sábado, 8 de novembro de 2014

RESIGNAÇÃO ESPÍRITA - COMO EU ENTENDO O HOMEM NOVO - JOSÉ HERCULANO PIRES

RESIGNAÇÃO ESPÍRITA    




Uma das acusações que se fazem ao Espiritismo é a de levar o humano ao conformismo.

 “Os espíritas se conformam com tudo, — escrevem-nos — e dessa maneira acabarão impedindo o progresso, criando entre nós um clima de marasmo, favorável às tiranias políticas do Oriente. 

A ideia da reencarnação é o caldo de cultura do despotismo, pois as massas crentes se entregam a qualquer jugo”.  

Muitos confundem a resignação espírita com o conformismo religioso. Mas, contraditoriamente, acusam o Espiritismo e não acusam as religiões. Por outro lado, tiram conclusões teóricas de fatos que podem ser observados na prática. 

A ideia da reencarnação não é nova, não nasceu com o Espiritismo, e não precisamos teorizar a respeito, pois temos toda a história da humanidade ante os olhos, para nos mostrar praticamente os seus efeitos. 

Vamos, entretanto, por ordem. E tratemos, primeiro, da resignação e do conformismo. A resignação espírita decorre, não de uma sujeição místico-religiosa a forças incontroláveis, mas de uma compreensão do problema da vida. 

Quando o espírita se resigna, não está se submetendo pelo medo, mas apenas aceitando uma realidade à qual terá de sujeitar, exatamente para superá-la, para vencê-la.

Não é, pois, o conformismo que se manifesta nessa resignação, mas a inteligente compreensão de que a vida é um processo em desenvolvimento, dentro do qual o humano tem de se equilibrar. 

 Acaso não é assim que fazemos todos, espíritas e não espíritas, em nossa vida diária?

O leitor inconformado não é também obrigado, diariamente, a aceitar uma porção de coisas a que gostaria de furtar-se?

Mas a diferença entre resignação ou aceitação, de um lado, e conformismo, de outro, é que a primeira atitude é ativa e consciente, enquanto a segunda é passiva e inconsciente. 

O Espiritismo nos ensina a aceitar a realidade para vencê-la.  “Se a doença o acossa, — dizem — o espírita entende que está sendo vítima do fatalismo da Lei de Deus, do destino irrevogável. 

Se a morte lhe rouba um ente querido, ele acha que não deve chorar, mas agradecer a Deus. Se o patrão o pune, ele se submete; se o amigo o trai, ele perdoa; se o inimigo lhe bate na face esquerda, ele lhe oferece a direita. 

O Espiritismo é a doutrina da despersonalização humana”.  Mas acontece que essa despersonalização não é ensinada pelo Espiritismo, e sim pelo Cristianismo.

Quando o Espiritismo ensina a conformação diante da doença e da morte, o perdão das ofensas e das traições, nada mais está fazendo do que repetir as lições evangélicas. 

Ora, como o leitor acusa o Espiritismo em nome do Cristianismo, é evidente que está em contradição. Além disso, convém esclarecer que não se trata de despersonalização, mas de sublimação da personalidade.

O que o Cristianismo e o Espiritismo querem é que o humano egoísta, brutal, carnal, agressivo, animalesco, seja substituído pelo humano espiritual.

A “personalidade” animal deve dar lugar à verdadeira personalidade humana.  

Quanto ao caso das doenças, seria oportuno lembrar ao leitor as curas espíritas. Não chega isso para mostrar que não há fatalismo divino? 

O que há é a compreensão de que a doença tem o seu papel na vida humana. Mas cabe ao humano, nesse terreno, como em todos os demais, lutar para vencê-la. 

O Espiritismo, longe de ser uma doutrina conformista, é uma doutrina de luta. O espírita luta incessantemente, dia e noite, para superar o mundo e superar-se a si mesmo. Conhecendo, porém, o processo da vida e as suas exigências, não se atira cegamente à luta, mas procurando realizá-la com inteligência, num constante equilíbrio entre as suas forças e o poder dos obstáculos.   

(Vou opinar:  
- Quando o espírita se resigna, não está se submetendo pelo medo, mas apenas aceitando uma realidade à qual terá de sujeitar, exatamente para superá-la, para vencê-la.  

Entendendo que, o ‘problema’ tem suas razões para estar ocorrendo, é mais fácil aceitá-lo e trabalhar para resolvê-lo de forma equilibrada e correta. O princípio básico é: Deus é justíssimo, portanto a Lei de Deus é justíssima, sendo tudo justo, devo me corrigir para superar esse ‘problema’ de forma definitiva, se não conseguir plenamente nesta encarnação concluirei na próxima!...  

- O espírita luta incessantemente, dia e noite, para superar o mundo e superar-se a si mesmo.  

Aqui está se referindo ao estudante equilibrado da Doutrina dos Espíritos. Existem muitos espíritas que o são por ‘osmose’, não estudam, não se atualizam...) 

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