LIVRO
TERCEIRO
AS
LEIS MORAIS
CAPÍTULO
II- LEI DE ADORAÇÃO
V- Politeísmo
(Questão 667 a 668)
O Politeísmo, embora seja uma das crenças mais antigas e mais
espalhadas, é falso, pois que a ideia de um
Deus único só podia aparecer como resultado do desenvolvimento mental do homem.
Incapaz, na sua ignorância, de conceber um ser imaterial, sem forma
determinada, agindo sobre a matéria, ele lhe havia dado os atributos da
natureza corpórea, ou seja, uma forma e uma figura, e desde então tudo o que
lhe parecia ultrapassar as proporções da inteligência comum tornava-se para ele
uma divindade.
Tudo quanto não compreendia devia ser obra de
um poder sobrenatural, e disso a acreditar em tantas potências distintas
quantos os efeitos pudesse ver não ia mais do que um passo.
Mas em todos
os tempos houve homens esclarecidos que compreenderam a impossibilidade dessa
multidão de poderes para governar o mundo sem uma direção superior, e se
elevaram ao pensamento de um Deus único.
Os fenômenos espíritas sendo produzidos desde todos os tempos e
conhecidos desde as primeiras eras do mundo, podem ter contribuído para a
crença da pluralidade dos deuses, sem dúvida,
porque para os homens, que chamavam deus a tudo o que era sobre-humano, os
Espíritos pareciam deuses.
E também por
isso quando um homem se distinguia entre os demais pelas suas ações, pelo seu
gênio ou por um poder oculto que o vulgo não podia compreender, faziam dele um
deus e lhe rendiam culto após a morte.
Comentário de Kardec: A palavra
deus tinha entre os antigos uma acepção muito extensa; não era, como em nossos
dias, uma designação do Senhor da Natureza, mas uma qualificação genérica de
todos os seres não pertencentes às condições humanas.
Ora, tendo
as manifestações espíritas lhes revelado a existência de seres incorpóreos que
agem como forças da Natureza, eles os chamaram deuses, como nós os chamamos
Espíritos. Uma simples questão de palavras. Com a diferença de que, em sua
ignorância entretida deliberadamente pelos que tinham interesse em mantê-la,
elevaram templos e altares lucrativos a esses seres, enquanto para nós eles não
passam de criaturas nossas semelhantes mais ou menos perfeitas, despojadas
de seu envoltório terreno.
Se
estudarmos com atenção os diversos atributos das divindades pagas,
reconheceremos sem dificuldade todos os que caracterizam os nossos Espíritos,
em todos os graus da escala espírita, seu estado físico nos mundos superiores,
todas as propriedades do perispírito e o papel que exercem no tocante às coisas
terrenas.
O
Cristianismo vindo aclarar o mundo com a sua luz divina, não podia destruir uma
coisa que está na própria Natureza, mas fez que a adoração se voltasse para aquele
a que realmente pertence.
Quanto aos Espíritos, sua lembrança se
perpetuou sob diversos nomes segundo os povos, e suas manifestações, que jamais
cessaram, foram diversamente interpretadas e frequentemente exploradas sob o
domínio do mistério.
Enquanto a
religião as considerava como fenômenos miraculosos, os incrédulos as tomara por
charlatanice.
Hoje, graças a estudos mais sérios, feitos a
plena luz o Espiritismo, liberto das ideias supersticiosas que o obscureceram
através dos séculos, nos revela um dos maiores e mais sublimes princípios da
Natureza.
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