"A infância ainda tem outra utilidade. Os
espíritos só entram na vida corporal para se
aperfeiçoarem, para se melhorarem. A
delicadeza da idade infantil os torna brandos,
acessíveis aos conselhos da experiência e dos
que devem fazê-los progredir.
Nessa fase é
que se lhes pode reformar os caracteres e
reprimir os maus pendores. Tal o dever que
Deus impôs aos pais, missão sagrada de que
terão que dar conta, ..." Allan Kardec "O Livro
dos Espíritos", questão 385.
Emmanuel, no prefácio do livro "Missionários
da Luz", intitulado "Ante os Tempos Novos",
informa que André Luiz retorna: "( ... )
esclarecendo que o homem é um Espírito
eterno habitando temporariamente o templo
vivo da carne terrestre; que o perispírito não é
um corpo de vaga neblina e, sim, organização
viva a que se amoldam as células materiais;
que a alma, em qualquer parte, recebe,
segundo as suas criações individuais; que os
laços do amor e do ódio nos acompanham em
qualquer círculo da vida; que outras atividades
são desempenhadas pela consciência
encarnada, além da luta vulgar de cada dia;
que a reencarnação é orientada por sublimes
ascendentes espirituais e que, além do
sepulcro, a alma continua lutando e
aprendendo, aperfeiçoando-se e servindo aos
desígnios do Senhor, crescendo sempre para a glória imortal a que o Pai nos destinou".
(Missionários da Luz, Emmanuel)
O ser humano não é apenas o resultado do
encontro de um espermatozóide e um óvulo,
que dá origem ao zigoto, mas acima de tudo,
um espírito que retorna ao cenário terreno
com uma nova proposta de vida, com todo o
seu cabedal de aquisições, conhecimentos e
expectativas e que, após a fecundação, se liga,
através do seu perispírito, à nova forma física
que se inicia.
Milhares de transformações acontecem então,
num processo que nada tem de casual,
evidentemente obedecendo às leis da
genética, mas trazendo no seu bojo, no fulcro
mais recôndito, a presença do espírito
reencarnante, que influencia vibratoriamente,
com toda a sua carga energética, a seqüência
desencadeada.
Esta a gênese da vida física. A presença do
espírito é fator determinante e indica que o
feto não é apenas um amontoado de células
que se organizam de forma automatizada,
mas, sim, um ser humano que regressa ao
plano material, com seus sentimentos,
virtudes e paixões e, acima de tudo, que
necessita da sagrada oportunidade de um
novo corpo físico.
A exemplo da crisálida da borboleta, pode-se
dizer que a veste física é o casulo da vida, ao
qual o espírito está profundamente vinculado,
para que ocorra, na experiência
reencarnatória, durante o tempo necessário, o maravilhoso processo de sua transformação e
aperfeiçoamento, que, ao final, rompendo-se o
casulo pela morte, permitirá que o voo de
libertação enfim aconteça.
No livro acima citado, André Luiz descreve com
detalhes os preparativos que antecedem o
retorno do espírito Segismundo ao mundo
corporal.
Segundo este autor espiritual, expressivo
número de reencarnações são precedidas por
um planejamento meticuloso, que engloba
desde a escolha dos pais, o meio em que
acontecerá o retorno até minuciosas
providências com relação ao corpo carnal que
registrará as sequelas, as distonias ou o
equilíbrio, a harmonia que expressam as
aquisições do espírito através de seu campo
perispiritual.
Vale ressaltar, a esta altura, conforme instrui
Joanna de Ângelis, que:
"Os sofrimentos
humanos de natureza cármica podem
apresentar-se sob dois aspectos que se
complementam: provação e expiação. Ambos
objetivam educar ou reeducar, predispondo as
criaturas ao inevitável crescimento íntimo, na
busca da plenitude que as aguarda".
(Plenitude, Joanna de Ângelis)
Como se pode inferir, estes dois aspectos
expressam as condições evolutivas do espírito
reencarnante.
Registra Allan Kardec, em "O Evangelho
Segundo o Espiritismo", ao enfocar as diferentes categorias de mundos habitados
(Allan Kardec, O Evangelho Segundo o
Espiritismo), que a nossa Terra está
classificada entre aqueles de provas e
expiações. O que quer dizer que a Humanidade
que habita o Planeta está neste patamar
evolutivo. Portanto, a nossa casa planetária
está concorde com seus habitantes.
Em decorrência, os espíritos encarnados e
desencarnados que integram a população
total do globo terrestre apresentam-se nestas
mesmas condições (Exceção de determinados
espíritos que reencarnam em missão no
Planeta) e cada um terá a programação
espiritual que lhe for mais benéfica e
produtiva.
Ao ser programado o retorno de um espírito,
se este estiver no nível de provação, terá
condições de solicitar alguma experiência que
lhe pareça necessária, propor algo, como
também ouvirá as ponderações e orientações
de seus guias espirituais, que analisarão sua
ficha espiritual e as probabilidades de êxito, de
acordo com as tendências, conquistas e
comprometimentos relacionados com as
experiências pregressas.
Não se pode perder de vista o fato de que o
espírito, quando desencarnado, tem outro
entendimento acerca da sua própria situação,
exceção, é claro, dos que ainda estão
cristalizados em condutas de rebeldia perante
as Leis Divinas, que cultivam a crueldade e a
violência.
Assim, o espírito cônscio de sua real condição sentirá, em seu mundo íntimo, a
necessidade imperiosa de ressarcir os erros do
passado.
Vejamos como a Benfeitora Joanna assinala as
características do quadro provacional:
"As provações se manifestam, desta forma, de
maneira suave, lenificadora no seu conteúdo e
abençoada nas suas finalidades. Sem o caráter
punitivo, educam de forma consciente,
incitando ao aproveitamento da ocasião em
forma eficiente e mais lucrativa, com o que
equipam aqueles que as experimentam, para
que se convertam em exemplos, apóstolos do
amor, do sofrimento, missionários do bem,
mártires dos ideais que esposam, mesmo que
no anonimato dos testemunhos, sempre se
tornando modelos dignos de serem imitados
por outras pessoas.
As provações mudam de curso, suavizando-se
ou agravando-se conforme o desempenho do
espírito". (Joanna de Ângelis, Plenitude)
Portanto, a programação delineada poderá ser
alterada, amenizada, desde que a vivência, no
plano físico, expresse uma característica
altruística, empenho no bem e esforço de
melhoria íntima.
Caso o espírito reencarnado,
no uso de seu livre-arbítrio, esquecido de seus
compromissos e fascinado por certas condutas
terrenas, nas quais imperam os vícios e
desequilíbrios, optar por estas experiências,
terá, como é natural, um agravamento de sua
situação.
Isto, porém, não significa retrocesso,
visto que o espírito não retroage. "O Livro dos Espíritos", perg. 398-a: porquanto o Espírito é
suscetível de se adiantar ou de parar; nunca,
porém, de retroceder",
As expiações, entretanto, expressam situações
mais graves e, por isso mesmo, são impostas e
irrecusáveis. Segundo Joanna, constituem:
"medicação eficaz, a cirurgia corretiva para o
mal que se agravou",
Sua diferença primordial, em relação às
provações, reside no fato de que estas
promovem o indivíduo através do sofrimento
reparador, enquanto que as expiações visam a
restaurar o equilíbrio perdido, ao tempo em
que reconduzem o infrator à posição espiritual
em que se encontrava, antes da queda
desastrosa.
Os quadros expiatórios traduzem situações de
maior gravidade, não sendo possível uma
mudança de curso, embora possam ser
atenuados, dependendo da conduta daquele
que está submetido a tais experiências.
É
importante ter em mente que a dor não é uma
punição divina, mas um processo educativo
ínsito na Lei de Ação e Reação.
Quando
agredimos a Lei Divina, esta, nos seus
perfeitos mecanismos, nos propiciará a reação
correspondente aos atos danosos praticados.
Isto, como é óbvio, ocorre igualmente em
relação às ações altruísticas que realizamos.
"Cada ser vive com a consciência que
estrutura", enfatiza a mentora citada.
Podemos observar entre os quadros
expiatórios as ocorrências de limitações
orgânicas e mentais graves, as patologias
congênitas irreversíveis, enfermidades
degenerativas, alguns tipos de câncer, certos
tipos de transtornos mentais. São recursos
educativos para o infrator reincidente e
rebelde.
Diante destas explicações, extremamente
justas porque abrangem todos os seres
humanos na sua escalada evolutiva, embora
apresentem infinitas gradações de acordo com
o patamar evolutivo de cada um, trazem no
seu bojo a presença permanente da
Misericórdia Divina a velar e amparar a todos
os seus filhos.
De nossa parte, diante de nossos irmãos que
estão vivenciando expiações dolorosas,
devemos ter o cuidado e a sensibilidade de não
os rotularmos como criminosos, trânsfugas
das divinas leis, pois existem outras situações
para as quais devemos atentar, além de
expressarmos uma maneira negativa e, até
mesmo, descaridosa. Quanto mais não seja
porque, quem sabe, talvez em nosso passado
tivéssemos a mesma conduta que hoje
recriminamos ou condenamos.
Joanna de Ângelis enfoca nesse mesmo livro, a
questão das aparentes expiações - seres que,
em nome do amor, escolheram situações de
grande sofrimento para exemplificarem
coragem, paciência, resignação ou mesmo um alerta e um convite para uma vivência
espiritualizada junto aos que os cercam.
Jesus é o exemplo máximo. Na mesma linha
estão Francisco de Assis, Helen Keller e alguns
outros vultos que não expurgavam débitos e
se constituíram em lições vivas de amor à
humanidade.
Huberto Rohden, autor espiritualista, fala a
respeito e menciona ser um "sofrimento crédito".
(Huberto, Rohden, Por que sofremos)
No Evangelho de João, cap. 9, nos itens 1 a 41,
encontramos a cura do cego de nascença, que
é um excelente e belo exemplo de sofrimento crédito.
Analisemos o trecho a seguir:
"E, passando Jesus, viu um homem cego de
nascença.
E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo:
Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que
nascesse cego?
Jesus respondeu: Nem ele pecou nem seus
pais; mas foi assim para que se manifestassem
nele as obras de Deus". (O novo testamento)
Não está muito claro o texto evangélico?
Voltemos agora a André Luiz.
Usando como exemplo o processo
reencarnatório de Segismundo, que retornaria
à esfera terrena com o propósito de
rearmonizar-se com desafetos do passado,
André evidencia a cuidadosa programação que
antecede o momento do nascimento, o que nos enseja conhecer um pouco a trajetória do ser
em suas etapas evolutivas.
Assim, já sabemos que, acima de tudo,
esplende o espírito imortal, que imprime na
organização fetal, através de seu perispírito,
os seus conteúdos energéticos, para escrever
mais um capítulo da sua história pessoal.
ndré Luiz esclarece quanto a outros
processos reencarnatórios, que vale
mencionar.
É importante ressaltar, ainda, que cada um de
nós conta com orientadores espirituais,
espíritos amigos, que se interessam pelo
nosso progresso e, em especial, com aquele
que é denominado anjo-de-guarda. Este é o
espírito protetor, que vela mais diretamente
pelo reencarnado. Todos os seres humanos
contam com essa proteção. Mas é preciso
evidenciar, desde já, que também nos
observam, nos cercam, nos acompanham e até
podem chegar a perseguir-nos os que
prejudicamos no passado, agora desejosos de
promover e assistir aos nossos insucessos.
Até a idade de sete anos, o espírito protetor
está bem próximo de seu protegido. Por essa
época, o processo reencarnatório está
consolidado, e esse bom amigo passará a
segui-lo a certa distância, permitindo-lhe,
gradualmente, o exercício do livre-arbítrio e o
crescimento pessoal à custa do próprio
esforço. Mas sempre estará emitindo ideias e
instruções que o ajudem nas suas escolhas.
O espírito vem, portanto, reaprender a vida e,
a partir das novas experiências, reconstruir o
seu mundo íntimo, através dos reajustamentos
que possa conseguir com seus credores e com
os demais que lhe enriquecerão o convívio
pessoal.
A importância da missão dos pais avulta, nesse
contexto, conforme ressalta Allan Kardec, no
cap. XXVIII, item 53, de "O Evangelho
Segundo o Espiritismo":
"O encargo de lhes guiar os primeiros passos e
de encaminhá-los para o bem cabe a seus pais,
que responderão perante Deus pelo
desempenho que derem a este mandato. Para
facilitar-lhes, foi que Deus fez do amor paterno
e do amor filial uma lei da Natureza, lei que
jamais se transgride impunemente". (Joanna
de Ângelis, Plenitude).
Livro: Mediunidade e obsessão em crianças
Autora: Suely caldas Schubert
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