domingo, 15 de abril de 2018

A LÁGRIMA

“Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados”. (Jesus)


A lágrima que vertes convulsiva pode representar liberdade ou grilhão: se lava o rosto em desafogo d’alma e desarma o orgulho, liberta a criança muda e surda, refém da civilização; se sulca o rosto e amargura o peito, tece a revolta e arma uma bomba-relógio a desequilibrar-te a fisiologia e amordaçar- te o perdão. 

A lágrima que reténs pode ser armadilha feroz contra o patrimônio biológico e a estrutura fluídica perispiritual ou motivo de engrandecimento: se a afogas em nome das aparências e formalidades, transformas-a em veneno corrosivo e inflexível a intoxicar-te o imo e a ulcerar-te o invólucro carnal; se a dominas em nome da caridade, aprendes a fortalecer- te ante a dor e a adversidade, a tempestade e as convulsões da vida. 

A lágrima que arrancas de alheios olhos pode constituir- se em tua carcereira nas dobras do tempo ou a tua prova de que o amor é infinito e ubíquo no Universo, mercê de Deus: se te fazes o chicote do destino ou objeto de escândalo, calças as algemas férreas do sofrimento e expõe-te à expiação dolorosa; se consegues despertar a emoção no coração alheio, recebes aprova de que todos somos amados por outros, embora, às vezes, sequer o mereçamos. 

A lágrima que ajudas a enxugar determina a intensidade do teu amor ao próximo e, conseqüentemente, a Deus: se usas o lenço da piedade, enxugas a face da dor e ofereces o ombro amigo; se a caridade mais fidedigna inspira-te a atitude, promoves a transformação do curso lacrimal e divides em teu coração a dor do companheiro aflito. 

A lágrima tépida e salina pode queimar e fazer sangrar quando dirigida pela descrença, pelo desespero, pela intemperança, pelo desequilíbrio. 

Nada obstante, pode ser o fármaco balsamizante que age desbridando as impurezas da úlcera e promovendo sua analgesia e anti-sepsia, sempre que a resignação, a humildade, o reconhecimento das limitações e a aceitação se fizerem presentes. 

Conselhos Mediúnicos, psicografia de Fernando Cajazeiras.

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