quinta-feira, 9 de agosto de 2018

A IMPORTÂNCIA DA PRIMEIRA FASE DA INFÂNCIA PARA A PROGRAMAÇÃO ESPIRITUAL

"A infância ainda tem outra utilidade. Os espíritos só entram na vida corporal para se aperfeiçoarem, para se melhorarem. A delicadeza da idade infantil os torna brandos, acessíveis aos conselhos da experiência e dos que devem fazê-los progredir. 

Nessa fase é que se lhes pode reformar os caracteres e reprimir os maus pendores. Tal o dever que Deus impôs aos pais, missão sagrada de que terão que dar conta, ..." Allan Kardec "O Livro dos Espíritos", questão 385. 

Emmanuel, no prefácio do livro "Missionários da Luz", intitulado "Ante os Tempos Novos", informa que André Luiz retorna: "( ... ) esclarecendo que o homem é um Espírito eterno habitando temporariamente o templo vivo da carne terrestre; que o perispírito não é um corpo de vaga neblina e, sim, organização viva a que se amoldam as células materiais; que a alma, em qualquer parte, recebe, segundo as suas criações individuais; que os laços do amor e do ódio nos acompanham em qualquer círculo da vida; que outras atividades são desempenhadas pela consciência encarnada, além da luta vulgar de cada dia; que a reencarnação é orientada por sublimes ascendentes espirituais e que, além do sepulcro, a alma continua lutando e aprendendo, aperfeiçoando-se e servindo aos desígnios do Senhor, crescendo sempre para a glória imortal a que o Pai nos destinou". (Missionários da Luz, Emmanuel) 

O ser humano não é apenas o resultado do encontro de um espermatozóide e um óvulo, que dá origem ao zigoto, mas acima de tudo, um espírito que retorna ao cenário terreno com uma nova proposta de vida, com todo o seu cabedal de aquisições, conhecimentos e expectativas e que, após a fecundação, se liga, através do seu perispírito, à nova forma física que se inicia. 

Milhares de transformações acontecem então, num processo que nada tem de casual, evidentemente obedecendo às leis da genética, mas trazendo no seu bojo, no fulcro mais recôndito, a presença do espírito reencarnante, que influencia vibratoriamente, com toda a sua carga energética, a seqüência desencadeada.

Esta a gênese da vida física. A presença do espírito é fator determinante e indica que o feto não é apenas um amontoado de células que se organizam de forma automatizada, mas, sim, um ser humano que regressa ao plano material, com seus sentimentos, virtudes e paixões e, acima de tudo, que necessita da sagrada oportunidade de um novo corpo físico. 

A exemplo da crisálida da borboleta, pode-se dizer que a veste física é o casulo da vida, ao qual o espírito está profundamente vinculado, para que ocorra, na experiência reencarnatória, durante o tempo necessário, o  maravilhoso processo de sua transformação e aperfeiçoamento, que, ao final, rompendo-se o casulo pela morte, permitirá que o voo de libertação enfim aconteça. 

No livro acima citado, André Luiz descreve com detalhes os preparativos que antecedem o retorno do espírito Segismundo ao mundo corporal. Segundo este autor espiritual, expressivo número de reencarnações são precedidas por um planejamento meticuloso, que engloba desde a escolha dos pais, o meio em que acontecerá o retorno até minuciosas providências com relação ao corpo carnal que registrará as sequelas, as distonias ou o equilíbrio, a harmonia que expressam as aquisições do espírito através de seu campo perispiritual. 

Vale ressaltar, a esta altura, conforme instrui Joanna de Ângelis, que: 

"Os sofrimentos humanos de natureza cármica podem apresentar-se sob dois aspectos que se complementam: provação e expiação. Ambos objetivam educar ou reeducar, predispondo as criaturas ao inevitável crescimento íntimo, na busca da plenitude que as aguarda". (Plenitude, Joanna de Ângelis) 

Como se pode inferir, estes dois aspectos expressam as condições evolutivas do espírito reencarnante. Registra Allan Kardec, em "O Evangelho Segundo o Espiritismo", ao enfocar as diferentes categorias de mundos habitados (Allan Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo), que a nossa Terra está classificada entre aqueles de provas e expiações. O que quer dizer que a Humanidade que habita o Planeta está neste patamar evolutivo. Portanto, a nossa casa planetária está concorde com seus habitantes. Em decorrência, os espíritos encarnados e desencarnados que integram a população total do globo terrestre apresentam-se nestas mesmas condições (Exceção de determinados espíritos que reencarnam em missão no Planeta) e cada um terá a programação espiritual que lhe for mais benéfica e produtiva.

 Ao ser programado o retorno de um espírito, se este estiver no nível de provação, terá condições de solicitar alguma experiência que lhe pareça necessária, propor algo, como também ouvirá as ponderações e orientações de seus guias espirituais, que analisarão sua ficha espiritual e as probabilidades de êxito, de acordo com as tendências, conquistas e comprometimentos relacionados com as experiências pregressas. 

Não se pode perder de vista o fato de que o espírito, quando desencarnado, tem outro entendimento acerca da sua própria situação, exceção, é claro, dos que ainda estão cristalizados em condutas de rebeldia perante as Leis Divinas, que cultivam a crueldade e a violência. 

Assim, o espírito cônscio de sua real condição sentirá, em seu mundo íntimo, a necessidade imperiosa de ressarcir os erros do passado. 

Vejamos como a Benfeitora Joanna assinala as características do quadro provacional: 

"As provações se manifestam, desta forma, de maneira suave, lenificadora no seu conteúdo e abençoada nas suas finalidades. Sem o caráter punitivo, educam de forma consciente, incitando ao aproveitamento da ocasião em forma eficiente e mais lucrativa, com o que equipam aqueles que as experimentam, para que se convertam em exemplos, apóstolos do amor, do sofrimento, missionários do bem, mártires dos ideais que esposam, mesmo que no anonimato dos testemunhos, sempre se tornando modelos dignos de serem imitados por outras pessoas. 

As provações mudam de curso, suavizando-se ou agravando-se conforme o desempenho do espírito". (Joanna de Ângelis, Plenitude) Portanto, a programação delineada poderá ser alterada, amenizada, desde que a vivência, no plano físico, expresse uma característica altruística, empenho no bem e esforço de melhoria íntima. 

Caso o espírito reencarnado, no uso de seu livre-arbítrio, esquecido de seus compromissos e fascinado por certas condutas terrenas, nas quais imperam os vícios e desequilíbrios, optar por estas experiências, terá, como é natural, um agravamento de sua situação

Isto, porém, não significa retrocesso, visto que o espírito não retroage. "O Livro dos Espíritos", perg. 398-a: porquanto o Espírito é suscetível de se adiantar ou de parar; nunca, porém, de retroceder", 

As expiações, entretanto, expressam situações mais graves e, por isso mesmo, são impostas e irrecusáveis. Segundo Joanna, constituem: "medicação eficaz, a cirurgia corretiva para o mal que se agravou", 

Sua diferença primordial, em relação às provações, reside no fato de que estas promovem o indivíduo através do sofrimento reparador, enquanto que as expiações visam a restaurar o equilíbrio perdido, ao tempo em que reconduzem o infrator à posição espiritual em que se encontrava, antes da queda desastrosa. 

Os quadros expiatórios traduzem situações de maior gravidade, não sendo possível uma mudança de curso, embora possam ser atenuados, dependendo da conduta daquele que está submetido a tais experiências. 

É importante ter em mente que a dor não é uma punição divina, mas um processo educativo ínsito na Lei de Ação e Reação. 

Quando agredimos a Lei Divina, esta, nos seus perfeitos mecanismos, nos propiciará a reação correspondente aos atos danosos praticados. 

Isto, como é óbvio, ocorre igualmente em relação às ações altruísticas que realizamos. "Cada ser vive com a consciência que estrutura", enfatiza a mentora citada. 

Podemos observar entre os quadros expiatórios as ocorrências de limitações orgânicas e mentais graves, as patologias congênitas irreversíveis, enfermidades degenerativas, alguns tipos de câncer, certos tipos de transtornos mentais. São recursos educativos para o infrator reincidente e rebelde. 

Diante destas explicações, extremamente justas porque abrangem todos os seres humanos na sua escalada evolutiva, embora apresentem infinitas gradações de acordo com o patamar evolutivo de cada um, trazem no seu bojo a presença permanente da Misericórdia Divina a velar e amparar a todos os seus filhos. 

De nossa parte, diante de nossos irmãos que estão vivenciando expiações dolorosas, devemos ter o cuidado e a sensibilidade de não os rotularmos como criminosos, trânsfugas das divinas leis, pois existem outras situações para as quais devemos atentar, além de expressarmos uma maneira negativa e, até mesmo, descaridosa. Quanto mais não seja porque, quem sabe, talvez em nosso passado tivéssemos a mesma conduta que hoje recriminamos ou condenamos.

Joanna de Ângelis enfoca nesse mesmo livro, a questão das aparentes expiações - seres que, em nome do amor, escolheram situações de grande sofrimento para exemplificarem coragem, paciência, resignação ou mesmo um alerta e um convite para uma vivência espiritualizada junto aos que os cercam. 

Jesus é o exemplo máximo. Na mesma linha estão Francisco de Assis, Helen Keller e alguns outros vultos que não expurgavam débitos e se constituíram em lições vivas de amor à humanidade. 

Huberto Rohden, autor espiritualista, fala a respeito e menciona ser um "sofrimento crédito". (Huberto, Rohden, Por que sofremos) 

No Evangelho de João, cap. 9, nos itens 1 a 41, encontramos a cura do cego de nascença, que é um excelente e belo exemplo de sofrimento crédito. 

Analisemos o trecho a seguir: "E, passando Jesus, viu um homem cego de nascença. E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Jesus respondeu: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se manifestassem nele as obras de Deus". (O novo testamento) 

Não está muito claro o texto evangélico? Voltemos agora a André Luiz. 

Usando como exemplo o processo reencarnatório de Segismundo, que retornaria à esfera terrena com o propósito de rearmonizar-se com desafetos do passado, André evidencia a cuidadosa programação que antecede o momento do nascimento, o que nos enseja conhecer um pouco a trajetória do ser em suas etapas evolutivas. 

Assim, já sabemos que, acima de tudo, esplende o espírito imortal, que imprime na organização fetal, através de seu perispírito, os seus conteúdos energéticos, para escrever mais um capítulo da sua história pessoal. 

ndré Luiz esclarece quanto a outros processos reencarnatórios, que vale mencionar. É importante ressaltar, ainda, que cada um de nós conta com orientadores espirituais, espíritos amigos, que se interessam pelo nosso progresso e, em especial, com aquele que é denominado anjo-de-guarda. Este é o espírito protetor, que vela mais diretamente pelo reencarnado. Todos os seres humanos contam com essa proteção. Mas é preciso evidenciar, desde já, que também nos observam, nos cercam, nos acompanham e até podem chegar a perseguir-nos os que prejudicamos no passado, agora desejosos de promover e assistir aos nossos insucessos. 

Até a idade de sete anos, o espírito protetor está bem próximo de seu protegido. Por essa época, o processo reencarnatório está consolidado, e esse bom amigo passará a segui-lo a certa distância, permitindo-lhe, gradualmente, o exercício do livre-arbítrio e o crescimento pessoal à custa do próprio esforço. Mas sempre estará emitindo ideias e instruções que o ajudem nas suas escolhas. 

O espírito vem, portanto, reaprender a vida e, a partir das novas experiências, reconstruir o seu mundo íntimo, através dos reajustamentos que possa conseguir com seus credores e com os demais que lhe enriquecerão o convívio pessoal.

A importância da missão dos pais avulta, nesse contexto, conforme ressalta Allan Kardec, no cap. XXVIII, item 53, de "O Evangelho Segundo o Espiritismo": 

"O encargo de lhes guiar os primeiros passos e de encaminhá-los para o bem cabe a seus pais, que responderão perante Deus pelo desempenho que derem a este mandato. Para facilitar-lhes, foi que Deus fez do amor paterno e do amor filial uma lei da Natureza, lei que jamais se transgride impunemente". (Joanna de Ângelis, Plenitude). 

Livro: Mediunidade e obsessão em crianças
Autora: Suely caldas Schubert

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