domingo, 1 de abril de 2018

O HOMEM VELHO


Para entendermos o perfil do “homem velho” basta observarmos como pensamos e agimos na vida pessoal e de relação impulsionados pelo desejo de tudo conquistar em benefício apenas de nós próprios e da nossa família. 

Consideramos apenas alguns poucos como amigos, ou seja, aliados na luta desenfreada contra todas as demais pessoas. 

Queremos, poder, prestígio, dinheiro, hegemonia, evidência, vantagens pessoais, benesses de variados tipos para usufruirmos sem pensar nas agruras vividas pelos outros, que consideramos adversários a ser vencidos e se transformarem em nossos subordinados e bajuladores servis. 

Quanto temos investido nessa luta insana, a pretexto de garantir a sobrevivência e a de nossa família. Para nós próprios queremos a extensão maior possível de poder e garantia de um presente e um futuro sem nenhuma dificuldade. Para aplainar os caminhos de nossos filhos, acumulamos patrimônio superior às suas necessidades reais e sugerimos-lhes, indiretamente, a ociosidade e o egoísmo, pretendendo que sejam mais poderosos e frios que nós próprios. 

Há inúmeros casos de pais que induzem tamanho egoísmo a seus filhos, que, no final, aqueles se voltam contra os próprios genitores, desejando-lhes a própria morte para entrarem logo na posse da herança mais ou menos vultosa. 

Esse o perfil do “homem velho”, que faz inimigos, desune pessoas, vive em função de si próprio, revida as ofensas que recebe ou imagina receber, procura evidência em excesso no meio onde vide, acumula o supérfluo, não dá aos outros o de 10 que não necessita, considera a vida como mera competição contra os outros e morre atemorizado pela consciência, que lhe cobra a abertura do coração e da mente à Fraternidade. Quem não o viveu em alguma fase de sua vida ou quem não o vive ainda hoje? 

Montaigne confessou, em seus Ensaios, ter sido, durante certo período da vida, sovina, aferrado às posses materiais. Madalena viveu os primeiros anos de sua existência consagrada à sexualidade exacerbada. Paulo de Tarso enxergou, quando ainda “homem velho”, apenas a própria projeção como intelectual. E assim por diante. 

O autoconhecimento, decorrente da reflexão diária e sincera sobre nossas próprias realidades interiores, mostra se ainda estamos vivendo a fase do “homem velho”. 

Essa análise compete a cada um, seja solitariamente ou com a ajuda de profissionais da Psicologia ou Picanálise. Os referenciais da Religião, todavia, são os ideais para esse trabalho de autoestudo. 
Autor: Luiz Guilherme Marques

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