LIVRO
PRIMEIRO
AS
CAUSAS PRIMÁRIAS
CAPÍTULO
II – ELEMENTOS GERAIS DO
UNIVERSO
II-Espírito e Matéria
(Da questão 21 à 27)
Só Deus sabe se a matéria existe desde toda a eternidade, como Ele, ou se
foi criada por Ele num certo momento. Há,
entretanto, uma coisa que a vossa razão vos deve indicar: é que Deus, modelo de
amor e de caridade, jamais esteve inativo.
Qualquer que
seja a distância a que possais imaginar o início da Sua ação, podereis
compreendê-lo um segundo na ociosidade?
Do ponto de
vista do homem, pode-se definir com exatidão a matéria, como aquilo que tem extensão, pode impressionar os sentidos e é
impenetrável, uma vez que só falais daquilo que conheceis.
Mas a
matéria existe em estados que não percebeis. Ela pode ser, por exemplo tão etérea
e sutil que não produza nenhuma impressão nos vossos sentidos: entretanto, será
sempre matéria, embora não o seja para vós.
A matéria pode ser definida pelo homem, como o
liame que escraviza o espírito; é o instrumento que ele usa, e sobre o qual, ao
mesmo tempo, exerce a sua ação.
Comentário de Kardec: "De acordo
com isto, pode-se dizer que a matéria é o agente, o intermediário com a ajuda
do qual e sobre o qual o espírito atua.
O espírito é o princípio inteligente do universo."
Não é fácil
analisar e conhecer a sua natureza íntima do espírito na vossa linguagem. Para
vós, ele não é nada, porque não é coisa palpável; mas, para nós, é alguma
coisa.
Ficai
sabendo: nenhuma coisa é o nada e o nada não existe.
Para o
homem, Espírito e Inteligência se confundem num princípio comum, de maneira
que, para vós, são uma e a mesma coisa, tornando-se sob esse ponto de vista,
sinônimo de inteligência. Porém, a inteligência é um atributo essencial do
espírito, e não o espírito em si.
O espírito é independente da matéria, são distintos mas,
é necessária a união do espírito e da matéria para dar inteligência a esta.
Sendo o espírito entendido pelos homens, como o
princípio da inteligência, abstração feita das individualidades designadas por
esse nome, esta união entre a matéria e o espírito, é igualmente necessária para
a manifestação do espírito, porque não estais organizados para perceber
o espírito sem a matéria, uma vez que, vossos sentidos não foram feitos para
isso.
Haveria, assim, dois elementos gerais do Universo: a matéria e o espírito,
e acima de ambos, Deus, o criador, o pai de todas
as coisas. Essas três coisas são o princípio de tudo o que existe, a trindade
universal. Mas ao elemento material é necessário ajuntar o fluido universal,
que exerce o papel de intermediário entre o espírito e a matéria propriamente
dita, demasiado grosseira para que o espírito possa exercer alguma ação sobre
ela.
Embora, de
certo ponto de vista, se pudesse considerá-lo como elemento material, ele se
distingue por propriedades especiais. Se fosse simplesmente matéria não haveria
razão para que o espírito não o fosse também.
Ele está
colocado entre o espírito e a matéria; é fluido, como a matéria e matéria;
suscetível em suas inumeráveis combinações com esta, e sob a ação do espírito
de produzir infinita variedade de coisas, das quais não conheceis mais do que
uma ínfima parte.
Esse fluido
universal, ou primitivo, ou elementar, sendo o agente de que o espírito se
serve, é o princípio sem o qual a matéria permaneceria em perpétuo estado de
dispersão, e não adquiriria jamais as propriedades que a gravidade lhe dá.
Esse fluido universal é
suscetível de inumeráveis combinações. O que chamais fluido elétrico, fluido
magnético, são modificações do fluido universal, que é, propriamente falando,
uma matéria mais perfeita, mais sutil, que se pode considerar como
independente.
As palavras para designar esses dois elementos gerais pouco importam. Cabe a vós formular a vossa linguagem, de maneira a vos entenderdes. Vossas
disputas provêm, quase sempre, de não vos entenderdes sobre as palavras. Porque
a vossa linguagem é incompleta para as cosias que não vos tocam os sentidos.
Comentário
de Kardec:
“Um fato patente domina todas as hipóteses: vemos matéria sem inteligência e um
princípio inteligente independente da matéria. A origem e a conexão dessas duas
coisas nos sãos desconhecidos. Que elas tenham ou não uma fonte comum e os
pontos de contato necessários; que a inteligência tenha existência própria, ou
que seja uma propriedade, um efeito; que seja, mesmo, segundo a opinião de
alguns, uma emanação da Divindade, — é o que ignoramos. Elas nos aparecem
distintas, e é por isso que a consideramos formando dois princípios
constituintes do Universo. Vemos, acima de tudo isso, uma inteligência que
domina todas as outras, que as governa, que delas se distingue por atributos
essenciais: é a esta inteligência suprema que chamamos Deus.
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