domingo, 27 de julho de 2014

IX - Ideias Inatas, O Livro dos Espíritos, Allan Kardec ,CAPÍTULO IV: Pluralidade das Existências- LIVRO SEGUNDO

LIVRO SEGUNDO
MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS
CAPÍTULO IV– PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS
IX – Ideias Inatas
(Questões 218 à 221)

O Espírito encarnado conserva uma vaga lembrança de algum traço das vitórias que obteve e dos conhecimentos que adquiriu nas existências anteriores, que lhe dá o que chamamos ideias inatas.
 A teoria das ideias inatas não é quimérica, pois os conhecimentos adquiridos em cada existência não se perdem; o Espírito, liberto da matéria, sempre se recorda. Durante a encarnação pode esquecê-lo em parte, momentaneamente, mas a intuição que lhe fica ajuda o seu adiantamento. Sem isso, ele sempre teria de recomeçar. A cada nova existência, o Espírito toma como ponto de partida aquele em que se achava na precedente.

 Nem sempre há uma grande conexão entre duas existências sucessivas, como podias pensar, porque as posições são quase sempre muito diferentes, e no intervalo de ambas o Espírito pode progredir.

A a origem das faculdades extraordinárias dos indivíduos que, sem estudo prévio, parecem ter a intuição de certos conhecimentos, como as línguas, o cálculo etc. está nas lembranças do passado; progresso anterior da alma, mas do qual     ela mesma não tem consciência. De onde queres que elas venham? Os corpos mudam, mas o Espírito não muda, embora troque a vestimenta.

Com a mudança dos corpos, podem perder-se certas faculdades intelectuais, deixando-se de ter, por exemplo, o gosto pelas artes, desde que se tenha desonrado essa faculdade, empregando-a mal. Uma faculdade pode, também, ficar adormecida durante uma existência, porque o Espírito quer exercer outra que não se relaciona com ela. Nesse caso, permanece em estado latente, para reaparecer mais tarde.

A lembrança retrospectiva que deve o homem, mesmo no estado de selvagem, o sentimento instintivo da existência de Deus e o pressentimento da vida futura, é uma lembrança que ele conserva daquilo que sabia como Espírito, antes de encarnar; mas o orgulho frequentemente abafa esse sentimento.

E à mesma lembrança que se devem certas crenças relativas à doutrina espírita, que se encontram em todos os povos, pois esta  doutrina é tão antiga quanto o mundo. É por isso que a encontramos por toda parte, e é esta uma prova da sua veracidade. O Espírito encarnado, conservando a intuição do seu estado de Espírito, tem a consciência instintiva do mundo invisível. Mas quase sempre ela é falseada pelos preconceitos, e a ignorância mistura a ela a superstição.

Os Espíritos aludem à eternidade espiritual da doutrina, de sua permanente projeção na Terra. Mas devemos distinguir entre as suas manifestações falseadas, no passado, e a manifestação pura que se encontra neste livro. Os traços da doutrina espírita marcam o roteiro da evolução humana na Terra, mas só com este livro ela se apresentou definida e completa. Por isso, o Espiritismo é, na Terra, uma doutrina moderna. (N. do T.)



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