LIVRO
TERCEIRO
AS
LEIS MORAIS
CAPÍTULO
VIII- LEI DO PROGRESSO
IV- Civilização
(Questões 790 à 793)
A civilização é um progresso incompleto pois o homem não passa subitamente da infância à maturidade.
Não é razoável condenar a civilização pois esta é
obra de Deus. Condenai antes os que abusam dela e
não a obra de Deus.
A civilização se depurará um dia, fazendo
desaparecer os males que tenha produzido, quando
a moral estiver tão desenvolvida quanto a inteligência. O fruto não pode
vir antes da flor.
A civilização não realiza imediatamente todo o bem
que ela poderia produzir porque os homens ainda não se
encontram em condições, nem dispostos a obter este bem.
Poderia ser ainda porque, criando necessidades
novas, excita novas paixões, e porque todas as faculdades do Espírito não
progridem ao mesmo tempo; é necessário tempo para tudo. Não podeis esperar
frutos perfeitos de uma civilização incompleta. (Ver itens 751 e
780.)
Pode-se reconhecer uma civilização completa pelo desenvolvimento moral. Acreditais estar muito adiantados por
terdes feito grandes descobertas e invenções maravilhosas; porque estais
melhor instalados e melhor vestidos que os vossos selvagens; mas só tereis
verdadeiramente o direito de vos dizer civilizados quando houverdes banido
de vossa sociedade os vícios que a desonram e quando passardes a viver
como irmãos, praticando a caridade cristã. Até esse momento, não sereis
mais do que povos esclarecidos, só tendo percorrido a primeira fase da
civilização.
Comentário de Kardec: A
civilização tem os seus graus, como todas as coisas. Uma civilização incompleta
é um estado de transição que engendra males especiais, desconhecidos no estado
primitivo, mas nem por isso deixa de constituir um progresso natural,
necessário, que leva consigo mesmo o remédio para aqueles males. À medida que a
civilização se aperfeiçoa, vai fazendo cessar alguns dos males que engendrou, e
esses males desaparecerão com o progresso moral.
De
dois povos que tenham chegado ao ápice da escala social, só poderá dizer-se o
mais civilizado, na verdadeira acepção do termo, aquele em que se encontre
menos egoísmo, cupidez e orgulho; em que os costumes sejam mais intelectuais e
morais do que materiais; em que a inteligência possa desenvolver-se com mais liberdade;
em que exista mais bondade, boa-fé, benevolência e generosidade recíprocas; em
que os preconceitos de casta e de nascimento sejam menos enraizados, porque
esses prejuízos são incompatíveis com o verdadeiro amor do próximo; em que
as leis não consagrem nenhum privilégio e sejam as mesmas para o último
como para o primeiro; em que a justiça se exerça com o mínimo de parcialidade
em que o fraco sempre encontre apoio contra o forte; em que a vida
do homem suas crenças e suas opiniões sejam melhor respeitadas; em que haja
menos desgraçados; e por fim, em que todos os homens de boa vontade estejam
sempre seguros de não lhes faltar o necessário(1).
(1) Será essa
a civilização crista que o Espiritismo estabelecerá na Terra Como se vê celas
explicações dos Espíritos e os comentários de Kardec, a civilização incompleta
em que vivemos é apenas uma fase de transição entre o mundo pagão da
Antiguidade e o mundo cristão do futuro. Nos costumes, na legislação, na
religião, na prática dos cultos religiosos, vemos a mistura constante dos
elementos do paganismo com os princípios renovadores do Cristianismo. Cabe ao
Espiritismo a missão de remover esses elementos pagãos para fazer brilhar o
espírito cristão em toda a sua pureza. Veja-se, a propósito, todo o cap. I de
“O Evangelho Segundo o Espiritismo”. (N. do T.)
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