quarta-feira, 16 de julho de 2014

VII- Progressão dos Espíritos, O Livro dos Espíritos, Allan Kardec - LIVRO SEGUNDO - CAPÍTULO I-DOS ESPÍRITOS,

LIVRO SEGUNDO
MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS
CAPÍTULO I– DOS ESPÍRITOS
VII- Progressão dos Espíritos
(Questão 114 à 127)

São os Espíritos mesmos que se melhoram; melhorando-se, passam de uma ordem inferior para uma superior.

Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, ou seja, sem conhecimento. Deu a cada um deles uma missão, com o fim de os esclarecer e progressivamente conduzir à perfeição, pelo conhecimento da verdade e para os aproximar dele. A felicidade eterna e sem perturbações, eles a encontrarão nessa perfeição.

Os Espíritos adquirem, o conhecimento passando pelas provas que Deus lhes impõe. Uns aceitam essas provas com submissão e chegam mais prontamente ao seu destino; outros não conseguem sofrê-las sem lamentação, e assim permanecem, por sua culpa, distanciados da perfeição e da felicidade prometida.

Segundo isto, os Espíritos, na sua origem, se assemelham a crianças, ignorantes e sem experiência, mas adquirindo pouco a pouco os conhecimentos que lhes faltam, ao percorrer as diferentes fases da vida; é uma comparação justa; a criança rebelde permanece ignorante e imperfeita; seu menor ou maior aproveitamento depende da sua docilidade. Mas a vida do homem tem fim, enquanto a dos Espíritos se estende ao infinito.
 Não há Espíritos que ficarão perpetuamente nas classes inferiores; todos se tomarão perfeitos. Eles mudam, embora devagar, porque, como já dissemos uma vez, um pai justo e misericordioso não pode banir eternamente os seus filhos. Querias que Deus, tão grande, tão justo e tão bom, fosse pior que vós mesmos?

 Só depende dos Espíritos apressar o seu avanço para a perfeição.Eles chegam mais ou menos rapidamente, segundo o seu desejo e a sua submissão à vontade de Deus. Uma criança dócil não se instrui mais depressa que uma rebelde?

 Os Espíritos nunca podem degenerar.À medida que avançam, compreendem o que os afasta da perfeição. Quando o Espírito concluiu uma prova, adquiriu conhecimento e não mais o perde. Pode permanecer estacionário, mas não retrogradar.

Deus não poderia livrar os Espíritos das provas que devem sofrer para chegar à primeira ordem. Se eles tivessem sido criados perfeitos, não teriam merecimento para gozar os benefícios dessa perfeição. Onde estaria o mérito sem a luta? De outro lado, a desigualdade existente entre eles é necessária à sua personalidade, e a missão que lhes cabe nos diferentes graus está nos desígnios da Providência, com vistas à harmonia do Universo.

 Comentário de Kardec: Como, na vida social, todos os homens podem chegar aos primeiros postos, também poderíamos perguntar por que motivo o soberano de um país não faz, de cada um dos seus soldados, um general; por que todos os empregados subalternos não são superiores; por que todos os alunos não são professores. Ora, entre a vida social e a espiritual, existe ainda a diferença de que a primeira é limitada e nem sempre permite a escalada de todos os seus degraus, enquanto a segunda é indefinida e deixa a cada um a possibilidade de se elevar ao posto supremo.

 Todos os Espíritos passam pela ignorância até chegar ao bem, mas não necessariamente passam pela fieira do mal.

Alguns Espíritos seguiram o caminho do bem, e outros, o do mal, porque gozam eles do livre-arbítrio; Deus não criou Espíritos maus; criou-os simples e ignorantes, ou seja, tão aptos para o bem quanto para o mal; os que são maus, assim se tornaram por sua vontade. 

Mesmo os Espíritos, em sua origem, não tendo a consciência de si mesmos, têm a liberdade de escolher entre o bem e o mal. O livre-arbítrio se desenvolve à medida que o Espírito adquire consciência de si mesmo. Não haveria Uberdade, se a escolha fosse provocada por uma causa estranha à vontade do Espírito. A causa não está nele, mas no exterior, nas influências a que ele cede em virtude de sua espontânea vontade. Esta é a grande figura da queda do homem e do pecado original: uns cederam à tentação e outros a resistiram.

As influências que se exercem sobre ele veem dos Espíritos imperfeitos que procuram envolvê-lo e dominá-lo, e que ficam felizes de afazer sucumbir. Foi o que se quis representar na figura de Satanás.

Esta influência se exerce sobre o Espírito em toda a sua vida, até que ele tenha de tal maneira adquirido o domínio de si mesmo que os maus desistam de obsedá-lo.

Como ousais pedir a Deus conta dos seus atos? Pensais poder penetraras seus desígnios? Entretanto, podeis dizer: A sabedoria de Deus se encontra na Uberdade de escolha que concede a cada um, porque assim cada um tem o mérito de suas obras.
Havendo Espíritos que, desde o princípio, seguem o caminho do bem absoluto, e outros, o do mal absoluto, haverá gradações, sem dúvida, entre esses dois extremos, e constituem a grande maioria.

Os Espíritos que seguiram o caminho do mal poderão chegar ao mesmo grau de superioridade que os outros, mas as eternidades serão mais longas para eles.

 Comentário de Kardec: Por essa expressão, as eternidades, devemos entender a ideia que os Espíritos inferiores fazem da perpetuidade dos seus sofrimentos, cujo termo não lhes é dado ver. Essa ideia se renova em todas as provas nas quais sucumbem.

 Os Espíritos que chegam ao supremo grau, depois de passarem pelo mal, não têm menos mérito que os outros aos olhos de Deus. Deus contempla os extraviados com o mesmo olhar, e os amam a todos do mesmo modo. Eles são chamados maus porque sucumbiram; antes, não eram mais que simples Espíritos.

 Os Espíritos são criados iguais quanto às faculdades intelectuais, mas não sabendo de onde vêm, é necessário que o livre-arbítrio se desenvolva. Progridem mais ou menos rapidamente, tanto em inteligência como em moralidade.

Comentário de Kardec:  Os Espíritos que seguem desde o princípio o caminho do bem nem por isso são Espíritos perfeitos; se não têm más tendências, não estão menos obrigados a adquirir a experiência e os conhecimentos necessários à perfeição. Podemos compará-los a crianças que, qualquer que seja a bondade dos seus instintos naturais têm necessidade de desenvolver-se, de esclarecer-se e não chegam sem transição da infância à maturidade. Assim como temos homens que são bons e outros que são maus desde a infância, há Espíritos que são bons ou maus desde o princípio com a diferença capital de que a criança traz os seus instintos formados, enquanto o Espírito na sua formação, não possui mais maldade que bondade. Ele tem todas as tendências, e toma uma direção ou outra em virtude do seu livre-arbítrio.


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