LIVRO
TERCEIRO
AS
LEIS MORAIS
CAPÍTULO
II- LEI DE ADORAÇÃO
II- Adoração Exterior
(Questão 653 a
656)
A verdadeira
adoração não necessita de manifestações exteriores. A verdadeira
adoração é a do coração. Em todas as vossas ações, pensai sempre que um senhor
vos observa.
É
sempre útil dar um bom exemplo: mas os que a fazem só por afetação e amor
próprio e cuja conduta desmente a sua aparente piedade dão um exemplo antes mal
do que bom e fazem mais mal do que supõem.
Deus prefere os que o adoram do fundo do coração, com sinceridade,
fazendo o bem e evitando o mal, aos que pensam honrá-lo através de cerimônias
que não os tornam melhores para os seus semelhantes.
Todos os homens são irmãos e filhos
do mesmo Deus, que chama para ele todos os que seguem as suas leis, qualquer
que seja a forma pela qual se exprimam.
Aquele que só tem a aparência da
piedade é um hipócrita; aquele para quem a adoração é apenas um fingimento
e está em contradição com apropria conduta dá um mau exemplo.
Aquele que se vangloria de adorara
Cristo mas que é orgulhoso, invejoso e ciumento, que é duro e implacável com os
outros ou ambicioso dos bens mundanos, eu vos declaro que só tem a religião nos
lábios e não no coração.
Deus, que tudo vê, dirá: aquele que conhece a verdade
é cem vezes mais culpável do mal que faz do que o selvagem ignorante e será
tratado de maneira consequente, no dia do juízo.
Se um cego vos derruba ao
passar, vós o desculpais, mas se é um homem que enxerga bem, vós o censurais e
com razão.
Não pergunteis, pois, se há uma
forma de adoração mais conveniente, porque isso seria perguntar se é mais
agradável a Deus ser adorado numa língua do que em outra. Digo-vos ainda uma
vez: os cânticos não chegam a ele senão pela porta do coração.
È
reprovável praticar uma religião na qual não se acredita de coração, quando se
faz isso por respeito humano e para não escandalizar os que pensam de outra
maneira, pois que tudo depende da intenção, nisso como em tantas
outras coisas, é a regra. Aquele que não tem em vista senão respeitar as
crenças alheias não faz mal; faz melhor do que aquele que as ridicularizasse,
porque esse faltaria com a caridade. Mas quem as praticar por interesse ou por
ambição é desprezível aos olhos de Deus e dos homens. Deus não pode agradar-se
daquele que só demonstra humildade perante ele para provocar a aprovação dos
homens.
Os homens reunidos por uma comunhão de pensamentos e sentimentos
tem mais força para atrair os bons Espíritos. Acontece o mesmo quando se reúnem
para adorar a Deus. Mas não penseis, por isso, que a adoração em particular
seja menos boa; pois cada um pode adorar a Deus pensando nele.
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