sábado, 12 de julho de 2014

II-Espírito e Matéria, O Livro dos Espíritos, Allan Kardec - LIVRO PRIMEIRO - CAPÍTULO II: ELEMENTOS GERAIS DO UNIVERSO, II-Espírito e Matéria

LIVRO PRIMEIRO
AS CAUSAS PRIMÁRIAS
CAPÍTULO II – ELEMENTOS GERAIS DO UNIVERSO
II-Espírito e Matéria
(Da questão 21 à 27)

Só Deus sabe se a matéria existe desde toda a eternidade, como Ele, ou se foi criada por Ele num certo momento. Há, entretanto, uma coisa que a vossa razão vos deve indicar: é que Deus, modelo de amor e de caridade, jamais esteve inativo.

Qualquer que seja a distância a que possais imaginar o início da Sua ação, podereis compreendê-lo um segundo na ociosidade?

Do ponto de vista do homem, pode-se definir com exatidão a matéria, como aquilo que tem extensão, pode impressionar os sentidos e é impenetrável, uma vez que só falais daquilo que conheceis.

Mas a matéria existe em estados que não percebeis. Ela pode ser, por exemplo tão etérea e sutil que não produza nenhuma impressão nos vossos sentidos: entretanto, será sempre matéria, embora não o seja para vós.

A matéria pode ser definida pelo homem, como o liame que escraviza o espírito; é o instrumento que ele usa, e sobre o qual, ao mesmo tempo, exerce a sua ação.

Comentário de Kardec: "De acordo com isto, pode-se dizer que a matéria é o agente, o intermediário com a ajuda do qual e sobre o qual o espírito atua.
O espírito é o princípio inteligente do universo."

Não é fácil analisar e conhecer a sua natureza íntima do espírito na vossa linguagem. Para vós, ele não é nada, porque não é coisa palpável; mas, para nós, é alguma coisa.

Ficai sabendo: nenhuma coisa é o nada e o nada não existe.

Para o homem, Espírito e Inteligência se confundem num princípio comum, de maneira que, para vós, são uma e a mesma coisa, tornando-se sob esse ponto de vista, sinônimo de inteligência. Porém, a inteligência é um atributo essencial do espírito, e não o espírito em si.

O espírito é independente da matéria, são distintos mas, é necessária a união do espírito e da matéria para dar inteligência a esta.

Sendo o espírito entendido pelos homens, como o princípio da inteligência, abstração feita das individualidades designadas por esse nome, esta união entre a matéria e o espírito, é igualmente necessária para a manifestação do espírito, porque não estais organizados para perceber o espírito sem a matéria, uma vez que, vossos sentidos não foram feitos para isso.

Haveria, assim, dois elementos gerais do Universo: a matéria e o espírito, e acima de ambos, Deus, o criador, o pai de todas as coisas. Essas três coisas são o princípio de tudo o que existe, a trindade universal. Mas ao elemento material é necessário ajuntar o fluido universal, que exerce o papel de intermediário entre o espírito e a matéria propriamente dita, demasiado grosseira para que o espírito possa exercer alguma ação sobre ela.

Embora, de certo ponto de vista, se pudesse considerá-lo como elemento material, ele se distingue por propriedades especiais. Se fosse simplesmente matéria não haveria razão para que o espírito não o fosse também.

Ele está colocado entre o espírito e a matéria; é fluido, como a matéria e matéria; suscetível em suas inumeráveis combinações com esta, e sob a ação do espírito de produzir infinita variedade de coisas, das quais não conheceis mais do que uma ínfima parte.
Esse fluido universal, ou primitivo, ou elementar, sendo o agente de que o espírito se serve, é o princípio sem o qual a matéria permaneceria em perpétuo estado de dispersão, e não adquiriria jamais as propriedades que a gravidade lhe dá.

Esse fluido  universal é suscetível de inumeráveis combinações. O que chamais fluido elétrico, fluido magnético, são modificações do fluido universal, que é, propriamente falando, uma matéria mais perfeita, mais sutil, que se pode considerar como independente.

As palavras para designar esses dois elementos gerais pouco importam. Cabe a vós formular a vossa linguagem, de maneira a vos entenderdes. Vossas disputas provêm, quase sempre, de não vos entenderdes sobre as palavras. Porque a vossa linguagem é incompleta para as cosias que não vos tocam os sentidos.

Comentário de Kardec: “Um fato patente domina todas as hipóteses: vemos matéria sem inteligência e um princípio inteligente independente da matéria. A origem e a conexão dessas duas coisas nos sãos desconhecidos. Que elas tenham ou não uma fonte comum e os pontos de contato necessários; que a inteligência tenha existência própria, ou que seja uma propriedade, um efeito; que seja, mesmo, segundo a opinião de alguns, uma emanação da Divindade, — é o que ignoramos. Elas nos aparecem distintas, e é por isso que a consideramos formando dois princípios constituintes do Universo. Vemos, acima de tudo isso, uma inteligência que domina todas as outras, que as governa, que delas se distingue por atributos essenciais: é a esta inteligência suprema que chamamos Deus.


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