LIVRO
SEGUNDO
MUNDO
ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS
CAPÍTULO
XI– OS TRÊS REINOS
I-
Os Minerais e as Plantas
(Questões 585 à 591)
Pesais
da divisão da Natureza em três reinos, ou ainda em duas classes: os seres
orgânicos e os seres inorgânicos. Alguns fazem da espécie humana um quarto reino. Todas as divisões são boas:
isso depende do ponto de vista. Encarados sob o aspecto material, não há senão
seres orgânicos e seres inorgânicos; do ponto de vista moral, há,
evidentemente, quatro graus.
Comentário
de Kardec: Esses
quatro graus têm, com efeito, caracteres bem definidos; embora pareçam
confundir-se os seus limites. A matéria inerte, que constitui o reino mineral,
não possui mais do que uma força mecânica; as plantas, compostas de matéria
inerte, são dotadas de vitalidade; os animais, compostos de matéria inerte e
dotados de vitalidade, têm também uma espécie de inteligência instintiva,
limitada, com a consciência de sua existência e de sua individualidade; o
homem, tendo tudo o que existe nas plantas e nos animais, domina todas as
outras classes por uma inteligência especial ilimitada que lhe dá a consciência
do seu futuro, a percepção das coisas extra materiais e o conhecimento de Deus.
As
plantas não têm consciência de sua existência. Elas não pensam;
não têm mais do que a vida orgânica. As plantas recebem as impressões físicas
da ação sobre a matéria, mas não têm percepções, por conseguinte, não têm a
sensação de dor.
A
força que atrai as plantas, umas para as outras, é independente da sua vontade,
pois elas não pensam. É uma força mecânica da matéria que age na
matéria: elas não poderiam opor-se.
Certas
plantas, como a sensitiva e a dioneia, por exemplo, têm movimentos que acusam
uma grande sensibilidade e em alguns casos uma espécie de vontade, como a
última, cujos lóbulos apanham a mosca que vem pousar sobre ela para sugar-lhe o
suco, e à qual ela parece haver preparado uma armadilha para matar. Essas
plantas não são dotadas da faculdade de pensar, porém, não têm uma vontade. Tudo é
transição na Natureza, pelo fato mesmo de que nada é semelhante, e no entanto
tudo se liga. As plantas não pensam e por conseguinte não têm vontade. A ostra
que se abre e todos os zoófitos não têm pensamento: nada mais possuem que um
instinto natural e cego.
Comentário de Kardec: O organismo humano nos
fornece exemplos de movimentos analógicos, sem a participação da vontade, como
as funções digestivas e circulatórias. O piloro se fecha ao contato de certos
corpos para negar-lhes passagem. O mesmo deve acontecer com a sensitiva, nu
qual os movimentos não implicam absolutamente a necessidade de uma percepção, e
menos ainda de uma vontade.
Pode
haver nas plantas, como nos animais, um instinto de conservação que o leva a
procurar aquilo que lhes pode ser útil e a fugir ao que lhes pode prejudicar, uma espécie
de instinto; isso depende da extensão que se atribua a essa palavra; mas é
puramente mecânico. Quando, nas reações químicas, vedes dois corpos se unirem,
é que eles se afinam, quer dizer que há afinidades entre eles; mas não chamais
a isso de instinto.
Nos
mundos superiores as plantas são, com os outros seres, de natureza mais
perfeita; mas as plantas são sempre plantas, como os
animais são sempre animais e os homens sempre homem.
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