A lágrima que vertes convulsiva pode representar liberdade ou grilhão:
se lava o rosto em desafogo d’alma e desarma o orgulho, liberta a criança muda
e surda, refém da civilização;
se sulca o rosto e amargura o peito, tece a revolta e arma uma bomba-relógio a
desequilibrar-te a fisiologia e amordaçar- te o perdão.
A lágrima que reténs pode ser armadilha feroz contra o patrimônio biológico e
a estrutura fluídica perispiritual ou motivo de engrandecimento:
se a afogas em nome das aparências e formalidades, transformas-a em veneno
corrosivo e inflexível a intoxicar-te o imo e a ulcerar-te o invólucro carnal;
se a dominas em nome da caridade, aprendes a fortalecer- te ante a dor e a
adversidade, a tempestade e as convulsões da vida.
A lágrima que arrancas de alheios olhos pode constituir- se em tua carcereira
nas dobras do tempo ou a tua prova de que o amor é infinito e ubíquo no Universo,
mercê de Deus:
se te fazes o chicote do destino ou objeto de escândalo, calças as algemas
férreas do sofrimento e expõe-te à expiação dolorosa;
se consegues despertar a emoção no coração alheio, recebes aprova de que
todos somos amados por outros, embora, às vezes, sequer o mereçamos.
A lágrima que ajudas a enxugar determina a intensidade do teu amor ao
próximo e, conseqüentemente, a Deus:
se usas o lenço da piedade, enxugas a face da dor e ofereces o ombro amigo;
se a caridade mais fidedigna inspira-te a atitude, promoves a transformação do
curso lacrimal e divides em teu coração a dor do companheiro aflito.
A lágrima tépida e salina pode queimar e fazer sangrar quando dirigida pela descrença, pelo desespero, pela intemperança, pelo desequilíbrio.
Nada obstante, pode ser o fármaco balsamizante que age desbridando as
impurezas da úlcera e promovendo sua analgesia e anti-sepsia, sempre que a
resignação, a humildade, o reconhecimento das limitações e a aceitação se fizerem
presentes.
Conselhos Mediúnicos, psicografia de Fernando Cajazeiras.
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