LIVRO
PRIMEIRO
AS
CAUSAS PRIMÁRIAS
CAPÍTULO
I - DEUS
O homem NÃO pode compreender a natureza íntima de Deus, para
tanto, falta-lhe um sentido.
Só será um dia ao homem compreender o mistério da Divindade, quando
o seu espírito não estiver mais obscurecido pela matéria e, pela sua perfeição,
tiver se aproximado dela, então a verá e compreenderá.
“A
inferioridade das faculdades do homem não lhe permite compreender a natureza
intima de Deus. Na infância da Humanidade, o homem o confunde muitas vezes com
a criatura, cujas imperfeições lhe atribui; mas, à medida que o seu senso moral
se desenvolve, seu pensamento penetra melhor o fundo das coisas e ele faz
então, a seu respeito, uma ideia mais justa e mais conforme com a boa razão
embora sempre incompleta. ”
Embora não possamos compreender a natureza íntima de Deus, podemos ter
uma ideia de algumas de suas perfeições. O homem se
compreende melhor, à medida que se eleva sobre a matéria; ele as entrevê pelo
pensamento.
Dentro do ponto de vista do homem, que acredita abranger tudo, diz-se que
se pode ter uma ideia completa de Deus, enquanto eterno, infinito, imutável,
imaterial, único, todo-poderoso, soberanamente justo e bom. Entretanto, ficai
sabendo que há coisas acima da inteligência do homem mais inteligente, e para
as quais a vossa linguagem, limitada às vossas ideias e às vossas sensações,
não dispõe de expressões.
A razão vos
diz que Deus deve ter essas perfeições em grau supremo, pois, se tivesse uma de
menos, ou que não fosse em grau infinito, não seria superior a tudo, e, por
conseguinte, não seria Deus. Para estar acima de todas as coisas, Deus não deve
estar sujeito a vicissitudes e não pode ter nenhuma das imperfeições que a
imaginação é capaz de conceber.
Comentário de Kardec:
“Deus é ETERNO. Se ele tivesse tido um
começo, teria saído do nada, ou então, teria sido criado por um ser anterior. É
assim que, pouco a pouco, remontamos ao infinito e à eternidade. ”
É IMUTÁVEL. Se ele estivesse sujeito a mudanças, as leis que
regem o Universo não teriam nenhuma estabilidade.
É IMATERIAL. Quer dizer, sua natureza difere de tudo o que chamamos matéria, pois de
outra forma ele não seria imutável, estando sujeito às transformações da
matéria.
É ÚNICO. Se houvesse muitos Deuses, não haveria unidade de vistas nem de poder na
organização do Universo.
É TODO-PODEROSO. Porque é único. Se não tivesse o poder soberano, haveria alguma coisa
mais poderosa ou tão poderosa quanto ele, que assim não teria feito todas as
coisas. E aquelas que ele não tivesse feito seriam obras de um outro Deus.
É
SOBERANAMENTE JUSTO E BOM. A sabedoria providencial
das leis divinas se revela nas menores como nas maiores coisas, e esta
sabedoria não nos permite duvidar da sua justiça, nem da sua bondade.
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