O perdão no lar
Cultivar o perdão no ambiente doméstico é capacitar-se para a convivência social plena. Só cresce quem sabe perdoar e abre o coração em acolhimento ao outro.
As relações podem gerar mágoas quando criamos expectativas para o comportamento dos outros. Essas mágoas vão se acumulando ao longo da Vida, são fomentadoras e geradoras de complexos e passíveis de serem somatizadas, apresentando-se como doenças.
Quando identificarmos atitudes realmente arbitrárias contra nós, devemos, para que se evite a mágoa, tentar compreender que também poderíamos ser capazes de cometer o mesmo equívoco da pessoa que nos atinge.
Importante lembrar que aquilo, que nos incomoda na atitude do outro, muitas vezes é decorrente da conexão que acontece entre aquele ato e algo em nosso psiquismo inconsciente ainda não resolvido.
Provavelmente existem situações gravadas em nós que provocaram mágoa e raiva em alguém. Esses registros arquivados em nossa mente decorrem de várias experiências vividas nas existências reencarnatórias e que necessitam de atenção.
O complexo é um núcleo psíquico inconsciente que contém resíduos de experiências que se associam por semelhança de idéias, pensamentos e sentimentos em torno de um ou mais arquétipos.
Perdoar é doar mais, isto é, não se permitir abrigar o egoísmo que só vê a si mesmo, compreendendo o equívoco do outro. Quem ama realmente não precisa ter de perdoar, pois, desde que percebeu o equívoco do outro, viu-lhe a ingenuidade e a ignorância das leis de Deus e passou a buscar uma forma de ajudá- lo a entender seu equívoco.
O cultivo do perdão começa na medida que se busca o reequilíbrio após discussões domésticas típicas do estresse e da falta de diálogo e sempre que se deixa de transferir responsabilidades para os outros.
É comum buscar-se um culpado e isso é fomentador de revoltas, de sentimentos contaminados e de novas discussões.
O perdão liberta o outro da culpa permitindo-lhe refletir sobre os acontecimentos que geraram as discussões.
Abre-lhe o coração para o entendimento de si mesmo e do outro.
Todas as experiências em família que geraram culpas merecem ser revistas para que não se formem núcleos fomentadores de discórdias nem se ampliem antigos carmas negativos.
Fundamental que o senso de justiça das pessoas acolha a misericórdia. Sem ela as relações passam a se basear na ‘causa e efeito’ que sugere o ‘olho por olho dente por dente’.
A misercórdia é a presença de Deus na chamada ‘lei’ de causa e efeito. Tal ‘lei’, que não se fundamenta no amor, é apenas uma expres- são, a qual nos deve levar apenas à compreensão da lei de retor- no a uma nova encarnação.
É a misericórdia que nos liberta da experiência culposa pela ação do perdão. O perdão sugere a compaixão. Ela deve estar sempre presente quando dirigirmos o olhar sobre o outro que se encontra em equívoco ou em desequilíbrio de qualquer natureza.
A compaixão nos permite abrir a mente e o coração simultaneamente para a empatia com o outro, fazendo-nos vibrar numa freqüência que nos aproxima de Deus.
Quando falamos em carma queremos que se entenda como uma ação e não como algo pesado e negativo. É uma palavra que deve nos levar à consciência da reencarnação e que pode ser,depois de ocorrido, modificado de acordo com o livre-arbítrio de cada um.
Nenhum carma é definitivo como nenhuma ação terá suas conseqüências rigidamente pré-determinadas. É necessário que não se adie o diálogo que se queira e deva ter com alguém para se sanar conflitos.
Quanto mais se demora em solucionar um conflito, mais se pretende ter a razão. Isso promove a espera de que o outro tome a iniciativa, fazendo com que o orgulho apareça.
Para que o perdão realmente ocorra é preciso remover velhas feridas que ainda sangram no coração promovendo a mágoa.
Antigas desavenças, velhas inimizades, ódios não aplacados, devem ser, em face do perdão, removidos para que o amor seja sentido em plenitude.
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