CARMA - EXPIAÇÕES E PROVAS
Adésio Alves Machado
Vamos tratar de temas que mexem com o discernimento de todos quantos se interessam por conhecer o funcionamento da Lei de DEUS, ainda mais quando todos trazemos no íntimo mnemônico a noção da existência de um DEUS que nos premia, ao acertarmos, e que nos castiga, ao errarmos.
Com a Doutrina Espírita, esse verdadeiro atavismo ancestral perdeu substância,tendo em vista que JESUS nos trouxe um DEUS de amor, e mais, que há uma lei de ação e reação, de causa e de efeito que regula e justicia os nossos atos.. Assim sendo, somos nós que nos felicitamos quando obedecemos a Lei de DEUS, e que sofremos quando a desrespeitamos. Ninguém, pois, é culpado pelo nosso destino ditoso ou inditoso, mas sim nós mesmos.
Esta realidade do funcionamento da Lei Divina em nossas vidas, deixa-nos bem tranquilos, porque passamos a saber que se encontra em nossas mãos o êxito de nossos empreendimentos, de nosso fim existencial.
Para se entender estas questões aqui apresentadas, importa começarmos por indagarmos: Que é carma? Que são provas e expiações? Carma é expressão vulgarizada entre os hindus, que em sânscrito significa “ação”, mas que a rigor designa “causa e efeito”, tendo em vista que todo movimento e toda ação procede de uma causa ou de impulsos anteriores. Esta palavra haverá de expressar sempre a conta de cada um de nós, englobando débitos e créditos que, em particular, nos digam respeito, que sejam de nossa responsabilidade.
“O carma é algo tão inflexível que pune quem nele acredita, se errar, e beneficia a quem nele não acreditar, se acertar”, dizia o desencarnado amigo Newton Boechat.
A fim de entendermos melhor a significação das expressões aqui em foco,vejamos como nos podemos situar sobre “a lei de causa e efeito”. Ela regula os nossos atos, as nossas ações e os nossos pensamentos. É por meio da pluralidade das existências que o Espiritismo nos ensina: os males e aflições por nós sofridas são expiações do passado, bem como que sofremos na vida presente as conseqüências das faltas que cometemos em existência anterior. Assim, até que tenhamos quitado a última dívida de nossas imperfeições, vamos prosseguir na seqüência de nossas reencarnações, vida após vida, na Terra, ou noutro mundo semelhante a ela.
A lei de ação e reação é a mesma coisa, ou seja, em virtude de sua aplicação em nossas vidas ser fatal, seremos ditosos ou desgraçados, aqui e além túmulo, na proporção do bem ou do mal que houvermos feito.
No linguajar popular, todas estas denominações são representadas pela expressão “lei do retorno”, pela qual cada um recebe de volta aquilo que tem dado.
Ainda mais, se quisermos recorrer à ciência, depararemos com a informação de que a toda ação corresponde uma reação igual e contrária, em sentido inverso.
Conclusão: a vida devolve o que a ela nós damos. Caso tenhamos dado o bem, receberemos o bem; em caso contrário, ela nos devolverá o mal que a ela tivermos feito.
Mas, perguntarão: quando eu faço mal a alguém é a vida que firo? Exatamente - esta é a resposta. Porque nosso compromisso é com a Vida. O semelhante é uma representação do que é a Vida. Desta forma, toda falta cometida por nós contra alguém, na verdade não a magoamos, não a ferimos, estamos magoando a Vida, e será Esta que nos virá cobrar o que a Ela devemos, sem dúvida.
Vamos dar um exemplo. Nós damos uma paulada numa pessoa. Imediatamente contraímos uma dívida porque este ato contra a Lei de DEUS acionou a Lei de Ação e Reação . Provocamos uma dor de intensidade X nessa pessoa “vítima” (na verdade não há vítima, há, sim, devedores resgatando dívidas do passado). Lembremos JESUS: “Há necessidade do escândalo (a paulada), mas ai daquele através do qual o escândalo venha“. Essa pessoa, já se encaminhando para a evangelização, pode nos perdoar pela paulada que lhe demos. No entanto, a dívida permanece, porque a Vida, a LEI, DEUS (usemos a expressão que quisermos) vai nos registrar na lista dos devedores, sob os auspícios da Lei de Ação e de Reação, ou Lei do Carma.
Como a LEI não precisa que a pessoa agredida reaja da mesma forma como foi agredida para que haja justiça, e o agressor assim responda pelo dolo cometido, pode acontecer que o agressor, passando por uma rua, seja atingido, pela queda de algum objeto, na cabeça, provocando-lhe aquela mesma dor X que ele causou na agredida criatura.
Outro exemplo: João quebrou o braço de José. Pode João, mais tarde, levar um tombo e também, como José, quebrar o braço e, nesta ocasião, sentir a mesma dor imposta a José, passando depois pelas mesmas dificuldades que este passou após ter o braço imobilizado.
Tratemos agora das provas e expiações, procurando, antes de irmos adiante, defini-las.
Joanna de Ângelis conceitua que, na prova, matriculamo-nos na escola para aprender, e que na expiação nos internamos no hospital para sofrer. E é exatamente isso que acontece. O planeta tanto é um educandário, como também um hospital, ambos sempre abertos para nos acolher.
“A provação é a luta que ensina ao discípulo rebelde e preguiçoso a estrada do trabalho e da edificação espiritual. A expiação é a pena imposta ao malfeitor que comete um crime”, afirma Emmanuel.
Quando nos sentirmos envolvidos por lutas morais, enfrentando humilhações, tendo que suportar pessoas agressivas, invejosas, ciumentas etc, saibamos que estamos diante da prova. Quando, entretanto, a dor nos bate violentamente, causando-nos grande sofrimento, não tenhamos dúvida, estamos expiando. Com os exemplos que se seguirão, acreditamos que será fácil todos compreenderem.
Recentemente, num choque aquático entre um barco à vela e uma lancha, um dos velejadores teve a perna, na altura da virilha, decepada pela hélice da lancha. A primeira pergunta que deve assomar ao cérebro de qualquer estudioso das leis divinas, é perguntar: por que foi ele o atingido e não o seu companheiro que se achava no mesmo barco? Era ele quem havia de enfrentar a internação num hospital e sentir a dor que, com certeza, no passado, fez um seu semelhante sofrer.
Diante de todo e qualquer acontecimento, principalmente os desastres com vítimas fatais e outras vezes não, devemos indagar do por quê daquele fato. Tudo é efeito que tem uma causa. Se a causa não se acha nessa existência, achar-se-á numa anterior.
É bem verdade que o “amor cobre uma multidão de pecados”. No entanto, para que isso ocorra, ou seja, a vivência do amor pelo infrator eliminar a sua dívida, necessário é que ele faça brotar de dentro de si o arrependimento, como primeiro passo para que a Lei possa usar de misericórdia para com ele. Sem esse procedimento emocional, só resta a Lei dar continuidade ao processo de cobrança da dívida contraída pelo infrator, encarregando-se, desta cobrança, a “Lei de causa e efeito”.
Com respeito ao acima exposto ( o amor cobrir os pecados ), encontramos no livro de Emmanuel o seguinte: “Quando o trabalho, no entanto, se transforma no prazer de servir, surge o ponto mais importante da remuneração espiritual: toda vez que a Justiça Divina nos procura no endereço exato para execução das sentenças que lavramos contra nós próprios, segundo as leis de causa e efeito, se nos encontra em serviço ao próximo, manda a Divina Misericórdia que a execução seja suspensa, por tempo indeterminado”.
Reflitamos, que esse serviço no bem tem que ser realmente grandioso, altamente meritório, aquele que está exigindo total renúncia e abnegação. Não se trata, é claro, de que qualquer atitude nossa caritativa apagará as nossas dívidas. Por este motivo que nos devemos ligar, cada vez mais, à prática do bem, vincularmo-nos decisivamente ao “Fora da caridade não há salvação”.
Chamemos a atenção para que Emmanuel se refere ao “prazer de servir”. Devemos sentir alegria, felicidade no trabalho de doação ao próximo, estar tão mergulhados nesse mister, que somente sentiremos prazer no bem que praticarmos. É desta forma que “o amor cobrirá uma multidão de pecados”.
Joanna de Ângelis escreveu: “A soma das tuas ações positivas quitará o débito moral que contraíste perante a Divina Consciência, porquanto o importante não é a quem se faz o bem ou o mal, e sim, a ação em si mesma em relação à harmonia universal”.
A Mentora Espiritual acima mencionada, no mesmo livro, expressa-se sobre o carma ao se referir ao caso de Judas Iscariote: “Judas Iscariote, consciente da missão do Mestre, intoxicou-se pelos vapores da ambição descabida, e, despertando depois, ao enforcar-se, estabeleceu o lúgubre carma de reencarnações infelizes para reparar os erros tenebrosos e recuperar-se”.
Numa outra oportunidade, Ela aborda a texto que denominou “Carma de Solidão”, quando enfatizou que a “Vida na Terra, é feita de muitos paradoxos. E isto se dá em razão de ser um planeta de provações, de experiências reeducativas, de expiações redentoras”.
No entanto, que nós não desfaleçamos, porque este é o nosso carma de solidão. Acrescentou que o que atualmente nos falta, malbaratamos no passado, e o que perdermos, descuramos enquanto possuíamos. Agora sentimos a necessidade.
Repetimos nas palestras que somente temos o melhor, aquilo que nos fará bem, e que servirá ao nosso progresso moral/espiritual. Reclamar, nunca. Resignarmo-nos, sempre.
O Espiritismo tem a finalidade de qualificar as nossas vidas dentro de um padrão evangélico, ou seja, disciplinar a nossa liberdade, de tal forma que tenhamos na Terra uma vida social digna, bem harmoniosa, o mais perfeitamente ajustada aos impositivos da Lei de DEUS, no âmbito da vida espiritual. Todo o nosso esforço será regiamente recompensado.
Com esses cuidados, ao demandarmos o mundo espiritual, ao atravessarmos o túmulo, não nos iremos sentir desabrigados. Haveremos de nos acomodar num refúgio moral que nos traga bem estar espiritual, mesmo que ainda estejamos um tanto desgovernados pela mudança de plano vibratório. Lá estarão nos aguardando Aqueles Amigos que se constituíram, enquanto aqui estagiávamos, na mão amiga sempre estendida em nossa direção, abençoando-nos.
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