Dor & Aprendizado
Do ponto de vista das dores
espirituais, consequente das imperfeições morais de cada um, busquemos o
esclarecimento, a ajuda, o apoio da Espiritualidade Maior, para que possamos
despertar para a nossa melhoria moral. Essa dor sobre a qual nos referimos
nesse momento, trata-se da Dor Educativa, necessária ainda no Mundo de Provas e
Expiações em que vivemos, como meio de Evolução do Espírito.
Seja qual for o tipo de dor,
devemos reagir positivamente a ela, cujo tratamento exige sobretudo, o AMOR,
remédio essencial, que cobre as dores, os pecados, as necessidades e as
angústias do mundo mental.
Com ênfase das Provas verificamos que o quadro
energético da dor, se fortalece na sensibilidade aguçada, no emocional abalado,
nas energias difusas, no pouco rendimento intelectual e na falta de
concentração.
Por outro lado, quando chega o alívio,
temos um emocional equilibrado, uma sensação de bem estar, sentimos satisfação
e temos um bom rendimento intelectual.
No Livro “O Céu e o Inferno ou A
Justiça Divina Segundo o Espiritismo” de Allan Kardec, na Segunda Parte,
Capítulo IV- Espíritos Sofredores, no item O Castigo, há vários relatos de
Espíritos já desencarnados sobre os seus sofrimentos após o desencarne. Vejamos
alguns depoimentos dados pelo Espírito AUGUSTE MICHEL (Havre, março de 1863):
Era um moço rico, boêmio, gozando
larga e exclusivamente a vida material. Conquanto inteligente, o indiferentismo
pelas coisas sérias era-lhe o traço característico. Sem maldade, antes bom que mal,
fazia-se estimar por seus companheiros de pândegas, sendo apontado na sociedade
por suas qualidades de homem mundano. Não fez o bem, mas também não fez o mal.
Faleceu em consequência de uma queda da carruagem em que passeava. Evocado
alguns dias depois da morte por um médium que indiretamente o conhecia, deu
sucessivamente as seguintes comunicações:
8 de março de 1863 – Por enquanto
apenas consegui desprender-me e dificilmente posso falar com vocês. A queda que
me ocasionou a morte do corpo perturbou profundamente o meu Espírito.
Inquieta-me esta incerteza cruel do meu futuro. O doloroso sofrimento corporal
experimentado nada é comparativamente a esta perturbação. Orem para que Deus me
perdoe. Oh! Que dor! Oh! Graças, meu Deus! Que dor! Adeus.
18 de março – Já vim a ti, mas
apenas pude falar dificilmente. Presentemente, ainda mal posso me comunicar
contigo. Você é o único médium, ao qual posso pedir preces para que a bondade
de Deus me subtraia a esta perturbação. Por que sofrer ainda, quando o corpo
não mais sofre? Por que existir sempre esta dor horrenda, esta angústia
terrível? Ore, oh! ore para que Deus me conceda repouso... Oh! Que cruel
incerteza! Ainda estou ligado ao corpo. Apenas com dificuldade posso ver onde
devo encontrar-me; meu corpo lá está, e por que também lá permaneço sempre?
Venha orar sobre ele para que eu me desembarace dessa prisão cruel... Deus me
perdoará, espero. Vejo os Espíritos que estão junto de ti e por eles posso
falar-te. Ore por mim.
6 de abril – Sou eu quem vem
pedir que ore por mim. Será preciso ir ao lugar em que jaz meu corpo, a fim de
implorar do Onipotente que me acalme os sofrimentos? Sofro! Oh! Se sofro! Vá a
esse lugar – assim é preciso – e dirija ao Senhor uma prece para que me perdoe.
Vejo que poderei ficar mais tranquilo, mas volto incessantemente ao lugar em
que depositaram o que me pertencia.
Não dando importância ao pedido
que lhe faziam de orar sobre o túmulo, o médium deixou de atender. Todavia,
indo aí, mais tarde, lá mesmo recebeu uma comunicação.
11 de maio – Aqui te esperava.
Aguardava que viesse ao lugar em que meu Espírito parece preso ao seu corpo
material, a fim de implorar ao Deus de misericórdia e bondade acalmar os meus
sofrimentos. Você pode me beneficiar com as suas preces, não se esqueça disso,
eu te suplico. Vejo quanto a minha vida foi contrária ao que deveria ser; vejo
as faltas cometidas. Fui no mundo um ser inútil; não fiz uso algum proveitoso
das minhas faculdades; a fortuna serviu apenas à satisfação das minhas paixões,
aos meus caprichos de luxo e à minha vaidade; não pensei senão nos gozos do
corpo, desprezando os da alma e a própria alma. Descerá a misericórdia de Deus
até mim, pobre Espírito que sofre as consequências das suas faltas terrenas?
Ore para que Ele me perdoe, libertando-me das dores que ainda me pungem.
Agradeço-te por ter vindo aqui orar por mim.
8 de junho – Posso falar e
agradeço a Deus que assim me permite. Compreendi as minhas faltas e espero que
Deus me perdoe. Caminhe sempre na vida de conformidade com a crença que te
alenta, porque ela te reserva de futuro um repouso que eu ainda não tenho.
Obrigado pelas tuas preces. Até outra vista.
30 de julho – Presentemente sou
menos infeliz, visto não mais sentir a pesada cadeia que me prendia ao corpo.
Estou livre, enfim, mas ainda não expiei e preciso é que repare o tempo perdido
se eu não quiser prolongar os sofrimentos. Espero que Deus, tendo em conta a
sinceridade do arrependimento, me conceda a graça do seu perdão. Peça ainda por
mim, eu te suplico.
A insistência do Espírito, para
que se orasse sobre o seu túmulo, é uma particularidade notável, mas que tinha
sua razão de ser se levarmos em conta a tenacidade dos laços que ao corpo o
prendiam, à dificuldade do desprendimento, em consequência da materialidade da
sua existência. Compreende-se que, mais próxima, a prece pudesse exercer uma
espécie de ação magnética mais poderosa no sentido de auxiliar o
desprendimento. O costume quase geral de orar junto aos cadáveres não provirá
da intuição inconsciente de um tal efeito? Nesse caso, a eficácia da prece
alcançaria um resultado simultaneamente moral e material.
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