segunda-feira, 21 de abril de 2014

O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec- CAPÍTULO XVIII- MUITOS OS CHAMADOS E POUCOS OS ESCOLHIDOS-A PORTA ESTREITA


MUITOS OS CHAMADOS E POUCOS OS ESCOLHIDOS

Parábola do festim de núpcias. – A porta estreita. – Os que dizem: Senhor! Senhor! Não entrarão todos no reino dos céus. – Muito se pedirá àquele que muito recebeu. – Instruções dos Espíritos: Dar-se-á àquele que tem. – Reconhece-se o cristão pelas suas obras.

A PORTA ESTREITA

 “3 – Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta da perdição e o caminho que a ela conduz é espaçoso, e há muitos que por ela entram. Como a porta da vida é pequena! Como o caminho que a ela conduz estreito! E como há poucos que a encontram! (São Mateus, c. VII: v. 13-14).”


“4. Alguém lhe tendo feito esta pergunta: Senhor, haverá os que se salvam? Ele lhe respondeu: Fazei esforços para entrar pela porta estreita, porque eu vos asseguro que vários procurarão por ela entrar e não a poderão. E quando o pai de família tiver entrado, e fechado à porta, vós estareis de fora, e começareis a bater à porta, dizendo: Abre-nos, Senhor! E ele vos responderá, dizendo: Não sei de onde sois. Então começareis a dizer: Nós somos aqueles que, em tua presença, comemos e bebemos, a quem ensinaste nas nossas praças. E ele vos responderá: Não sei de onde sois; apartai-vos de mim todos os que obrais a iniquidade.

Será então que haverá prantos e ranger de dentes, quando vereis que Abraão, Isac e Jacó, e todos os profetas, estão no Reino de Deus, e que vós ficais fora dele, excluídos. E virão do oriente e do ocidente, e do setentrião e do meio-dia, muitos que se assentarão à mesa do Reino de Deus. E então os que são últimos serão os primeiros, e os que são os primeiros serão os últimos. (São Lucas, c. XII: v. 23-30).”

         “5 – A porta da perdição é larga, porque as más paixões são numerosas e o caminho do mal é o mais frequentado. A da salvação é estreita porque o homem que deseja transpô-la deve fazer grandes esforços para vencer as suas más tendências, e poucos se resignam a isso. Completa-se a máxima: São muitos os chamados e poucos os escolhidos.”

            Esse é o estado atual da humanidade terrena, porque, sendo a Terra um mundo de expiações, nela predomina o mal. Quando estiver transformada, o caminho do bem será o mais frequentado. Devemos entender essas palavras, portanto, em sentido relativo e não absoluto. Se esse tivesse de ser o estado normal da humanidade, Deus teria voluntariamente condenado à perdição a imensa maioria das criaturas, suposição inadmissível, desde que se reconheça que Deus é todo justiça e todo bondade.

            Mas quais as faltas de que esta humanidade seria culpada, para merecer uma sorte tão triste, no presente e no futuro, se toda ela estivesse na Terra e a alma não tivesse outras experiências? Por que tantos entraves semeados no seu caminho? Por que essa porta tão estreita, que apenas a um pequeno número é dado transpor, se a sorte da alma está definitivamente fixada, após a morte? É assim que, com a unicidade da existência, estamos incessantemente em contradição com nós mesmos e com a justiça de Deus.

Com a anterioridade da alma e a pluralidade dos mundos, o horizonte se alarga, iluminam se os pontos mais obscuros da fé, o presente e o futuro se mostram solidários com o passado, e somente assim podemos compreender toda a profundidade, toda a verdade e toda a sabedoria das máximas do Cristo.

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