na sua morte, todos esses Espíritos seriam como um bando de pássaros livres da gaiola.

     O homem se queixa muitas vezes de não compreender algumas coisas, mas é curioso ver-se como ele multiplica as dificuldades, quando tem em mãos uma explicação muito simples e natural. Isso é ainda tomar o efeito pela causa; fazer com o homem o que os pagãos faziam com Deus. Eles criam em tantos deuses quantos os fenômenos do universo. Mas, mesmo entre eles, as pessoas sensatas não viam nesses fenômenos mais do que efeitos, tendo por causa um Deus único.

 Comentário de KardecO mundo físico e o mundo moral nos oferecem, a respeito, numerosos pontos de comparação. Acreditou-se na multiplicidade da matéria, enquanto o exame se detinha na aparência dos fenômenos; hoje, compreende-se que esses fenômenos tão variados podem não ser mais do que modificações de uma matéria elementar única. As diversas faculdades são manifestações de uma mesma causa que é a alma, ou do Espírito encarnado, e não de muitas almas, como os diferentes sons do órgão são produtos de uma mesma espécie de ar, e não de tantas espécies de ar quantos forem os sons. Desse sistema resultaria que, quando um homem perde ou adquire certas aptidões, certas tendências, isso significa que outros tantos Espíritos o possuíram ou deixaram, o que o tornaria um ser múltiplo, sem individualidade e, consequentemente, sem responsabilidade. Isto, além do mais, é contraditado pelos tão numerosos exemplos de manifestações em que os Espíritos provam sua personalidade e sua identidade.


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