Para entendermos o perfil do “homem velho” basta
observarmos como pensamos e agimos na vida pessoal e de
relação impulsionados pelo desejo de tudo conquistar em
benefício apenas de nós próprios e da nossa família.
Consideramos apenas alguns poucos como amigos, ou
seja, aliados na luta desenfreada contra todas as demais
pessoas.
Queremos, poder, prestígio, dinheiro, hegemonia,
evidência, vantagens pessoais, benesses de variados tipos para
usufruirmos sem pensar nas agruras vividas pelos outros, que
consideramos adversários a ser vencidos e se transformarem
em nossos subordinados e bajuladores servis.
Quanto temos investido nessa luta insana, a pretexto de
garantir a sobrevivência e a de nossa família.
Para nós próprios queremos a extensão maior possível
de poder e garantia de um presente e um futuro sem nenhuma
dificuldade. Para aplainar os caminhos de nossos filhos, acumulamos
patrimônio superior às suas necessidades reais e sugerimos-lhes,
indiretamente, a ociosidade e o egoísmo, pretendendo
que sejam mais poderosos e frios que nós próprios.
Há inúmeros casos de pais que induzem tamanho
egoísmo a seus filhos, que, no final, aqueles se voltam contra
os próprios genitores, desejando-lhes a própria morte para
entrarem logo na posse da herança mais ou menos vultosa.
Esse o perfil do “homem velho”, que faz inimigos, desune
pessoas, vive em função de si próprio, revida as ofensas que
recebe ou imagina receber, procura evidência em excesso no
meio onde vide, acumula o supérfluo, não dá aos outros o de
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que não necessita, considera a vida como mera competição
contra os outros e morre atemorizado pela consciência, que
lhe cobra a abertura do coração e da mente à Fraternidade.
Quem não o viveu em alguma fase de sua vida ou quem
não o vive ainda hoje?
Montaigne confessou, em seus Ensaios,
ter sido, durante certo período da vida, sovina, aferrado às
posses materiais. Madalena viveu os primeiros anos de sua
existência consagrada à sexualidade exacerbada. Paulo de
Tarso enxergou, quando ainda “homem velho”, apenas a
própria projeção como intelectual. E assim por diante.
O autoconhecimento, decorrente da reflexão diária e
sincera sobre nossas próprias realidades interiores, mostra se
ainda estamos vivendo a fase do “homem velho”.
Essa análise compete a cada um, seja solitariamente ou
com a ajuda de profissionais da Psicologia ou Picanálise.
Os referenciais da Religião, todavia, são os ideais para
esse trabalho de autoestudo.
Autor: Luiz Guilherme Marques
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