CAPÍTULO XXVI
DAI GRATUITAMENTE O QUE
RECEBESTES GRATUITAMENTE
Dom de curar. – Preces pagas. –
Vendilhões expulsos do templo. Mediunidade gratuita.
· Guardai-vos dos escribas, que ostentam
passeando com longas túnicas, e gostam de ser saudados nas praças, e das
primeiras cadeiras nas sinagogas, e dos primeiros assentos nos banquetes; que
devoram as casas das viúvas, fingindo largas orações. Estes tais receberão
maior condenação. (Lucas, XX: 45-47, e semelhantes em Marcos, XIII: 38-40;
Mateus, XXIII: 14).
·
Não façais que as vossas preces sejam pagas; não façais como os escribas, que “a
pretexto de longas preces, se
apossam das fortunas das viúvas.
Caridade...
·
A prece é um ato de caridade, um impulso do
coração;
·
Fazer pagar
aquelas que dirigimos a Deus pelos outros, é nos transformamos em
intermediários assalariados. A prece se transforma, então, numa fórmula que é
cobrada segundo o seu tamanho.
·
Ora, das
duas, uma: Deus mede ou não mede as suas graças pelo número das palavras; e se
forem necessárias muitas, como dizer apenas algumas, ou quase nada, por aquele
que não pode pagar? Isso é uma falta de caridade. E se uma palavra é
suficiente, as demais são inúteis. Então, como cobrá-las? É uma prevaricação.
Deus não vende os seus benefícios, mas concede-os.
A razão, o bom senso, a lógica, dizem-nos que Deus, a perfeição absoluta,
não pode delegar a criaturas imperfeitas o direito de estabelecer preços para a
sua justiça. Pois a justiça de Deus é como o Sol, que se distribui para todos,
para o pobre como para o rico.
Das preces pagas...
Têm ainda outro inconveniente; é que aquele que as compra se
julga, no mais das vezes, dispensado de orar por si mesmo, pois se considera
livre dessa obrigação, desde que deu o seu dinheiro.
Sabemos que os Espíritos são tocados pelo fervor do pensamento dos
que se interessam por eles.
-Mas qual pode ser o fervor daquele que paga um terceiro para orar
por ele?
- E qual o fervor desse terceiro, quando delega o mandato a outro,
e este a outro, e assim por diante?
- Não é isso reduzir a eficácia da prece ao valor da moeda
corrente?
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