Léon Denis (1846 -1927) foi um pensador espírita, médium e um dos principais continuadores do espiritismo após a morte de Allan Kardec. Fez conferências por toda a Europa em congressos internacionais espíritas e espiritualistas, defendendo ativamente a ideia da sobrevivência da alma e suas conseqüências no campo da ética nas relações humanas. É conhecido como sendo o "consolidador do Espiritismo" em toda a Europa, bem como "apóstolo do Espiritismo", dadas as suas qualidades intrínsecas de estudioso do Espiritismo.
Em sua obra "Depois da Morte", escreveu resumidamente sobre os princípios
essenciais da filosofia dos Espíritos.
"1º — Uma inteligência divina rege os mundos. Nela, identifica-se a Lei, lei
imanente, eterna, reguladora, à qual seres e coisas estão submetidos.
2º — Assim como o homem, sob seu invólucro material, continuamente
renovado, conserva sua identidade espiritual, esse eu indestrutível, essa
consciência em que se reconhece e se possui, assim também o Universo, sob
suas aparências mutáveis, se possui e se reflete numa unidade central que é o
seu Eu.
O Eu do Universo é Deus, lei viva, unidade suprema onde confinam e
se harmonizam todas as relações, foco imenso de lus e de perfeição donde
irradiam e se expandem, por todas as humanidades, Justiça, Sabedoria, Amor!
3º — No Universo, tudo evolve e tende para um estado superior. Tudo se
transforma e se aperfeiçoa. Do seio dos abismos a vida eleva-se, a princípio
confusa, indecisa, animando formas inumeráveis cada vez mais per feitas,
depois desabrocha no ser humano, adquire então consciência, razão, vontade,
e constitui a alma ou Espírito.
4º — A alma é imortal. Coroamento e síntese das potências inferiores da
Natureza, ela contém em germe todas as faculdades superiores, está
destinada a desenvolvê-las pelos seus trabalhos e esforços, encarnando em
mundos materiais, e tende a elevar-se, através de vidas sucessivas, de degrau
em degrau, para a perfeição.
A alma tem dois invólucros: um, temporário, o corpo terrestre, instrumento
de luta e de prova, que se desagrega no momento da morte; o outro,
permanente, corpo fluídico, que lhe é inseparável e que progride e se depura
com ela.
5º — A vida terrestre é uma escola, um meio de educação e de
aperfeiçoamento pelo trabalho, pelo estudo e pelo sofrimento. Não há nem
felicidade nem mal eternos.
A recompensa ou o castigo consistem na extensão
ou no encurtamento das nossas faculdades, do nosso campo de percepção,
resultante do bom ou mau uso que houvermos feito do nosso livre-arbítrio, e
das aspirações ou tendências que houvermos em nós desenvolvido.
Livre e
responsável, a alma traz em si a lei dos seus destinos; prepara, no presente, as
alegrias ou as dores do futuro.
A vida atual é a consequência, a herança das
nossas vidas precedentes e a condição das que se lhe devem seguir.
O Espírito se esclarece, se engrandece em potência intelectual e moral, à
medida do trajeto efetuado e da impulsão dada a seus atos para o bem e para
a verdade.
6º - Uma estreita solidariedade une todos os Espíritos, idênticos na sua
origem e nos seus fins, diferentes somente por sua situação transitória, uns no
estado livre, no espaço; outros, revestidos de um invólucro perecível, mas
passando alternadamente de um estado a outro, não sendo a morte mais que
uma fase de repouso entre duas existências terrestres.
Gerados por Deus, seu
Pai comum, todos os Espíritos são irmãos e formam uma imensa família. Uma
comunhão perpétua e de constantes relações liga os mortos aos vivos.
7º - Os Espíritos classificam-se no espaço em virtude da densidade do
seu corpo fluídico, correlativa ao seu grau de adiantamento e de depuração. Sua situação é determinada por leis exatas; essas leis exercem no domínio
moral uma ação análoga à que as leis de atração e de gravidade executam na
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ordem material.
Os Espíritos culpados e maus são envolvidos em espessa
atmosfera fluídica, que os arrasta para mundos inferiores, onde devem
encarnar para se despojarem das suas imperfeições.
A alma virtuosa, revestida
de um corpo sutil, etéreo, participa das sensações da vida espiritual e eleva-se
para mundos felizes onde a matéria tem menos império; onde reinam a
harmonia e a bem-aventurança.
A alma, na sua vida superior e perfeita,
colabora com Deus, coo-pera na formação dos mundos, dirige-lhes a evolução,
vela pelo progresso das humanidades, pela execução das leis eternas.
8º — O bem é a lei suprema do Universo e o alvo da elevação dos seres.
O mal não tem vida própria; é apenas um efeito de contraste.
O mal é o estado
de inferioridade, a situação transitória por onde passam todos os seres na sua
missão para um estado melhor.
9º — Como a educação da alma é o objetivo da vida, importa resumir os
seus preceitos em palavras:
- Comprimir necessidades grosseiras, os apetites materiais;
- aumentar tudo quanto for Intelectual e elevado;
- lutar, combater, sofrer pelo bem dos homens e dos mundos;
- iniciar seus semelhantes nos esplendores do Verdadeiro e do Belo;
- amar a verdade, a benevolência, tal é o segredo da felicidade no futuro, tal e o Dever! "
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