quinta-feira, 9 de agosto de 2018

QUEM É A CRIANÇA À LUZ DA DOUTRINA ESPÍRITA?


A criança é um espírito reencarnado. Esta é a mais revolucionária de todas as ideias, no tocante à compreensão de quem é a criança.

Ao elucidar esta verdade, o Espiritismo promove uma notável revolução nas deduções e métodos dos especialistas em desenvolvimento infantil.

A criança é um espírito imortal, dotado de experiências decorrentes de suas encarnações anteriores. 

Como todos os filhos de Deus, traz em si mesma o germe da perfeição, consoante elucida Allan Kardec, em "O Livro dos Espíritos", nos seus comentários à questão 776:

 "Sendo perfectível e trazendo em si o germe do seu aperfeiçoamento, o homem não foi destinado a viver perpetuamente no estado de natureza, como não o foi a viver eternamente na infância". (Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos) 

Oportuno registrar, para aprofundar nosso entendimento, a palavra do Instrutor Espiritual Calderaro, no livro "No Mundo Maior", ressaltando o processo evolutivo: 

"Somos filhos de Deus e herdeiros dos séculos, conquistando valores, de experiência em experiência, de milênio a milênio. Não há favoritismo no Templo Universal do Eterno,  e todas as forças da Criação aperfeiçoam-se no Infinito. A crisálida de consciência que reside no cristal a rolar na corrente do rio, aí se acha em processo liberatório; as árvores que, por vezes, se aprumam centenas de anos, a suportar os golpes do inverno e acalentadas pelas carícias da primavera, estão conquistando a memória; a fêmea do tigre, lambendo os filhinhos recém-natos, aprende rudimentos do amor; o símio, guinchando, organiza a faculdade da palavra. Em verdade, Deus criou o mundo, mas nós nos conservamos ainda longe da obra completa. Os seres que habitam o Universo ressumbrarão suor por muito tempo, a aprimorá-lo. Assim também a individualidade. Somos criação do Autor Divino e devemos aperfeiçoar-nos integralmente. O Eterno Pai estabeleceu como lei universal que seja a perfeição obra de cooperativismo entre Ele e nós, os seus filhos". (No mundo maior, André Luiz)

Portanto, quando no instante do parto um recém-nascido dá o seu primeiro choro, isto significa que um espírito se revestiu de um corpo físico trazendo consigo uma longa história já escrita, repleta de erros e acertos, a prosseguir pelo tempo afora, em sucessivas e imprescindíveis experiências reencarnatórias, escrevendo novos capítulos, no laborioso processo evolutivo rumo à perfeição

Assim, o ser humano traz em seu íntimo as infinitas possibilidades de crescimento, de amadurecimento espiritual que só através do tempo irão se concretizar. 

A esta altura, é oportuno mencionar que Allan Kardec questionou os Instrutores Espirituais quanto à importância da encarnação, em "O Livro dos Espíritos": 

"Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos? 

- Deus lhes impôs a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação.

 Visa ainda a outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da Criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, afim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. 

É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta. "(Allan Kardec, O livro dos Espíritos) - questão 132. Mais adiante, o Codificador acrescenta: 

Como pode a alma, que não alcançou a perfeição durante a vida corpórea,acabar de depurar-se? 

- Sofrendo a prova de uma nova existência." - questão 166.

Sendo a criança um espírito reencarnado, traz ínsito em seu inconsciente, o acervo de conhecimentos e conquistas anteriores, que assomam durante a vida terrena em forma de  aptidões, tendências, preferências, limitações, bloqueios, traumas, que constituem todo o elenco de facilidades e dificuldades nas múltiplas áreas de sua atuação e que irão influenciar o processo do seu desenvolvimento, educação, formação de caráter para compor a sua personalidade atual.

Infere-se que, a cada encarnação, o espírito, sem perder a sua individualidade, assume uma nova personalidade, decorrente de suas necessidades mais prementes. 

Assim, está sempre vivenciando novas experiências, como por exemplo, desenvolvendo, em determinada existência, uma aptidão artística para cuja atividade encontrará facilidades ou aprimorando uma propensão para a mecânica, para a matemática, para o exercício da medicina, da engenharia, para pesquisas científicas, etc., como também poderá renascer em um meio onde não tenha condições de exercer determinadas tendências, embora estejam latentes em seu íntimo, como uma prova necessária, por tê-las usado de forma prejudicial para si e para os outros. Em contrapartida, a fim de burilar o seu caráter, no âmbito dos valores morais, passará por experiências e situações que o motivem a isso. 

Percebendo a importância do período infantil, Allan Kardec propôs aos Benfeitores Espirituais a seguinte questão:

Qual é, para este [o Espírito], a utilidade de passar pelo estado de infância?

 - Encarnando, com o objetivo de se aperfeiçoar, o Espírito, durante esse período, é mais acessível às impressões que recebe, capazes de lhe auxiliarem o adiantamento, para o que devem contribuir os incumbidos de educá-lo. (Allan Kardec, O livro dos Espíritos) - questão 383. 

A infância é, pois, o período propício para que sejam introjetados no íntimo do espírito recentemente reencarnado os novos valores, através da aquisição de hábitos, condutas, vivências que o enriqueçam e preparem para o decurso de sua vida terrena.

Autora: Suely Caldas Schubert
Livro: Mediunidade e Obsessão em crianças

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