Conhecimento de si mesmo
Inicialmente,
vamos trabalhar a nossa respiração para que possamos estar prontos para mais
essa viagem ao mundo espiritual. Comece concentrando-se no ritmo em você
respira. Respire profundamente, segure o ar nos pulmões por um instante.
Expire. Sinta a sua respiração suave, regular e profunda. Uma respiração
tranquila. Esse é o caminho para dentro de si. Você está entrando em um estado
de relaxamento e tranquilidade muito necessário à nossa viagem de hoje. Você
está em paz!
Meus
amigos, a nossa viagem de hoje é longa, muito longa.
Estamos
juntos subindo em direção ás nuvens e lá numa paisagem de muita paz, avistamos
uma espécie de transporte desconhecido por nós que nos levará a refletir em
situações muito antigas. Estamos caminhando rumo a Antiguidade. Questione-se
nesse momento: Quem sou eu na Antiguidade? Quais os sentimentos que me
acompanham a medida que vou chegando lá? Estamos juntos?
Seguimos
por uma estrada de barro, e no meio do caminho, vimos um movimento de pessoas
ao redor de homem. Homem sereno, de
barba fechada e bigode, usando um aparato na cabeça como de um rei, vestido com
uma túnica bordada, segurando um cajado à mão direita e um livro à mão
esquerda. Um sábio da Antiguidade. Ao nos aproximarmos, abriu-se a multidão em
volta do sábio para que ele pudesse nos receber.
Dirigindo-se
a nós, o sábio da antiguidade nos disse:
Conhece-te a ti mesmo. Eis o meio prático mais eficaz para se melhorar nesta
vida e resistir ao arrastamento do mal. Eis o único caminho para se
autotransformar!
Compreendemos
toda a sabedoria dessa máxima, porém a dificuldade está precisamente em se
conhecer a si próprio. Então, um de nós que estava a conduzir todo o
grupo, dirigido-se ao sábio da
antiguidade perguntou-lhe: O que devemos fazer para nos autoconhecer? E o sábio
respondeu: Para chegar a isso, fazei o que eu fazia quando vivi na Terra, disse
Santo Agostinho:
“No fim de
cada dia interrogava a minha consciência, passava em revista o que havia feito
e me perguntava a mim mesmo se não tinha faltado ao cumprimento de algum dever,
se ninguém teria tido motivos para se queixar de mim. Foi assim que cheguei a
me conhecer e a ver o que em mim, necessitava de reforma. Aquele que todas as noites
lembrar todas as ações do dia e se perguntasse o que fez de bem e de mal,
pedindo a Deus e ao seu Anjo Guardião, que o esclarecessem, adquiriria uma
grande força para se aperfeiçoar, porque, acreditai-me: Deus o assistirá.
Formulai,
portanto, as vossas perguntas, indagai o que fizestes e com que fito agistes em
determinadas circunstância, se fizestes alguma coisa que a censuraríeis nos
outros, se praticaste uma ação que não ousaríeis confessar. Perguntai ainda
isto: e aprouvesse a Deus chamar-me nesse momento, ao entrar no mundo dos
espíritos, onde nada é oculto, teria eu de temer o olhar de alguém? Examinei o
que pudésseis ter feito contra Deus, depois contra o próximo, e por fim contra
vôs mesmos. As respostas serão motivo de repouso para vossa consciência ou
indicarão um mal que deve ser curado.
O
conhecimento de si mesmo é portanto a chave do melhoramento individual.
Mas, direis, como julgar a si mesmo? Não se terá a ilusão do amor próprio, que
atenua as faltas e as torna desculpáveis? O avaro se julga simplesmente
econômico e previdente, o orgulhoso se considera tão somente cheio de
dignidade. Tudo isso é muito certo, mas tendes um meio de controle que não vos
pode enganar. Quando estais indecisos quanto ao valor de uma de vossas ações,
perguntai como a qualificaríeis se tivesse sido praticada por outra pessoa. Se
a censurardes em outro, ela não poderia ser mais legítima para vós, porque Deus
não usa de duas medidas para a justiça.
Procurai
também saber o que pensam os outros e não negligenciais a opinião de vossos
inimigos, porque eles não têm nenhum interesse em disfarçar a verdade e
realmente Deus os colocou ao vosso lado como um espelho, para vos advertirem
com mais franqueza do que o faria um amigo.
Que aquele
que tem a verdadeira vontade de se melhorar explore, portanto, a sua
consciência, a fim de arrancar dali as más tendências como arranca aas ervas
daninhas do seu jardim: que faça o balanço de sua jornada moral como o
negociante o faz de seus lucros e perdas, e eu vos asseguro que o primeiro será
mais proveitoso que o outro. Se ele puder dizer que a sua jornada foi boa, pode
dormir em paz e esperar sem temor o despertar na outra vida.
Formulai
portanto, perguntas claras e precisas e não temais multiplica-las; pode-se
muito bem consagrar alguns minutos à conquista da felicidade eterna. Não
trabalhais todos os dias para ajuntar o que vos dê repouso na velhice? Esse
repouso não é o objeto de todos os seus desejos, o alvo que vos permite sofrer
as fadigas e as privações passageiras? Pois bem: o que é esse repouso de alguns
dias, perturbado pelas enfermidades do corpo, ao lado daquilo que aguarda o
homem de bem? Isso não vale a pena de alguns esforços? Sei que muitos dizem que
o presente é positivo e o futuro é incerto. Ora, aí está, precisamente, o
pensamento que fomos encarregados de destruir em vossas mentes, pois desejamos
fazer-vos compreender esse futuro de maneira a que nenhuma dúvida possa restar
em vossa alma. Foi por isso que chamamos primeiro a vossa atenção para os
fenômenos da natureza que vos tocam os sentidos e depois vos demos instruções
que cada um de nós tem o dever de difundir. Foi com esse propósito que ditamos
“O Livro dos Espíritos”. (SANTO AGOSTINHO)
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