LIVRO
TERCEIRO
AS
LEIS MORAIS
CAPÍTULO
VIII- LEI DO PROGRESSO
VI- Influência do
Espiritismo no Progresso
(Questão 798 à 802)
Certamente, o Espiritismo se tornará uma crença
comum e marcará uma nova era na
História da Humanidade, porque pertence à Natureza e chegou o tempo em que
deve tomar lugar entre os conhecimentos humanos.
Haverá, entretanto
grandes lutas a sustentar, mais contra os interesses do que contra a
convicção porque não se pode dissimular que há pessoas interessadas
em combatê-lo, umas por amor-próprio e outras por motivos puramente
materiais. Mas os seus contraditares, ficando cada vez mais isolados,
serão afinal forçados a pensar como todos os outros, sob pena de se
tornarem ridículos.
Comentário de Kardec: As ideias só se transformam com o tempo e não subitamente; elas
se enfraquecem de geração em geração e acabam por desaparecer com os que as
professavam e que são substituídos por outros indivíduos imbuídos de novos
princípios, como se verifica com as ideias políticas. Vede o paganismo; não há
ninguém, certamente que professe hoje as ideias religiosas daquele tempo; não
obstante, muitos séculos depois do advento do Cristianismo, ainda haviam
deixado traços que somente a completa renovação das raças pôde apagar. O mesmo
acontecerá com o Espiritismo; ele faz muito progresso, mas haverá ainda,
durante duas ou três gerações, um fenômeno de incredulidade que só o tempo fará
desaparecer. Contudo, sua marcha será mais rápida que a do Cristianismo porque
é o próprio Cristianismo que lhe abre as vias sobre as quais ele se
desenvolvera. O Cristianismo tinha que destruir; o Espiritismo só tem que
construir(1).
O Espiritismo pode contribuir para o progresso destruindo o materialismo, que é uma das chagas da sociedade,
ele faz os homens compreenderem onde está o seu verdadeiro interesse. A
‘vida futura não estando mais velada pela dúvida, o homem compreenderá
melhor que pode assegurar o seu futuro através do presente. Destruindo
os preconceitos de seita, de casta e de cor, ele ensina aos homens a
grande solidariedade que os deve unir como irmãos.
Temer que o Espiritismo não consiga vencer a
indiferença dos homens e o seu apego às coisas materiais seria conhecer bem pouco os homens, pensar que uma causa qualquer pudesse
transformá-los como por encanto.
As
ideias se modificam pouco a pouco, com os indivíduos, e são necessárias
gerações para que se apaguem completamente os traços dos velhos hábitos.
A
transformação, portanto, não pode operar-se a não ser com o tempo,
gradualmente, pouco a pouco. Em cada geração uma parte do véu se dissipa.
O
Espiritismo vem rasgá-lo de uma vez; mas mesmo que só tivesse o efeito de
corrigir um homem de um só dos seus defeitos, isso seria um passo que ele
afaria dar e por isso um grande bem, porque esse primeiro passo lhe
tornaria os outros mais fáceis.
Os Espíritos não ensinaram desde todos os tempos o
que ensinam hoje pois que não ensinais às crianças o que
ensinais aos adultos e não dais ao recém-nascido um alimento que ele não
possa digerir. Cada coisa tem o seu tempo.
Eles
ensinaram muitas coisas que os homens não compreenderam ou desfiguraram,
mas que atualmente podem compreender. Pelo seu ensinamento, mesmo incompleto,
prepararam o terreno para receber a semente que vai agora frutificar.
Desde que o Espiritismo deve marcar um progresso da
Humanidade, deve-se saber que os Espíritos não apressam esse progresso através
de manifestações tão gerais e patentes que pudessem levar a convicção aos mais
incrédulos porque desejaríeis milagres, mas Deus os
semeia a mancheias nos vossos passos e tendes ainda homens que os negam. O
Cristo, ele próprio, convenceu os seus contemporâneos com os prodígios que
realizou? Não vedes ainda hoje os homens negarem os fatos mais patentes
que se passam aos seus olhos? Não tendes os que não acreditariam, mesmo
quando vissem? Não, não é por meio de prodígios que Deus conduzirá os
homens. Na sua bondade, ele quer deixar-lhes o mérito de se convencerem
através da razão.
(1) O
transcurso do primeiro século do Espiritismo, a 18 de abril de 1957 veio
confirmar plenamente essa extraordinária previsão de Kardec. No primeiro século
do seu desenvolvimento o Cristianismo era ainda uma seita obscura e
terrivelmente perseguida. Somente nos fins do terceiro século atingiu as
proporções de desenvolvimento e universalização que o Espiritismo apresenta no
seu primeiro século. A marcha do Espiritismo se fez com muito maior rapidez e
sua vitória brilhará mais rápida do que se espera. (N. do T.)
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