domingo, 9 de novembro de 2014

II- Escravidão - O Livro dos Espíritos, Allan Kardec-LIVRO TERCEIRO -CAPÍTULO X -LEI DE LIBERDADE

LIVRO TERCEIRO
AS LEIS MORAIS
CAPÍTULO X -  LEI DE LIBERDADE
II-         Escravidão
(Questões 829 à 832)

  Não há homens naturalmente destinados a ser propriedade de outros homens, pois que toda sujeição absoluta de um homem a outro é contrária à lei de Deus.

A escravidão é um abuso da força que desaparecerá com o progresso, como pouco a pouco desaparecerão todos os abusos.

Comentário de Kardec: A lei humana que estabelece a escravidão é uma lei contra a natureza, pois assemelha o homem ao bruto e o degrada moral e fisicamente.

Quando a escravidão pertence aos costumes de um povo, são repreensíveis os que a praticam, ainda que sigam um uso que lhes parece natural, pois o mal é sempre o mal. Todos os vossos sofismas não farão que uma ação má se torne boa. Mas a responsabilidade do mal é relativa aos meios de que dispondes para o compreender.

Aquele que se serve da lei da escravidão é sempre culpável de uma violação da lei natural; mas nisso, como em todas as coisas, a culpabilidade é relativa. Sendo a escravidão um costume entre certos povos, o homem pode praticá-la de boa-fé, como uma coisa que lhe parece natural. Mas desde que a sua razão, mais desenvolvida e sobretudo esclarecida pelas luzes do Cristianismo, lhe mostrou no escravo um seu igual perante Deus, ele não tem mais desculpas.

A desigualdade natural das aptidões coloca certas raças humanas sob a dependência das raças inteligentes, para as elevar e não para as embrutecer ainda mais na escravidão.

Os homens têm considerado, há muito, certas raças humanas como animais domesticáveis, munidos de braços e de mãos, e se julgaram no direito de vender os seus membros como bestas de carga. Consideram-se de sangue mais puro. Insensatos, que não enxergam além da matéria! Não é o sangue que deve ser mais ou menos puro, mas o Espírito.

Aqueles homens que tratam os seus escravos com humanidade, que nada lhes deixam faltar e pensam que a liberdade os exporia a mais privações, digo que compreendem melhor os seus interesses. Eles têm também muito cuidado com os seus bois e os seus cavalos, a fim de tirarem mais proveito no mercado. Não são culpados como os que os maltratam, mas nem por isso deixam de usá-los como mercadorias, privando-os do direito de se pertencerem a si mesmos.


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