LIVRO
SEGUNDO
MUNDO
ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS
CAPÍTULO
VI– VIDA ESPÍRITA
II- Mundos Transitórios
(Questões 234 à 236)
Existem, como foi dito, mundos que servem de estações ou de lugares de
repouso aos Espíritos errantes.
Há mundos
particularmente destinados aos seres errantes, mundos que eles podem habitar
temporariamente, espécie de acampamentos, de lugares em que possam repousar de erraticidade
muito longas, que são sempre um pouco penosas. São posições intermediárias entre
os mundos, graduados de acordo com a natureza dos Espíritos que podem
atingi-los, e que neles gozam de maior ou menor bem-estar.
Os Espíritos que habitam esses mundos podem deixá-los à vontade, pois os
Espíritos que se encontram nesses mundos podem deixá-los, para seguir o seu
destino. Figurai-os como aves de arribação descendo numa ilha, para recuperarem
suas forças e seguirem avante.
Os Espíritos progridem durante essas estações nos mundos transitórios.
Os que assim se reúnem têm o fito de se instruírem e poder mais facilmente
obter a permissão de ir a lugares melhores até chegar à posição dos eleitos.
Os mundos transitórios não são, por sua natureza especial, perpetuamente
destinados aos Espíritos errantes, pois que sua posição é
apenas temporária.
Eles não são ao mesmo tempo habitados por seres corpóreos, pois sua
superfície é estéril. Os que os habitam não precisam de nada.
Essa esterilidade não é permanente e se não liga à sua natureza
especial. São estéreis transitoriamente.
Não se pode dizer que esses mundos seriam, então, desprovidos de
belezas naturais. A Natureza se traduz, pelas belezas da imensidade,
que não são menos admiráveis do que as que chamais belezas naturais.
Sendo transitório o estado desses mundos, a Terra não terá um dia de
estar entre eles, pois que já
esteve, na época durante a sua formação.
Comentário de Kardec: Nada existe de inútil na Natureza: cada coisa
tem a sua finalidade, a sua destinação; nada é vazio, tudo é habitado, a vida
se expande por toda parte. Assim, durante a longa série de séculos que se
escoou antes da aparição do homem sobre a Terra, durante os lentos períodos de
transição atestados pelas camadas geológicas, antes mesmo da formação dos
primeiros seres orgânicos, sobre essa massa informe, nesse árido caos em que os
elementos se confundiam, não havia ausência de vida. Seres que não tinham as
nossas necessidades, nem as nossas sensações físicas, ali encontravam refúgio.
Deus quis que, mesmo nesse estado imperfeito, ela servisse para alguma coisa.
Quem, pois, ousaria dizer que, entre os bilhões de mundos que circulam na
imensidade, apenas um, e um dos menores, perdido na multidão, teve o privilégio
exclusivo de ser povoado? Qual seria a utilidade dos outros? Deus só os teria
feito para recrear os nossos olhos? Suposição absurda, incompatível com a
sabedoria que brilha em todas as suas obras, inadmissíveis quando se pensa em
todas as que não podemos perceber.
Ninguém poderá negar que há, nesta ideia dos
mundos ainda impróprios para a vida material, e, entretanto, povoados de seres
apropriados ao seu estado, alguma coisa de grande e sublime, onde talvez se
encontre a solução de mais de um problema.
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