CAPÍTULO XXV
BUSCAI E ACHAREIS
Ajuda-te e o céu te ajudará. –
Observai os pássaros do céu. – Não vos inquieteis pela posse do ouro.
OBSERVAI OS PÁSSAROS DO CÉU.
Jesus
disse...
Não vos inquieteis por saber onde achareis do
que comer para o sustento de vossa vida., nem onde tirareis roupas para vestir
o vosso corpo. A vida não é mais que o alimento e o corpo mais que a roupa?
Observai os pássaros no céu. Eles não semeiam
e não colhem, e não amontoam nada nos celeiros, mas vosso Pai celestial os
sustenta. Porventura não sois muito mais do que eles? E qual de vós,
discorrendo, pode acrescentar um côvado à sua estatura?
E por que andais vós solícitos pelo vestido?
Considerai como crescem os lírios do campo; eles não trabalham nem fiam;
digo-vos mais, que nem Salomão, em toda a sua glória, se cobriu jamais como um
destes. Pois se ao feno do campo, que hoje é e amanhã é lançado no forno. Deus
veste assim, quanto mais a vós, homens de pouca fé?
Não
vos aflijais, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos
cobriremos? Porque os gentios é que se cansam por estas coisas. Porquanto vosso
Pai sabe que tendes necessidade de todas elas. Buscai primeiramente o Reino de
Deus e a sua justiça, e todas estas coisas se vos acrescentarão. E assim não andeis inquietos pelo dia de
amanhã. Porque o dia de amanhã a si mesmo trará seu cuidado; ao dia basta a sua
própria aflição. (Mateus, 19-21,
25-34).
Se tomássemos estas palavras ao pé da letra, elas seriam a negação de toda a
previdência e de todo o trabalho, e consequentemente, de todo o progresso.
Segundo esse
princípio, o homem se reduziria a um expectador passivo. Suas forças físicas e
intelectuais não seriam postas em atividade.
Se essa tivesse
sido a sua condição normal na Terra, ele jamais sairia do estado primitivo, e
se adotasse agora esse princípio, não teria mais nada a fazer. É evidente que
não poderia ter sido esse o pensamento de Jesus, porque estaria em contradição
com o que ele já dissera em outras ocasiões, como no tocante às leis da
natureza.
Deus criou o homem sem roupas e
sem casa, mas deu-lhe a inteligência para produzi-las.(Ver cap.
XIV, nº 6 e cap. XXV, nº 2).
Se nem sempre os socorre com
ajuda material, inspira-lhes os meios de saírem por si mesmos de suas
dificuldades.
O necessário e o supérfluo...
Deus conhece as nossas necessidades, e a elas provê, conforme for necessário.
Mas o homem, insaciável nos seus desejos, nem sempre contenta-se com o que tem.
O necessário não lhe basta, ele quer também o supérfluo. É então
que a Providência o entrega a si mesmo.
Frequentemente ele se torna infeliz por sua própria culpa, e por
não haver atendido as advertências da voz da consciência, e Deus o deixa sofrer
as consequências, para que isso lhe sirva de lição no futuro.
A Terra...
A Terra produz o suficiente para alimentar a todos os seus
habitantes.
Quando os homens souberem administrar a sua produção, segundo as
leis de justiça, caridade e amor ao próximo. Quando a fraternidade reinar entre
os povos, como entre as províncias de um mesmo império, o que sobrar para um
determinado momento, suprirá a insuficiência momentânea de outro, e todos terão
o necessário.
O rico...
O rico, então, considerará a si mesmo como um homem que possui
grandes depósitos de sementes: se as distribuir, elas produzirão ao cêntuplo,
para ele e para os outros; mas, se as comer sozinho, se as desperdiçar e deixar
que se perca o excedente do que comeu, elas nada produzirão, e todos ficarão em
necessidade. Se as fechar no seu celeiro, os insetos as devorarão.
Jesus ensinou...
Não amontoeis tesouros na Terra, pois são perecíveis, mas
amontoai-os no céu, onde são eternos. Em outras palavras: não deis mais
importância aos bens materiais do que aos espirituais, e aprendei a sacrificar
os primeiros em favor dos segundos.
Tarefa do Espiritismo...
Não é através de leis que se decretam a caridade e a fraternidade. Se elas não
estiverem no coração, o egoísmo as asfixiará sempre. Fazê-las ali penetrar, é a
tarefa do Espiritismo.
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