domingo, 28 de setembro de 2014

I- Necessidade do Trabalho- LIVRO TERCEIRO - CAPÍTULO III- LEI DO TRABALHO, O Livro dos Espíritos, Allan Kardec

LIVRO TERCEIRO
AS LEIS MORAIS
CAPÍTULO III- LEI DO TRABALHO
I-                Necessidade do Trabalho
 (Questão 674 a 681)
O trabalho é uma lei da Natureza, e por isso mesmo é uma necessidade. A civilização obriga o homem a trabalhar mais, porque aumenta as suas necessidades e os seus prazeres.

Não devemos entender por trabalho somente as ocupações materiais; o Espírito também trabalha, como o corpo. Toda ocupação útil é trabalho.

O trabalho é imposto ao homem por ser uma consequência da sua natureza corpórea. E uma expiação e ao mesmo tempo um meio de aperfeiçoar a sua inteligência.

Sem o trabalho o homem permaneceria na infância intelectual; eis porque ele deve a sua alimentação, a sua segurança e o seu bem-estar ao seu trabalho e à sua atividade.

Ao que é de físico franzino. Deus concebeu a inteligência para o compensar; mas há sempre trabalho.

A Natureza provê, por si mesma, a todas as necessidades dos animais pois que tudo trabalha na Natureza. 

Os animais trabalham, como tu, mas o seu trabalho, como a sua inteligência, é limitado aos cuidados da conservação. Eis porque, entre eles, o trabalho não conduz ao progresso, enquanto entre os homens tem um duplo objetivo: a conservação do corpo e o desenvolvimento do pensamento, que é também uma necessidade e que o eleva acima de si mesmo.

Quando digo que o trabalho dos animais é limitado aos cuidados de sua conservação, refiro-me ao fim a que eles se propõem, trabalhando. Mas, enquanto, sem o saberem, eles se entregam inteiramente a prover as suas necessidades materiais, são os agentes que colaboram nos desígnios do Criador.

Seu trabalho não concorre menos para o objetivo final da Natureza, embora, muitas vezes, não possais ver o seu resultado imediato.

A natureza do trabalho é relativa à natureza das necessidades; quanto menos necessidades materiais, menos material é o trabalho. Mas não julgueis, por isso, que o homem permanece inativo e inútil; a ociosidade seria um suplício, em vez de ser um benefício.

O homem que possui bens suficientes para assegurar sua subsistência está liberto do trabalho material, talvez, mas não da obrigação de se tornar útil na proporção de seus meios, de aperfeiçoar a sua inteligência ou a dos outros, o que é também um trabalho.

Se o homem a quem Deus concedeu bens suficientes para assegurar sua subsistência não está obrigado a comer o pão com o suor da fronte, a obrigação de ser útil a seus semelhantes é tanto maior para ele, quanto a parte que lhe coube por adiantamento lhe der maior lazer para fazer o bem.

Deus é justo e só condena aquele cuja existência for voluntariamente inútil, porque esse vive na dependência do trabalho alheio.  Ele quer que cada um se torne útil na proporção de suas faculdades.

Certamente, a lei da Natureza impõe aos filhos a obrigação de trabalhar para os pais, como os pais devem trabalhar para os filhos. Eis porque Deus fez do amor filial e do amor paterno um sentimento natural, afim de que, por essa afeição recíproca, os membros de uma mesma família sejam levados a se auxiliarem mutuamente. É o que, com muita frequência, não se reconhece em vossa atual sociedade. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário