domingo, 2 de novembro de 2014

VI- Influência do Espiritismo no Progresso- O Livro dos Espíritos, Allan Kardec-LIVRO TERCEIRO -CAPÍTULO VIII -LEI DO PROGRESSO

LIVRO TERCEIRO
AS LEIS MORAIS
CAPÍTULO VIII- LEI DO PROGRESSO
VI- Influência do Espiritismo no Progresso
(Questão 798 à 802)

Certamente, o Espiritismo se tornará uma crença comum e marcará uma nova era na História da Humanidade, porque pertence à Natureza e chegou o tempo em que deve tomar lugar entre os conhecimentos humanos.

Haverá, entretanto grandes lutas a sustentar, mais contra os interesses do que contra a convicção porque não se pode dissimular que há pessoas interessadas em combatê-lo, umas por amor-próprio e outras por motivos puramente materiais. Mas os seus contraditares, ficando cada vez mais isolados, serão afinal forçados a pensar como todos os outros, sob pena de se tornarem ridículos.

Comentário de Kardec: As ideias só se transformam com o tempo e não subitamente; elas se enfraquecem de geração em geração e acabam por desaparecer com os que as professavam e que são substituídos por outros indivíduos imbuídos de novos princípios, como se verifica com as ideias políticas. Vede o paganismo; não há ninguém, certamente que professe hoje as ideias religiosas daquele tempo; não obstante, muitos séculos depois do advento do Cristianismo, ainda haviam deixado traços que somente a completa renovação das raças pôde apagar. O mesmo acontecerá com o Espiritismo; ele faz muito progresso, mas haverá ainda, durante duas ou três gerações, um fenômeno de incredulidade que só o tempo fará desaparecer. Contudo, sua marcha será mais rápida que a do Cristianismo porque é o próprio Cristianismo que lhe abre as vias sobre as quais ele se desenvolvera. O Cristianismo tinha que destruir; o Espiritismo só tem que construir(1)

O Espiritismo pode contribuir para o progresso destruindo o materialismo, que é uma das chagas da sociedade, ele faz os homens compreenderem onde está o seu verdadeiro interesse. A ‘vida futura não estando mais velada pela dúvida, o homem compreenderá melhor que pode assegurar o seu futuro através do presente. Destruindo os preconceitos de seita, de casta e de cor, ele ensina aos homens a grande solidariedade que os deve unir como irmãos.

Temer que o Espiritismo não consiga vencer a indiferença dos homens e o seu apego às coisas materiais seria conhecer bem pouco os homens, pensar que uma causa qualquer pudesse transformá-los como por encanto.

As ideias se modificam pouco a pouco, com os indivíduos, e são necessárias gerações para que se apaguem completamente os traços dos velhos hábitos.

A transformação, portanto, não pode operar-se a não ser com o tempo, gradualmente, pouco a pouco. Em cada geração uma parte do véu se dissipa.

O Espiritismo vem rasgá-lo de uma vez; mas mesmo que só tivesse o efeito de corrigir um homem de um só dos seus defeitos, isso seria um passo que ele afaria dar e por isso um grande bem, porque esse primeiro passo lhe tornaria os outros mais fáceis.

Os Espíritos não ensinaram desde todos os tempos o que ensinam hoje pois que não ensinais às crianças o que ensinais aos adultos e não dais ao recém-nascido um alimento que ele não possa digerir. Cada coisa tem o seu tempo.

Eles ensinaram muitas coisas que os homens não compreenderam ou desfiguraram, mas que atualmente podem compreender. Pelo seu ensinamento, mesmo incompleto, prepararam o terreno para receber a semente que vai agora frutificar.

Desde que o Espiritismo deve marcar um progresso da Humanidade, deve-se saber que os Espíritos não apressam esse progresso através de manifestações tão gerais e patentes que pudessem levar a convicção aos mais incrédulos porque desejaríeis milagres, mas Deus os semeia a mancheias nos vossos passos e tendes ainda homens que os negam. O Cristo, ele próprio, convenceu os seus contemporâneos com os prodígios que realizou? Não vedes ainda hoje os homens negarem os fatos mais patentes que se passam aos seus olhos? Não tendes os que não acreditariam, mesmo quando vissem? Não, não é por meio de prodígios que Deus conduzirá os homens. Na sua bondade, ele quer deixar-lhes o mérito de se convencerem através da razão.




(1) O transcurso do primeiro século do Espiritismo, a 18 de abril de 1957  veio confirmar plenamente essa extraordinária previsão de Kardec. No primeiro século do seu desenvolvimento o Cristianismo era ainda uma seita obscura e terrivelmente perseguida. Somente nos fins do terceiro século atingiu as proporções de desenvolvimento e universalização que o Espiritismo apresenta no seu primeiro século. A marcha do Espiritismo se fez com muito maior rapidez e sua vitória brilhará mais rápida do que se espera. (N. do T.)


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