quarta-feira, 16 de março de 2016

Você se considera feliz?

O maior desejo do ser humano atualmente é ser feliz. O conceito de felicidade parece ter uma gama de interpretações de acordo com as vivências de cada pessoa.

O que pode ser percebido é que há uma insatisfação nas pessoas com relação ao que realmente necessitam na vida, e atribuem esses anseios à busca pela felicidade. Ter mais dinheiro, ou até ser rico; ter amor ou ser amado; ser simples ou ter uma vida mais tranquila; ter mais saúde ou viver com saúde; trabalhar menos ou ter um emprego; ter filhos melhores ou ter um filho; almoçar em restaurantes luxuosos ou ter o que comer... o que para uns é ter mais do que possuem, para outros é ter o mínimo do que precisa. Ser feliz está muito associado ao que necessitamos e isso pode ser uma ótica inalcançável a depender do quanto trabalhamos para mudar a nossa realidade.

Por que não procurarmos valorizar o que temos? Esta é a pergunta que deveríamos fazer e buscar respostas dentro de nós mesmos.

Se isto é reflexo de uma sociedade consumista, fruto de uma lavagem cerebral realizada no século XIX com a Revolução Industrial, onde o ter era mais importante do que o ser ou simplesmente distorções de valores morais que foram construídos ao longo dos séculos, seja qual for a origem deste pensamento, vale a pena refletirmos sobre isto. Pode ser até que ambas as afirmações sejam verdadeiras, elas estão impregnadas em nosso “DNA”, pois são ideias difundidas tão sutilmente que nem percebemos que estamos propagando-as de geração em geração.

Valorizar o que temos não é nos conformar com nossa realidade, mas apreciar as graças alcançadas sem perdermos nossa esperança em realizar nossas metas e sonhos.

Vindo para o lado dos relacionamentos amorosos, crescemos ouvindo o discurso que seremos realmente felizes a dois e se encontrarmos nossa alma gêmea, assim, atribuindo ao outro a responsabilidade de nos fazer feliz. 

A sociedade machista dos séculos passados difundia o pensamento às meninas casadoras dizendo que elas iriam se preparar com dotes diversos (costurar, bordar, cozinhar, lavar etc) para cuidar de seu marido, filhos, da casa, e ser feliz com isso, ou seja, sua submissão seria suficiente para ela encontrar a felicidade enquanto que aos moços era atribuído o dever de cuidar do lado material da família e assim ter uma família feliz. Mesmo com as mudanças de posturas adquiridas com as lutas de igualdade de gênero, ainda permeia em nossa sociedade essa divisão estipulada por nossos avós, em que mulher é de casa e o coração da família enquanto que o homem é do mundo e mantenedor do lar.

Graças a Deus isso não é mais via de regra e, hoje, ambos, homem e mulher se tornaram capazes de ser auto-suficientes, dividindo a responsabilidade pelo afeto e o material numa família.

A felicidade está dentro de nós e cabe a nós descobrir onde ela está.
Pai João no livro Abraço de Pai João de Wanderley Oliveira, nos alerta que alma gêmea não existe, que não precisamos de ninguém para ser realmente felizes; não existe essa ideia de que almas possam ser divididas e que só seremos felizes se encontramos nossa outra metade e assim nos sentirmos completos. 

Devemos retirar essa visão de falsa plenitude, divisionismo do ser, devemos por outro lado, mostrar aos nossos filhos e a nós mesmos que temos todos os recursos para ser plenos no que somos e fazemos, basta acreditamos na Lei do Progresso e alimentarmos a vontade para atingir nossos objetivos.

Este conceito de alma gêmea acaba nos forçando a idealizar o(a) companheiro(a) ideal, geralmente seguindo a nossa visão egoísta do que seria bom para nós, ou seja, este ser fantasioso deverá ter atributos que massageiem nosso ego ao reafirmar nossos valores e qualidades ou que nos supra quando este possuir qualidades que não temos e até pior, qualidades que não ansiamos ter, novamente retomando uma visão de total conformismo. Dizemos: sou assim e não quero mudar. Errado!

Não existe alguém perfeito, o ser mais perfeito que andou pela terra foi Jesus e este por sua vez foi crucificado. Amar é valorizar as qualidades do outro em detrimento de suas imperfeições e principalmente permitir que o outro pratique o auto-burilamento. 

“Ninguém muda ninguém” a mudança deve partir de uma busca pessoal. É um exercício que deveria ser praticado mutuamente, por todos os envolvidos numa relação.

Refletir sobre nossas imperfeições, realizando a autoavaliação e autocrítica é o primeiro passo para sermos felizes, o segundo é praticarmos a reforma íntima, traçar metas para mudar pensamentos e ações que alimentam estas nossas imperfeições.

895. À parte os defeitos e os vícios sobre os quais ninguém se enganaria, qual é o indício mais característico da imperfeição? -- O interesse pessoal. As qualidades morais são geralmente como a douração de um objeto de cobre, que não resiste à pedra de toque. Um homem pode possuir qualidades reais que o fazem para o mundo um homem de bem; mas essas qualidades, embora representem um progresso, não suportam em geral a certas provas e basta ferir a tecla do interesse pessoal para se descobrir o fundo. O verdadeiro desinteresse é de fato tão raro na Terra que se pode admirá-lo como a um fenômeno, quando ele se apresenta. O apego às coisas materiais é um indício notório de inferioridade, pois quanto mais o homem se apega aos bens deste mundo, menos compreende o seu destino. Pelo desinteresse, ao contrário, ele prova que vê o futuro de um ponto de vista mais elevado.

KARDEC. O Livro dos Espíritos. Livro III, Cap. XII.

 Perfeição Moral

Acreditar que podemos ser melhores é acreditar em nós mesmos, é buscar em nós algo melhor do que já somos, isto é nada mais que se amar, tem a ver com a elevação da autoestima e que por sua vez amplia a nossa luz, a chamada beleza interior que pode não ser vista a olho nu, mas é sentida por todos que nos cercam e que pode ser um bom meio de definir aquelas pessoas que irão fazer parte de nossa vida, seja no campo profissional, de amizades e até sentimental, a lei da sintonia.

Se amar é ser feliz com você mesmo, fazer as coisas que nós gostamos e nos faz bem, seguindo o nosso coração, tomando como guia as leis divinas, o amor ao próximo e a caridade. Caso surja a possibilidade de viver uma relação, acreditar que os envolvidos deverão somar e não dividir a felicidade, despertando um no outro a vontade de evoluir.

Não existe fórmula para a felicidade, existe esta busca interior que nos dá prazer no presente e nos leva a idealizar o futuro. Vençamos a insatisfação sem ação que nos engessa a vontade. Procuremos nos preocupar apenas com o que está a nossa disposição no momento, dando um passo de cada vez, elevando o pensamento aos protetores que nos acompanham e que nos guiam no caminho para o bem viver.

Analise sua vida, olhe-se começando de dentro e depois amplie sua percepção ao que está a sua volta, veja a grandeza do existir, de estar vivo e busque em Deus a força para vencer seus desafios e tomar as melhores decisões. Sejamos mais reflexivos, ouvindo mais, e caso seja necessário, permitir um diálogo, saber ouvir e saber se colocar é importante para o bom andamento das relações interpessoais evitando assim as ações impulsivas.

Acredite em você, nos seus potenciais, busque seu equilíbrio emocional e espiritual, ser feliz é estar em paz consigo mesmo e com a vida, não a paz que muitas vezes dizemos num momento de descontrole (me deixe em paz!), mas a paz do Cristo que aceita sem murmurar suas provas, mantendo a alegria de viver e os ensinamentos da vida.

Sejam felizes.
15 de março de 2016
Robert Ferreira
Espírito Pe. Antonio Vieira



Referências Bibliográficas

KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad. de José Herculano Pires. 70.ed. São Paulo: LAKE, 2013.

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