André Luiz do lado de fora da casa espírita!
André Luiz do
lado de fora, junto aos desencarnados, foi convidado pelo seu Instrutor a observar a diferenciação do ambiente
dentro e fora da casa espírita.
A atmosfera interior – ambiente onde ocorrera a
Mediúnica:
· Impregnava-se de elementos balsâmicos, regeneradores.
· Compreende a sublimidade da oração e do serviço da Espiritualidade superior, na
intimidade das criaturas.
· A prece, a meditação elevada, o
pensamento edificante, refundem a atmosfera, purificando-a.
· Observa-se vibrações harmoniosas da paisagem interior, iluminada pela oração.
· O pensamento elevado santifica a atmosfera em torno, e possui propriedades elétricas que o homem
comum está longe de imaginar
A Atmosfera exterior – ambiente fora da casa espírita,
nas ruas.
· A via pública, repleta de emanações inferiores
· O ar pesava na
rua.
· Acentuou a hipersensibilidade, diante das emanações
grosseiras da rua.
· As lâmpadas elétricas semelhavam-se a
globos pequeninos, de luz muito pobre,
isolados em sombra espessa.
· O oxigênio parecia tocado de magnetismo menos agradável.
· A rua, no entanto, é avelhantado repositório de vibrações antagônicas,
em meio de sombrios
materiais psíquicos e perigosas bactérias de variada procedência, em
vista de a maioria dos transeuntes
lançar em circulação, incessantemente, não só as colônias imensas de micróbios diversos,
mas também os
maus pensamentos de toda ordem. (LOCAIS ONDE
ACONTECEM AS VAMPIRIZAÇÕES)
André Luiz enquanto
ponderava o ensinamento ouvido, reparou que:
· muitos agrupamentos de entidades infelizes e inquietas, em desequilíbrio
profundo, se postavam nas cercanias.
· Faziam-se ouvir, através das conversações mais interessantes e
pitorescas; todavia, desarrazoadas e
impróprias, nas menores expressões.
O Instrutor fala a André Luiz sobre
um pequeno GRUPO DE DESENCARNADOS EM
DESEQUILÍBRIO PROFUNDO, e falou:
Aqueles amigos constituem a corte quase permanente dos nossos
companheiros encarnados, que voltam
agora ao ninho doméstico. (Os obsessores esperam
seus algozes saírem da casa espírita e os acompanham em sua vida cotidiana)
Os infelizes não têm permissão para ingressar aqui, em SESSÕES
ESPECIALIZADAS, como
a desta noite. (Sessões voltadas para desvampirização,
por exemplo)
Nas REUNIÕES dedicadas à ASSISTÊNCIA GERAL, podem comparecer.
Necessitávamos socorrer os amigos para que o vampirismo de que são vítimas seja atenuado em suas consequências
prejudiciais. ( Encarnados assistidos nas
desobsessões)
Tudo, naqueles
trabalhos, obedecia à ordem preestabelecida. Tudo estava calculado, programado,
previsto. (Reuniões Mediúnicas)
André Luiz ficou
atento a SAÍDA DOS COLABORADORES
TERRESTRES da Reunião Mediúnica, e observando a maneira pela qual voltam, instintivamente, aos
braços das entidades ignorantes que os exploram relatou:
o
Dispunham-se
todos a deixar o recinto, tranquilamente.
o
A
porta, junto de nós, começou as despedidas entre eles:
-Graças a
Deus! exclamou uma senhora de maneiras delicadas.Fizemos nossas preces em paz,
com imenso proveito.
-Como me sinto melhor! -comentou uma
das amigas mais idosas. A sessão foi um alívio. Trazia o espírito
sobrecarregado de preocupações, mas, agora, sinto-me reconfortada, feliz.
Acredito que me retiraram pesadas nuvens do coração.
Ouvindo as orações e partilhando as
tentativas de desenvolvimento para o serviço ao próximo, grande é o socorro que
recebemos! Ah! Como Jesus é generoso.
Um cavalheiro de porte distinto
adiantou-se, observando: O Espiritismo é o nosso conforto. Os compromissos que
temos são muito grandes, diante da verdade. E não é sem razão que o Senhor nos
colocou nas mãos a lâmpada sublime da fé. Em torno de nossos passos, choram os
sofredores, desviam-se os ignorantes no extenso caminho do mal.
Dos Céus chegam até nós ferramentas
de trabalho. É necessário servir, intensamente, transformando-nos em
colaboradores fiéis da Revelação Nova!
Exatamente! -concordou uma das
interlocutoras, comovida com a exortação.Temos grandes obrigações, não devemos
perder tempo. A doutrina confortadora dos Espíritos é o nosso tesouro de luz e
consolação. Oh! Meus amigos, como necessitamos trabalhar! Jesus chama-nos ao
serviço, é imprescindível atender.
Reconhecendo os característicos de
gratidão e louvor da palestra, expressei sincera admiração, exaltando a
fidelidade dos cooperadores da casa. Demonstravam-se fervorosos na fé,
confiantes no futuro e interessados na extensão dos benefícios divinos,
considerando as dores e necessidades dos semelhantes.
O Instrutor disse a André Luiz para
não se impressionar com o entusiasmo das pessoas, pois o PROBLEMA estava no ESFORÇO PERSISTENTE e ratifica que raros
amigos conseguem guardar uniformidade de emoção e idealismo nas
edificações espirituais.
Vai para nove anos, com algumas
interrupções, que me encontro em concurso ativo nesta casa e, mensalmente, vejo
desfilar aqui as promessas novas e os votos de serviço. Ao primeiro embate com as necessidades reais do trabalho, reduzido
número de companheiros permanece fiel à própria consciência. ( As pessoas falam mas não fazem.)
· Nas HORAS CALMAS, grandes louvores.
· Nos HORAS DIFÍCEIS, disfarçadas
deserções, a pretexto de incompreensão alheia.
Sou forçado a dizer que, na maioria
dos casos, nossos irmãos são PRESTATIVOS
E CARIDOSO COM O PRÓXIMO, em se tratando das NECESSIDADE MATERIAIS, mas quase sempre
continuam sendo menos bons para si mesmos, por se esquecerem da APLICAÇÃO
DA LUZ EVANGÉLICA À VIDA PRÁTICA. Prometem excessivamente com as palavras;
todavia, operam pouco no campo dos sentimentos.
Com exceções, irritam-se ao primeiro contato com
a luta mais áspera, após reafirmarem os
mais SADIOS PROPÓSITOS DE RENOVAÇÃO e, comumente, voltando cada semana ao núcleo de preces, estão nas MESMAS CONDIÇÕES, requisitando conforto e auxílio exterior.
Não é com facilidade que cumprem a
promessa de cooperação com o Cristo, em si próprios, base fundamental da
verdadeira iluminação.
André
Luiz pode observar que:
o
Ainda
se achavam todos eles, os encarnados,
irradiando alegria e paz, colhidas na rápida convivência com os benfeitores
invisíveis.
o
Da fronte de cada um, emanavam raios
de espiritualidade surpreendente. Eles ainda se
encontram sob as irradiações do banho de luz a que se submeteram, através do serviço espiritual com a oração.
o
Trocavam
gentilmente as últimas saudações da noite, demonstrando luminosa felicidade.
O Instrutor ponderou:
Se conseguissem manter semelhante estado mental, pondo em prática as regras de
perfeição que aprendem, comentam e ensinam, fácil lhes seria atingir
positivamente o nível superior da vida; entretanto, André, como nós, que em
outros tempos fomos inexperientes e frágeis, eles, agora, ainda o são também.
Cada hábito menos digno, adquirido pela alma no curso incessante dos
séculos, funciona
qual ENTIDADE VIVA, no universo de SENTIMENTOS
de cada um de nós, compelindo-nos às REGIÕES
PERTURBADAS e oferecendo elementos de LIGAÇÃO
COM OS INFELIZES que se encontram EM NÍVEL
INFERIOR.
André
Luiz e o Instrutor acompanham o grupo,
onde se encontra o nosso irmão mais fortemente atacado pelas inquietações do
sexo para observação.
O rapaz, em
companhia de uma senhora idosa e de uma jovem, que logo percebi serem sua
mãe e irmã, punha-se de regresso ao lar. Movimentamo-nos, seguindo-os de perto.
Alguns metros, além da casa espírita, o ambiente geral da via pública
tornava-se ainda mais pesado.
Três entidades de sombrio aspecto, absolutamente cegas para com a nossa presença, em vista do baixo padrão vibratório de suas percepções acercaram-se
do trio sob nossa observação.
Encostou-se uma delas à senhora idosa e, instantaneamente, reparei que a sua fronte se tornava opaca,
estranhamente obscura. Seu semblante modificou-se. Desapareceu-lhe o júbilo
irradiante, dando lugar aos sinais de
preocupação forte. Transfigurara-se de maneira completa.
-Oh! Meus filhos -exclamou a
genitora, que parecia paciente e bondosa, por
que motivo somos tão diferentes no decurso do trabalho espiritual? Quisera
possuir, ao retirar-me de nossas orações coletivas, o mesmo bom ânimo, a mesma paz íntima. Isso,
porém, não acontece.
Ao retomar o caminho da luta prática,
sinto que a essência das preleções
evangélicas persevera dentro de mim, mas de modo vago, sem aquela nitidez
dos primeiros minutos. Esforço-me
sinceramente para manter a continuação do mesmo estado d’alma; entretanto,
algo me falta, que não sei definir com precisão. (ESFORÇO DE
PERSISTÊNCIA)
Nesse momento, as duas outras entidades, que ainda se mantinham
distanciadas, agarraram-se comodamente aos braços do
rapaz, que ofereceu aos meus olhos o mesmo fenômeno.
Embaçou a
claridade mental do rapaz, e
duas rugas de
aflição e desalento, vincaram-lhe as faces, que perderam aquele halo de alegria luminosa e confiante. Foi então que
ele respondeu, em voz pausada e triste:
-É verdade, mamãe. Enormes são as
nossas imperfeições. Creia que a minha situação é pior. A senhora experimenta
ansiedade, amargura, melancolia... É bem pouco para quem, como eu, se sente vítima dos maus pensamentos.
Casei-me há menos de oito meses, e, não obstante o devotamento de minha esposa,
tenho o coração, por vezes, repleto de
tentações descabidas. Pergunto a mim mesmo a razão de tais ideias estranhas
e, francamente, não posso responder. A
invencível atração para os ambientes malignos confunde-me o espírito, que
sinto inclinado ao bem e à retidão de proceder.
A irmã levanta a possibilidade de o
irmão estar sob a influenciação de
entidades menos esclarecidas. E ele admite a possibilidade, e diz que, por
isso mesmo, vem
tentando o desenvolvimento da mediunidade, a fim de localizar a causa de semelhante situação.
Sem perda de tempo, o instrutor colocou a destra na fronte da menina,
mantendo-a sob vigoroso influxo magnético e transmitindo-lhe suas ideias
generosas, a fim de ajudar o rapaz.
André Luiz reparou que aquela
mão protetora, ao tocar os cabelos encaracolados da jovem, expelia luminosas chispas, somente
perceptíveis ao meu olhar. A menina, a seu turno, pareceu mais nobre e mais
digna em sua expressão quase infantil e respondeu firmemente:
Neste caso, concordo
em que o desenvolvimento mediúnico deve ser a última solução, porque antes
de enfrentar os inimigos, filhos da ignorância, deveríamos armar o coração com
a luz do amor e da sabedoria. (Ao buscar o
desenvolvimento mediúnico, está buscando o caminho errado – vídeo de Haroldo
Dutra)
Por que o
Desenvolvimento Mediúnico nesse caso não é a melhor alternativa?
Se você descobrisse
perseguidores invisíveis, em torno de suas atividades, como beneficiá-los cristãmente, sem a necessária preparação espiritual?
A reação educativa
contra o mal (Evangelhização) é sempre um dever nosso, mas antes de cogitar dum desenvolvimento psíquico, que seria talvez
prematuro, deveremos procurar a ELEVAÇÃO
DE NOSSAS IDEIAS e SENTIMENTOS.
Não
poderíamos contar com uma boa mediunidade sem a consolidação dos nossos bons propósitos. E para sermos úteis, nos reinos do Espírito, cabe-nos APRENDER, em primeiro lugar, a VIVER ESPIRITUALMENTE, embora estejamos
ainda na carne.
A resposta, que constituíra para mim valiosa surpresa, não provocou maior interesse em ambos os
interlocutores, quase neutralizados pela atuação dos VAMPIROS HABITUAIS.
Mãe e filho
deixavam perceber funda contrariedade, em face das definições ouvidas. A palavra
da menina, cheia de verdadeira luz, DESCONCERTAVA-OS.
A mãe falou à filha em contrariedade
ao que ouviu:
Não tem você bastante idade, minha
filha, não pode, pois, opinar neste
assunto. Quando você atravessar os caminhos que meus pés já cruzaram, quando
vierem as desilusões sem esperança, então observará como é difícil manter a paz e a luz no coração!
Complementou o irmão: E se algum dia ,
falou melancólico, experimentar as lutas que já conheço, verá que tenho motivos
de queixa contra a sorte e que não me sobram outros recursos senão permanecer
no círculo das indecisões que me assaltam. Faço quanto posso por
desvencilhar-me das ideias sombrias e vivo a combater inesperadas tentações; no
entanto, sinto-me longe da libertação
espiritual necessária. Não me falta vontade, mas...
O Instrutor, que
havia retirado a destra de sobre a fronte da jovem, informou, a André Luiz que:
O amigo que se uniu à senhora foi seu marido terrestre, homem que não desenvolveu as possibilidades
espirituais e que viveu em tremendo
egoísmo doméstico. O ex-esposo não concebeu o matrimônio senão como união corporal para atender conveniências
vulgares da experiência humana e, em vista de haver passado o tempo de
aprendizado terreno sem ideais enobrecedores, interessados em fruir todas as
gratificações dos sentidos, não se sente
com bastante força para abandonar o círculo doméstico, onde a companheira,
por sua vez, somente agora, depois da desencarnação dele, começa a preocupar-se
com os problemas concernentes à vida espiritual.
Quanto aos dois infelizes, que se apegam tão fortemente
ao rapaz, são dois companheiros,
ignorantes e perturbados, que ele adquiriu em contato com a prostituição. De leviandade em leviandade, criou fortes laços com certas entidades ainda atoladas no
pântano de sensações da prostituição, das quais se destacam, por
mais perseverantes, as duas criaturas que ora se lhe agarram, quase que integralmente sintonizadas com o
seu campo de magnetismo pessoal. Ele não se apercebeu dos perigos que o
defrontavam, e tornou-se a presa
inconsciente de afeiçoados que lhe são invisíveis, tão fracos e viciados quanto ele próprio.
André Luiz,
emocionado perguntou ao Instrutor de não havia recurso para libertá-los, então
o orientador sorriu paternalmente e considerou:
-Mas quem deverá romper as algemas, senão eles mesmos?
- Nunca lhes faltou o auxílio exterior de nossa amizade permanente;
no entanto, eles próprios alimentam-se
uns aos outros, no terreno das sensações
sutis, absolutamente imponderáveis, para os que lhes não possam sondar o
mecanismo íntimo.
- É inegável que procuram, AGORA, os elementos de libertação. Aproximam-se da fonte de esclarecimento
elevado, sentem-se cansados da situação e experimentam, efetivamente, o desejo de vida nova; contudo, esse desejo é mais dos lábios que do coração, por constituir
aspiração muito vaga, quase nula. Se, de fato,
cultivassem a resolução positiva, transformariam
suas forças pessoais, tornando-as determinantes, no domínio da ação
regeneradora. Esperam, porém, por milagres inadmissíveis e renunciam às ENERGIAS
PRÓPRIAS, ÚNICAS ALAVANCAS DE REALIZAÇÃO.
André Luiz
pergunta:
Mas não poderíamos provocar a retirada dos VAMPIROS
INCONSCIENTES ? (Aqueles plantados pelos obsessores em forma de larvas
mentais)
- Os OBSESSORES INTERESSADOS forçariam
a volta deles. (encontrariam receptividade do obsidiado)
O
instrutor afirma que já se fez a tentativa que André Luiz sugeriu, no propósito
de beneficiá-los de modo indireto, mas veja o que aconteceu:
A mulher se declarou demasiadamente saudosa do companheiro e o seu ex-marido obsessor, afirmou,
intimamente, sentir-se menos homem, ao ter humildade para admitir-se covarde, e tomando o
desapego aos impulsos inferiores por tédio destruidor. ( AMBOS NÃO DESEJAM A SEPARAÇÃO). Eles expediram reclamações mentais que as suas
atividades interiores constituíram
verdadeiras invocações, e, em vista do vigoroso magnetismo do desejo constantemente alimentado,
AGREGARAM-SE-LHE, de novo, os
companheiros infelizes.
Quase sempre, VIVEM
IMANTADOS UNS AOS OUTROS, EM TODOS OS LUGARES. Satisfazem-se, mutuamente, na permuta contínua
das emoções e impressões mais íntimas.
Essas entidades têm
sido conduzidas ao devido fortalecimento, para que através da doutrinação, incentivando-as ao equilíbrio e ao respeito próprio, com a
perseverança e o método preciso.
Todavia, tratando-se
de um caso em que os ENCARNADOS SE CONVERTERAM EM PODEROSOS IMÃS DE ATRAÇÃO,
a medida exige tempo e tolerância fraternal. Temos grande número de
trabalhadores, consagrados a esse mister, em nosso plano, e aguardamos que a
semeadura de ensinamentos dê seus frutos. De qualquer modo, esteja convicto de
que toda a assistência tem sido prestada aos amigos sob nossa observação se ainda não avançaram, todos eles, no
terreno da espiritualidade elevada, isto só se verifica em razão da FRAQUEZA e
da IGNORÂNCIA a que VIVEM VOLUNTARIAMENTE ESCRAVIZADOS. Colhem o que semeiam.
Nesse instante,
fixamos novamente a atenção na CONVERSA ENTRE A MÃE E O FILHO que se desdobrava:
-Faço o que posso -repetia o rapaz, em desalento -,
entretanto, não consigo obter a tranquilidade interior.
-Ocorre comigo o mesmo
fato -observava a genitora, em tom triste. Minhas únicas melhoras se verificam
por ocasião de nossas preces coletivas. Em seguida, as piores emoções me
assaltam o espírito. Vivo sem paz, sem apoio. Oh! Meus filhos, é cruel rolar
assim, pelo mundo, como náufrago sem orientação!
-Compreendo-a, mamãe, tornou o filho, como que satisfeito por
alimentar as impressões nocivas que lhe ocupavam a mente -, compreendo-a,
porque as tentações me transformam a vida num cipoal de sombras espessas.
Não sei mais que fazer para resistir aos pensamentos amargos.
Ai de nós, se o Espiritismo não houvesse chegado aos nossos destinos como
sagrada fonte de sublimes consolações!
Nesse momento, Alexandre colocou novamente a destra sobre
a fronte da jovem, que Lhe traduziu o pensamento, em tom de respeito e
carinho:
-Concordo em que o Espiritismo é nosso manancial de consolo,
mas não posso esquecer que temos na
Doutrina a bendita escola de preparação. Se permanecermos arraigados às
exigências de conforto, talvez venhamos a olvidar as obrigações do trabalho.
Creio que os instrutores da verdade espiritual desejam, antes de tudo, a nossa
renovação íntima, para a vida superior. Se apenas buscarmos consolação, sem adquirir
fortaleza, não passaremos de crianças espirituais.
Se procurarmos a companhia de orientadores
benevolentes, tão-só para o gozo de vantagens pessoais, onde estará o
aprendizado? Acaso não permanecemos, aqui na Terra, em lição? Teríamos recebido
o corpo, ao renascer, apenas para repousar?
É incrível que os nossos amigos da esfera superior nos
venham suprimir a possibilidade de caminhar por nós mesmos, usando os próprios
pés. Naturalmente, não nos querem os benfeitores do Além para eternos
necessitados da casa de Deus e, sim, para companheiros dos gloriosos serviços do
bem, tão generosos, fortes, sábios e felizes quanto eles já o são.
E modificando a inflexão de voz, desejosa de
demonstrar a ternura filial que lhe vibrava n’alma, acentuou: Mamãe sabe como
lhe quero bem, mas alguma coisa, no
fundo da consciência, não me permite comentar as nossas necessidades senão
assim, ajustando-me aos elevados ensinamentos que a Doutrina nos gravou no
coração. Não posso compreender Cristianismo sem a nossa
integração prática nos exemplos do
Cristo.
Em virtude de o instrutor haver
interrompido a operação magnética e porque me encontrasse perplexo ante a
facilidade com que a menina lhe recebia os pensamentos, quando observara tanta
complexidade nos serviços de psicografia, expus ao orientador amigo as
indagações que me assaltavam o espírito. Sem titubear, O INSTRUTOR EXPLICOU:
-Aqui, André, observa você o trabalho simples da transmissão mental e não pode
esquecer que o intercâmbio do pensamento
é movimento livre no Universo.
- Desencarnados e encarnados, em todos os setores de atividade terrestre,
vivem na mais ampla permuta de ideias.
- Cada mente é um verdadeiro mundo de emissão e recepção e cada qual atrai os que se lhe
assemelham. Os tristes agradam aos tristes, os ignorantes se reúnem, os
criminosos comungam na mesma esfera, os bons estabelecem laços recíprocos de
trabalho e realização.
Aqui temos
o fenômeno intuitivo, que, com maior
ou menor intensidade, é comum a todas as criaturas, não só no plano
construtivo, mas também no círculo de expressões menos elevadas.
Temos, sob nossos olhos, uma velha irmã e seu filho maior
completamente ambientados na exploração inferior de amigos desencarnados,
presas de ignorância e enfermidade, estabelecendo perfeito
comércio de vibrações inferiores.
Falam sob a determinação direta dos vampiros
infelizes, transformados em hóspedes efetivos do continente de suas possibilidades fisicopsíquicas.
Um novo caso
exposto pelo instrutor a André Luiz
Permanece também sob nossa análise uma jovem que, presentemente, atingiu
dezesseis anos de nova existência terrestre. Suas disposições, contudo, são
bastante diversas. Ela consegue receber
nossos pensamentos e traduzi-los em
linguagem edificante. Não está propriamente em serviço técnico da
mediunidade, mas no abençoado trabalho de espiritualização. E indicando a
mocinha, cercada de maravilhoso halo de luz, acrescentou:
-Conserva, ainda, o seu vaso orgânico
na mesma pureza com que o recebeu dos benfeitores que lhe prepararam a presente
reencarnação. Ainda não foi conduzida ao plano de emoções mais fortes, e as
suas possibilidades de recepção, no domínio intuitivo, conservam-se claras e
maleáveis. Suas células ainda se
encontram absolutamente livres de influências tóxicas; seus órgãos vocais, por
enquanto, não foram viciados pela maledicência, pela revolta, pela hipocrisia;
seus centros de sensibilidade não sofreram desvios, até agora; seu sistema
nervoso goza de harmonia invejável, e o seu coração, envolvido em bons
sentimentos, comunga com a beleza das verdades eternas, através da crença
sincera e consoladora. E, além
disso, não tendo débitos muito graves do
pretérito, condição que a isenta do contato com as entidades perversas que
se movimentam na sombra, pode refletir com exatidão os nossos pensamentos mais
íntimos.
Vivendo muito mais pelo espírito, nas
atuais condições em que se encontra, basta a permuta magnética para que nos
traduza as ideias essenciais. Isto significa que esta jovem ainda conserva os benefícios que
trouxe do plano espiritual e as cartas da felicidade ainda permanecem nas suas
mãos para extrair as melhores vantagens no jogo da vida, mas
dependerá dela o ganhar ou perder, futuramente. A consciência é livre.
André Luiz indagou o Instrutor se não seria difícil
prepararem todas as criaturas para receberem a influenciação superior?
-De modo algum esclareceu ele: todas as almas
retas, dentro do espírito de serviço e de equilíbrio, podem comungar
perfeitamente com os mensageiros divinos e receber-lhes os programas de
trabalho e iluminação, independentemente da técnica do mediunismo
que, presentemente, se desenvolve no mundo.
Não há privilegiado na Criação. Existem, sim, os trabalhadores fiéis, compensados com justiça, seja onde for.
Livro: Mensageiros da Luz-Francisco Cândido Xavier-Espírito André Luiz.
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