I – Destruição Necessária e Destruição Abusiva -AS LEIS MORAIS CAPÍTULO VI- LEI DE DESTRUIÇÃO

LIVRO TERCEIRO
AS LEIS MORAIS
CAPÍTULO VI- LEI DE DESTRUIÇÃO
I – Destruição Necessária e Destruição Abusiva
(Questão 728 a 736)

  A destruição é uma lei da Natureza pois que é necessário que tudo se destrua para renascer e se regenerar porque isso a que chamais destruição não é mais que transformação, cujo objetivo é a renovação e o melhoramento dos seres vivos.

      As criaturas de Deus são os instrumentos de que ele se serve para atingir os seus fins. Para se nutrirem, os seres vivos se destroem entre si e isso com o duplo objetivo de manter o equilíbrio da reprodução, que poderia tornar-se excessiva, e de utilizar os restos do invólucro exterior. Mas é apenas o invólucro que é destruído e esse não é mais que acessório, não a parte essencial do ser pensante, pois este é o princípio inteligente indestrutível que se elabora através das diferentes metamorfoses por que passa.
    
A destruição é necessária para a regeneração dos seres, por isso, a Natureza os cerca de meios de preservação e conservação a fim de evitar a destruição antes do tempo necessário. Toda destruição  antecipada entrava o desenvolvimento do princípio inteligente. Foi por isso que Deus deu a cada ser a necessidade de viver e de se reproduzir.

Desde que a morte deve conduzir-nos a uma vida melhor, e que nos livra dos males deste mundo, sendo mais de se desejar do que de se temer, o homem tem por ela um horror instintivo que a torna motivo de apreensão porque o deve procurar prolongar a sua vida para cumprir a sua tarefa. Foi por isso que Deus lhe deu o instinto de conservação e esse instinto o sustenta nas suas provas; sem isso, muito frequentemente ele se entregaria ao desânimo. A voz secreta que o faz repelir a morte lhe diz que ainda pode fazer alguma coisa pelo seu adiantamento. Quando um perigo o ameaça, ela o adverte de que deve aproveitar o tempo que Deus lhe concede, mas o ingrato rende geralmente graças à sua estrela, em lugar do Criador.

Ao lado dos meios de conservação, a Natureza colocou ao mesmo tempo os agentes destruidores pois que o remédio ao lado do mal é necessário para manter o equilíbrio e servir de contrapeso.

A necessidade de destruição em todos os mundos, é proporcional ao estado mais ou menos material dos mundos e desaparece num estado físico e moral mais apurado. Nos mundos mais avançados que o vosso, as condições de existência são muito diferentes.

A necessidade de destruição entre os homens na Terra diminui entre os homens à medida que o Espírito supera a matéria; é por isso que ao horror da destruição vedes seguir-se o desenvolvimento intelectual e moral.

O estado atual do homem com relação ao seu direito em relação à destruição sobre os animais, é regulado pela necessidade de prover à sua alimentação e à sua segurança; o abuso jamais foi um direito.

Deve-se pensar sobre a destruição que ultrapassa os limites das necessidades e da segurança; da caça, por exemplo, quando não tem por objetivo senão o prazer de destruir, sem utilidade como predominância da bestialidade sobre a natureza espiritual. Toda destruição que ultrapassa os limites da necessidade é uma violação da lei de Deus. Os animais não destroem mais do que necessitam, mas o homem, que tem o livre-arbítrio, destrói sem necessidade. Prestará contas do abuso da liberdade que lhe foi concedida, pois nesses casos ele cede aos maus instintos.

Os povos que levam ao excesso o escrúpulo no tocante à destruição dos animais é um excesso, num sentimento que em si mesmo é louvável, mas que se torna abusivo e cujo mérito acaba neutralizado por abusos de toda espécie. Eles têm mais temor supersticioso do que verdadeira bondade.



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