LIVRO
TERCEIRO
AS
LEIS MORAIS
CAPÍTULO
XII - PERFEIÇÃO MORAL
II- Das Paixões
(Questões 906 à 912)
O princípio das paixões sendo natural não é mau em
si mesmo. A paixão está no excesso provocado
pela vontade, pois o princípio foi dado ao homem para o bem e as paixões
podem conduzi-lo a grandes coisas. O abuso a que ele se entrega é que
causa o mal.
As
paixões são como um cavalo que é útil quando governado e perigoso quando
governa. Reconhecei, pois, que uma paixão se torna perniciosa no momento
em que a deixais de governar, e quando resulta num prejuízo qualquer para
vós ou para outro.
Comentário
de Kardec: As paixões são alavancas que decuplicam as forças do homem e o
ajudam a cumprir os desígnios da Providência. Mas, se, em vez de as dirigir, o
homem se deixa dirigir por elas, cai no excesso e a própria força que em suas
mãos poderia fazer o bem recai sobre ele e o esmaga.
Todas
as paixões têm seu princípio num sentimento ou numa necessidade da Natureza. O
princípio das paixões não é, portanto, um mal, pois repousa sobre uma das
condições providenciais da nossa existência. A paixão propriamente dita é o
exagero de uma necessidade ou de um sentimento; está no excesso e não na causa;
e esse excesso se torna mal quando tem por consequência algum mal.
Toda
paixão que aproxima o homem da natureza animal distancia-o da natureza
espiritual.
Todo
sentimento que eleva o homem acima da natureza animal anuncia o predomínio do
Espírito sobre a matéria e o aproxima da perfeição.
O homem poderia sempre vencer as suas más tendências
pelos seus próprios esforços, e às vezes com pouco esforço; o que
lhe falta é a vontade. Ah! como são poucos os que se esforçam!
O homem pode encontrar nos Espíritos uma ajuda
eficaz para superar as paixões se
orar a Deus e ao seu bom gênio com sinceridade, os bons Espíritos virão
certamente em seu auxílio, porque essa é a sua missão.
Existem paixões de tal maneira vivas e irresistíveis
que a vontade seja impotente para as superar. Há
muitas pessoas que dizem: “Eu quero!”, mas a vontade está apenas nos seus
lábios. Elas querem mas estão muito satisfeitas de que assim não seja.
Quando o homem julga que não pode superar suas paixões, é que o seu
Espírito nelas se compraz, por consequência de sua própria inferioridade.
Aquele
que procura reprimi-las compreende a sua natureza espiritual; vencê-las é para
ele um triunfo do Espírito sobre a matéria.
O meio mais eficaz de se combater a predominância da
natureza corpórea é praticar a abnegação.
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