CAPÍTULO XVIII
MUITOS OS CHAMADOS E
POUCOS OS ESCOLHIDOS
Parábola do festim de núpcias. –
A porta estreita. – Os que dizem: Senhor! Senhor! Não entrarão todos no reino
dos céus. – Muito se pedirá àquele que muito recebeu. – Instruções dos
Espíritos: Dar-se-á àquele que tem. – Reconhece-se o cristão pelas suas obras.
INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS
DAR-SE-Á ÀQUELE QUE TEM
“13
– Seus discípulos se aproximaram e lhe disseram: Por que razão lhes falas por parábolas? Ele, respondendo, lhes
disse: Porque a vós vos é dado saber os mistérios do Reino dos Céus, mas a eles
não lhes é concedido. Porque ao que tem,
se lhe dará e terá em abundância, mas ao que não tem, até o que tem, lhe será
tirado? Por isto é que eu lhes falo em parábolas; porque eles, vendo, não veem, e ouvindo não ouvem, nem entendem. De
sorte que neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Escutareis com os vossos ouvidos e não ouvireis; olhareis com os vossos
olhos e não vereis. (São Mateus, c. XIII: v.10-14).”
“14 – Prestai bem atenção naquilo que ouvis, porque se servirá convosco da mesma medida da qual
vos servirdes para com os outros, e vos será dado ainda mais; porque se
dará àquele que já tem e pra aquele que não tem, se lhe tirará mesmo o que tem.
(Marcos, IV: 24-25) “
Refletindo...
“Dá-se
ao que tem e retira-se ao que não tem”.
Aquele que
recebeu é o que possui o sentido da palavra divina. Ele a recebeu porque se
esforçou para fazer-se digno, e porque o Senhor, no seu amor misericordioso, encoraja
lhe os esforços em direção ao bem. Esses esforços contínuos, perseverantes,
atraem as graças do Senhor. São como um ímã, que atraísse as melhoras
progressivas, as graças abundantes, que vos tornam fortes para a subida da
montanha sagrada, em cujo cume encontrareis o repouso que sucede ao trabalho.
“Tira-se àquele que nada tem, ou que tem pouco”.
Tomai isto como um ensino figurado. Deus não
tira das suas criaturas o bem que se dignou conceder-lhes. Homens cegos e
surdos! Abri vossas inteligências e vossos corações, procurai ver pelo espírito; compreendei com a alma; e não interpreteis
de maneira grosseiramente injusta as palavras daquele que fez resplandecer aos
vossos olhos a Justiça do Senhor!
Não
é Deus quem retira daquele que pouco havia recebido, mas é o seu próprio
Espírito que, pródigo e descuidado, não sabe conservar o que tem, e aumentar,
fecundando-a, a migalha que caiu no seu coração.
Aquele que não cultiva o campo que o trabalho do pai conquistou, para
deixar-lhe de herança, vê esse campo cobrir-se de ervas daninhas.
Será o seu
pai quem lhe tira as colheitas que ele não preparou?
Se ele
deixou a sementeira morrer nesse campo, por falta de cuidado, deve acusar seu
pai pela falta de produção? Não, não! Em vez de acusar aquele que tudo lhe deu,
como se lhe houvesse retomado os bens, deve
acusar-se a si mesmo, que é o verdadeiro responsável pela sua miséria, e
arrependido e ativo, entregar-se corajosamente ao trabalho.
Que com o
esforço de sua própria vontade; que o lavre a fundo, com a ajuda do
arrependimento e da esperança; que nele atire, confiante, a semente que
escolheu como boa entre as más; que o regue com o seu amor e a sua caridade;
E Deus, o
Deus de Amor e Caridade, dará aquele que já tem. Então, ele verá os seus esforços coroados de sucesso, e um grão a produzir
cem, e outro, mil. Coragem, trabalhadores! Tomai as vossas grades e
charruas; arrotei os vossos corações; arrancai deles o joio; semeai a boa
semente que o Senhor vos confia, e o orvalho do amor os fará produzir os frutos
da caridade.
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