CAPÍTULO XVIII
MUITOS OS CHAMADOS E
POUCOS OS ESCOLHIDOS
Parábola do festim de núpcias. –
A porta estreita. – Os que dizem: Senhor! Senhor! Não entrarão todos no reino
dos céus. – Muito se pedirá àquele que muito recebeu. – Instruções dos
Espíritos: Dar-se-á àquele que tem. – Reconhece-se o cristão pelas suas obras.
AQUELES QUE DIZEM:
SENHOR! SENHOR!
NÃO ENTRARÃO TODOS NO
REINO DOS CÉUS.
“6 – Aqueles que dizem: Senhor! Senhor! Não entrarão todos no reino dos
céus; mas somente entrará aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos
céus. Muitos me dirão, naquele dia: Senhor! Senhor! Não é assim que
profetizamos em teu nome? Não expulsamos os demônios, e em teu nome não fizemos
muitos milagres? E eu então lhes direi, em voz bem inteligível: Retirai-vos de
mim vós que fazeis obras de iniquidade. (São Mateus, c. VII: v. 21-23).”
“7 – Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras, e as observa,
será comparado ao homem sábio, que edificou a sua casa sobre a rocha. E veio a
chuva, e transbordaram os rios, e assopraram os ventos, e combateram aquela
casa, e ela não caiu, porque estava fundada sobre a rocha. E tudo o que ouve
estas minhas palavras, e não as observa, será comparado ao homem insensato, que
edificou a sua casa sobre a areia. E veio a chuva, e transbordaram os rios, e
assopraram os ventos, e combateram aquela casa, e ela caiu, e foi grande a sua
ruína. (Mateus, VII: 24-27 e semelhante em Lucas, VI: 46-49).”
“8 – Aquele, pois, que quebrar um destes mínimos
mandamentos, e que assim ensinar aos homens, será considerado no Reino de Deus
como os últimos; mas o que os guardar, e ensinar a executar, esse será grande
no Reino dos Céus. (São Mateus, V: 19).”
“9 – Todos os que
confessam a missão de Jesus, dizem: Senhor, Senhor! Mas de que vale chamá-lo
Mestre ou Senhor, quando não se seguem os seus preceitos? São cristãos esses
que o honram através de atos exteriores de devoção, e ao mesmo tempo sacrificam
no altar do egoísmo, do orgulho, da cupidez e de todas as suas paixões? São
seus discípulos esses que passam os dias a rezar, e não se tornam melhores, nem
mais caridosos, nem mais indulgentes para com os seus semelhantes? Não, porque, à
semelhança dos fariseus, têm a prece nos
lábios e não no coração. Servindo-se apenas das formas, podem impor-se aos
homens, mas não a Deus.
É em vão que
dirão a Jesus: “Senhor, nós profetizamos, ou seja, ensinamos em vosso nome;
expulsamos os demônios em vosso nome; comemos e bebemos convosco!”
Ele lhes
responderá: “Não sei quem sois. Retirai-vos de mim, vós que cometeis iniquidade,
que desmentis as vossas palavras pelas ações, que caluniais o próximo, que
espoliais as viúvas e cometeis adultério!
Retirai-vos
de mim, vós, cujo coração destila ódio e fel, vós que derramais o sangue de
vossos irmãos em meu nome, que fazeis correrem as lágrimas em vez de secá-las!
Para vós,
haverá choro e ranger de dentes, pois o Reino de Deus é para os que são mansos,
humildes e caridosos.
Não espereis
dobrar a justiça do Senhor pela multiplicidade de vossas palavras e de vossas
genuflexões. A única via que está aberta, para alcançardes a graça em sua
presença, é a da prática sincera da lei do amor e da caridade.”
As palavras de Jesus são eternas, porque são a verdade. Não são somente as
salvaguardas da vida celeste, mas também o penhor da paz, da tranquilidade e da
estabilidade do homem entre as coisas da vida terrena. Eis porque todas as
instruções humanas, políticas, sociais e religiosas, que se apoiarem nas suas
palavras, serão estáveis como a casa construída sobre a pedra. Os homens as
conservarão, porque nelas encontrarão a sua felicidade. Mas aquelas que se
apoiarem na sua violação, serão como a casa construída sobre a areia: o vento
das revoluções e o rio do progresso as levarão de roldão.
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