LIVRO
TERCEIRO
AS
LEIS MORAIS
CAPÍTULO
X - LEI DE LIBERDADE
IV-
Liberdade de Consciência
(Questões 835 à 842)
A
consciência é um pensamento íntimo, que pertence ao homem como todos os
outros pensamentos.
O homem tem o direito de pôr entraves à liberdade de
consciência porém não mais do que à liberdade de pensar,
porque somente a Deus pertence o direito de julgar a consciência. Se o
homem regula, pelas suas leis, a relação de homem para homem, Deus, por
suas leis naturais, regula as relações do homem com Deus.
O resultado dos entraves à liberdade de consciência
é constranger os homens a agir de
maneira diversa ao seu modo de pensar, o que é torná-los hipócritas. A
liberdade de consciência é uma das características da verdadeira civilização e
do progresso.
Toda
crença é respeitável quando é sincera e conduz à prática do bem. As
crenças reprováveis são as que conduzem ao mal.
Somos repreensíveis por escandalizar em sua crença
aquele que não pensa como nós e isso
é faltar com a caridade e atentar contra a liberdade de pensamento.
Opor entraves às crenças que podem perturbar a
sociedade podem reprimir-se os atos, mas a
crença íntima é inacessível.
Comentário de Kardec: Reprimir os atos externos de uma crença, quando esses atos
acarretam qualquer prejuízo aos outros, não é atentar contra a liberdade de
consciência porque essa repressão deixa à crença sua Inteira liberdade.
Podemos e devemos, por respeito à liberdade de
consciência, deixar que se propaguem as doutrinas perniciosas ou podemos, sem
atentar contra essa liberdade, procurar conduzir para o caminho da verdade
os que se desviaram para falsos princípios;
mas ensinai, a exemplo de Jesus, pela doçura e persuasão e não pela
força, porque seria pior que a crença daquele a quem desejásseis
convencer.
Se há alguma coisa que possa ser imposta
é o bem e a fraternidade, mas não acreditamos que o meio de fazê-lo seja a
violência: a convicção não se impõe.
Para que a doutrina tenha a pretensão de ser única
expressão da verdade, devemos reconhecer que essa
deverá ser a que produza mais homens de bem e menos hipócritas quer dizer,
que pratiquem a lei de amor e caridade na sua maior pureza e na sua
aplicação mais ampla. Por esse sinal reconhecereis que uma doutrina é boa,
pois toda doutrina que tiver por consequência semear a desunião
e estabelecer divisões entre os filhos de Deus só pode ser falsa e
perniciosa.
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