Comentando as ocorrências da obsessão e do vampirismo no
veículo fisiopsicossomático, é importante lembrar os fenômenos do parasitismo nos reinos inferiores da Natureza.
Sem nos reportarmos às simbioses fisiológicas,
encontraremos a ASSOCIAÇÃO PARASITÁRIA,
no domínio dos animais, à
maneira de uma sociedade, na qual uma
das partes, quase sempre após, criou para si mesma vantagens especiais, com manifesto prejuízo para a outra,
que passa, em seguida, à condição de
vítima.
Em semelhante desequilíbrio, as vítimas se acomodam, por tempo indeterminado, à pressão externa dos
verdugos; contudo, em outras eventualidades, sofrem-lhes a intromissão direta na intimidade dos próprios tecidos, em
ocupação impertinente que, às vezes, se degenera em conflito destruidor e, na
maioria dos casos, se transforma num acordo de tolerância, por necessidade de
adaptação, perdurando até à morte dos hospedeiros espoliados, quando limitando
a própria ação, quando se alojam nas reentrâncias do corpo a que se impõem.
Não será lícito esquecer, porém,
que toda simbiose exploradora de longo
curso, principalmente a que se verifica no campo interno, resulta de adaptação
progressiva entre o hospedador e o parasita/obsessor, os quais, não
obstante reagindo um sobre o outro,
lentamente concordam na sociedade em que persistem, sem que o hospedador
considere os riscos e perdas a que se expõe, comprometendo não apenas a própria
vida, mas a existência da própria espécie.
TRANSFORMAÇÕES DOS
PARASITAS/OBSESSORES
Tem-se, portanto:
·
OS
PARASITAS TEMPORÁRIOS – o parasita apenas transitoriamente visitam os
hospedadores.
·
OS
PARASITAS OCASIONAIS ou os PSEUDOPARASITA - que sistematicamente não são parasitas, mas
que vampirizam outros animais, quando as situações do ambiente a isso os
conduzam.
·
OS
PARASITAS PERMANENTES de desenvolvimento direto, que dispõem de um
HOSPEDADOR EXCLUSIVO e a cuja existência
se encontram ajustados por laços indissolúveis.
·
OS
PARASITAS HETEROXÊNIOS, que se
fazem adultos, contam com um ou mais
hospedeiros intermediários, quando se encontram em período larval, para atingirem a forma completa no hospedeiro
definitivo.
·
OS
HIPERPARASITAS, que são
parasitas de outros parasitas.
Concluindo-se que, O PARASITISMO ENTRE OS ANIMAIS, não decorre de uma condição natural, mas sim, de uma AUTÊNTICA ADAPTAÇÃO deles ao modo
particular de comportamento, ao qual se une, podendo originar novas
espécies, antes desconhecidas.
TRANSFORMAÇÕES DOS
HOSPEDEIROS
Todavia, se os parasitas podem acusar expressivas transformações, à face do novo regime de existência a que
se afeiçoam, os resultados de tais associações sobre o hospedeiro são mais
profundos, pois depois de instalados:
- ·
se multiplicam, ameaçadores;
- ·
estabelecem espoliações sobre as províncias
orgânicas da vítima, sugando-lhe a vitalidade, traumatizando lhe os
tecidos, provocando lesões parciais ou totais ou estendendo ações tóxicas, como
a exaltação febril nas infecções, com que, algumas vezes, lhe apressam a morte.
Nessa movimentação perniciosa ou letal, conseguem irritar as células ou
destruí-las, obstruir cavidades, seja nos intestinos ou nos vasos,
embaraçar funções e obliterar glândulas importantes, quais as glândulas
genitais, que podem levar até à
castração, embora os recursos defensivos do hospedeiro sejam postos em
evidência, criando exércitos celulares de combate às infestações,
expulsando os invasores por via comum, ou neutralizando lhes a penetração,
pelas membranas fibrosas que os envolvem, encistando-os a princípio, para
aniquilá-los, depois, em pequeninos invólucros calcificados, no interior dos
tecidos.
E lembrando os efeitos de certos parasitas heteroxênicos, que se desenvolvem no hospedeiro intermediário para alcançar a posição
adulta no hospedeiro definitivo, bastará menção especial aos tripanossomas (parasita do sangue em
diversos animais e no homem) que, em espécies várias, se multiplicam nos
tecidos e líquidos orgânicos, traçando
aflitivos problemas da parasitologia humana, em complicadas operações de
transmissão, evolução e instalação no quadro fisiológico de suas vítimas.
OBSESSÃO E VAMPIRISMO
Em processos diferentes, mas atendendo aos mesmos princípios de simbiose
prejudicial, encontramos os CIRCUITOS
DE OBSESSÃO E DE VAMPIRISMO ENTRE ENCARNADOS E DESENCARNADOS, desde as eras
recuadas em que o espírito humano, ILUMINADO PELA RAZÃO, foi chamado pelos
princípios da Lei Divina a renunciar ao egoísmo e à crueldade, à
ignorância e ao crime.
Rebelando-se, no entanto, em
grande maioria, contra as sagradas convocações, e livres para escolher o próprio caminho, as criaturas humanas DESENCARNADAS,
em alto número, começaram a oprimir os
companheiros da retaguarda:
·
disputando afeições e riquezas que ficavam na
carne;
·
ou tentando empreitadas de vingança e delinquência,
quando sofriam o processo liberatório da desencarnação em circunstâncias
delituosas.
As vítimas de homicídio, e violência,
brutalidade manifesta ou perseguição disfarçada, DESENCARNADAS, entram na FAIXA MENTAL dos ofensores,
conhecendo-lhes a enormidade das faltas ocultas, e, ao invés do perdão, com que se exonerariam da cadeia de trevas,
empenham-se em VINGANÇAS, retribuindo golpe a golpe e mal por mal.
Outros desencarnados, exigindo que Deus
lhes providencie solução aos caprichos pueris e proclamando-se inabilitados para o resgate do preço devido à evolução
que lhes é necessária, tornam-se OCIOSOS e GOZADORES, e, alegando a
suposta impossibilidade de a Sabedoria Divina dirimir os padecimentos dos
homens, pelos próprios homens criados, fogem,
acovardados e preguiçosos, aos deveres e serviços que lhes competem.
“INFECÇÕES
FLUÍDICAS”
Muitos acometem
os adversários que ainda se entrosam no corpo terrestre:
·
empolgando-lhes a imaginação com formas mentais
monstruosas;
·
operando perturbações que podemos classificar
como “infecções fluídicas” e que determinam o colapso cerebral com arrasadora
loucura.
·
E ainda muitos outros, imobilizados nas paixões egoísticas desse ou daquele teor, descansam em pesado monodeísmo, ao pé dos
encarnados, de cuja presença não se
sentem capazes de afastar-se,
·
Outros absorvem
as emanações vitais dos encarnados que com eles se harmonizam, aqui e ali;
·
Outros muitos, conscientes, após se inteirarem dos pontos vulneráveis de suas vítimas,
segregam sobre elas determinados produtos, filiados ao quimismo do Espírito,
e que podemos nomear como simpatinas e
aglutininas mentais, produtos esses
que, lhes modificam a essência dos próprios pensamentos a verterem, contínuos,
dos fulcros energéticos do tálamo, no diencéfalo.
Estabelecida
essa operação de ajuste, que os desencarnados
e encarnados, comprometidos em
aviltamento mútuo, realizam em
franco automatismo, à maneira dos animais em absoluto primitivismo nas
linhas da Natureza:
·
Os verdugos comumente senhoreiam os neurônios do hipotálamo, acentuando a própria dominação sobre o feixe amielínico que o
liga ao córtex frontal, controlando as estações sensíveis do centro coronário
que aí se fixam para o governo das excitações, e produzem nas suas
vítimas, QUANDO CONTRARIADOS EM
SEUS DESÍGNIOS, inibições de
funções viscerais diversas, mediante
influência mecânica sobre o simpático e o parassimpático, que compõe o seu
sistema nervoso .
·
Tais manobras, em processos intrincados de vampirismo, prestigiam o REGIME DO MEDO ou de GUERRA NERVOSA nas criaturas de que
se vingam, ALTERANDO-LHES A TELA PSÍQUICA ou impondo PREJUÍZOS CONSTANTES aos
tecidos somáticos.
“PARASITAS OVÓIDES”
Inúmeros infelizes, obstinados na ideia de fazerem justiça pelas próprias mãos ou confiados
a vicioso apego, DESENCARNADOS, envolvem
sutilmente aqueles que se lhes fazem objeto da calculada atenção e, auto hipnotizados por imagens de
afetividade ou desforço, infinitamente repetidas por eles próprios, acabam em
deplorável fixação monoideística, fora das noções de espaço e tempo,
acusando, passo a passo, enormes
transformações na morfologia do veículo espiritual.
Essas transformações do veículo espiritual, ocorrem retraindo os órgãos psicossomáticos, por falta de função, assemelham-se a OVOIDES, vinculados às próprias vítimas que, de modo geral, lhes aceitam, mecanicamente, a
influenciação, pelos seguintes motivos:
- ·
pensamentos de remorso
- ·
pensamentos de arrependimento tardio,
- ·
ódio voraz
- · egoísmo exigente que alimentam no próprio
cérebro, através de ondas mentais incessantes.
Nessas condições, o obsessor ou parasita espiritual perde as
características morfológicas primitivas, para converter-se em massa celular parasitária. No tocante à criatura
humana, o obsessor passa a viver no
clima pessoal da vítima, em perfeita simbiose mórbida, absorvendo-lhe as forças
psíquicas, situação essa que, em muitos casos, se prolonga para além da morte física do hospedeiro, conforme a natureza e a extensão dos compromissos
morais entre credor e devedor.
PARASITISMO E
REENCARNAÇÃO
Nas ocorrências dessa ordem, quando a decomposição da vestimenta carnal
não basta para consumar o resgate preciso, vítima e verdugo se equiparam na
mesma gama de sentimentos e pensamentos, caindo, além-túmulo, em dolorosos painéis infernais, até que
a Misericórdia
Divina, por seus agentes vigilantes, após estudo minucioso dos crimes
cometidos, pesando atenuantes e agravantes, promove a reencarnação daquele
Espírito que, em primeiro lugar, mereça tal recurso.
E, executado o PROJETO DE RETORNO DO BENEFICIÁRIO, a regressar do Plano Espiritual para o Plano Terrestre, sofre a MULHER,
indicada por seus débitos à gravidez
respectiva, o ASSÉDIO DE FORÇAS OBSCURAS que, em muitas ocasiões, se lhe implantam no vaso genésico por
simbiontes que influenciam o feto em gestação, estabelecendo-se, desde essa
hora inicial da nova existência, ligações
fluídicas através dos tecidos do corpo em formação, pelas quais a ENTIDADE
REENCARNANTE, a partir da infância, continua enlaçada ao companheiro ou aos
companheiros menos felizes, que integram com ela toda uma equipe de almas
culpadas em reajuste.
Desenvolve-se lhe, então, a
meninice, cresce, reinstrui-se, e retorna à juvenil idade das energias físicas,
padecendo, porém, a influência constante
dos assediantes, até que, frequentemente
por intermédio de uniões conjugais, em que a provação emoldura o amor, ou
em circunstâncias difíceis do destino, lhes ofereça novo corpo na Terra, para que, como filhos de seu sangue e de
seu coração, lhes devolva em moeda de renúncia os bens que lhes deve, desde o
passado próximo ou remoto.
Se os adversários do Espírito reencarnado são em maior número, atuam,
muitos deles, tomando os filhos de suas
vítimas e afins deles próprios, por
hospedeiros intermediários das formas-pensamentos deploráveis que arremessam de
si, alcançando em seguida, a mente
dos pais ou hospedeiros definitivos, a inocular-lhes perigosos fluídos sutis,
com que lhes infernizam as almas, muitas vezes até à ocasião da própria morte.
TERAPÊUTICA DO
PARASITISMO DA ALMA
Importa, no entanto, observar que todos os sofrimentos e corrigendas a
que nos referimos estão conjugados para
as consciências encarnadas ou não, dentro da lei de ação e reação que a cada um confere hoje o equilíbrio ou o desequilíbrio, por
suas obras de ontem, reconhecendo-se que assim como existem medidas
terapêuticas contra o parasitismo no mundo orgânico, qualquer criatura encontra, na aplicação viva do bem, eficiente remédio
contra o parasitismo da alma. NÃO BASTARÁ, porém, a palavra que ajude e a
oração que ilumina.
O hospedeiro de influências inquietantes que, por suas aflições na
existência carnal, pode avaliar da qualidade e extensão das próprias dívidas, precisará do próprio exemplo, no serviço do amor puro aos semelhantes,
com educação e sublimação de si mesmo, porque só o exemplo é suficientemente
forte para renovar e reajustar.
A ação do bem genuíno, com a quebra
voluntária de nossos sentimentos inferiores, produz vigorosos fatores de transformação sobre aqueles que
nos observam, notadamente naqueles que se nos agregam à existência,
influenciando-nos a atmosfera espiritual, de vez que as nossas demonstrações de fraternidade inspiram nos
outros pensamentos edificantes e amigos que, em circuitos sucessivos ou contínuas ondulações de energia renovados,
modificam nos desafetos mais acirrados qualquer disposição hostil a nosso
respeito.
Ninguém necessita, portanto, aguardar reencarnações futuras,
entretecidas de dor e lágrimas, em ligações expiatórias, para diligenciar a paz
com os inimigos trazidos do pretérito, porque, pelo DEVOTAMENTO AO PRÓXIMO e pela HUMILDADE
realmente PRATICADA E SENTIDA, é possível valorizar nossa frase e santificar
nossa prece, atraindo simpatias valiosas, com intervenções providenciais, em
nosso favor.
É que, em nos reparando transfigurados para o melhor, os nossos adversários igualmente se desarmam
para o mal, compreendendo, por fim,
que só o bem será, perante Deus, o nosso
caminho de liberdade e vida. (Uberaba, 19/3/58.)
Fonte: Evolução em dois mundos
Chico Xavier e Waldo Vieira
Pelo Espírito André Luiz