Habitualmente, paciência é um artigo que aspiramos a adquirir de exportação alheia, na
loja da vida.
Para pesquisar, entretanto, a existência desse talento em nós, urge observar as nossas
reações no cotidiano.
Para isso, não é a manifestação menos desejável do próximo que nos favorecerá o
estudo preciso e sim o próprio comportamento analisado por nós mesmos.
O chefe que se desmandou em gritaria terá encontrado motivos para agir assim, em vista
das aflitivas questões que lhe esfogueiam o pensamento.
O subordinado que aderiu à rebeldia, entrou, possivelmente, em perturbação, induzido
pelas constrangedoras necessidades materiais que lhe corroem o mundo íntimo.
O amigo que se aborreceu indebitamente conosco decerto abraçou semelhante
procedimento, impulsionado por lamentáveis equívocos.
O adversário que se fez mais azedo, atirando-nos pesadas injurias, terá descido a
crises mortais de ódio, reclamando, por isso, mais ampla dose de compaixão.
O companheiro que nos espanca mentalmente com o relho da cólera jaz, sem dúvida,
ameaçado de colapso nervoso, exigindo o socorro do silêncio e da oração, a fim de não cair
em moléstia mais grave. O irmão que abraçou aventuras menos felizes, provavelmente
haverá resvalado na sombra de perigosa ação obsessiva, cujos meandros de treva não
somos ainda capazes de perceber.
Paciência é tesouro que acumulamos, migalha a migalha de amor e entendimento,
perante os outros; para conquistá-lo, no entanto, é forçoso saibamos justificar com
sinceridade a irritação e a hostilidade, sempre que surjam naqueles que nos rodeiam.
Em síntese, se desejamos a própria integração com os ensinamentos do Cristo, é
imperioso compreender que todos os irmãos destrambelhados em fadiga ou desfalecentes
na prova, ainda inscientes quanto às próprias responsabilidades, têm talvez razão de perder o
próprio equilíbrio, menos nós.
Livro: Mãos Unidas. Francisco Cândido Xavier. Espírito Emmanuel.
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