quarta-feira, 6 de junho de 2018

COMO ESTÁ SEU CONVÍVIO FAMILIAR?

O núcleo familiar é realmente um aprendizado constante. Muitas vezes fico analisando as questões emocionais e comportamentais entre os membros da família, mas sobretudo, como a primeira ramificação desse núcleo familiar pode influenciar dentro de casa. 

É impressionante a capacidade de manifestação das formas-pensamentos pré-estabelecidas, sobretudo, nos momentos de pequenos conflitos que acabam eclodindo em conflitos ainda maiores.

Atualmente, as famílias estão cada vez menores, e também me pergunto o porque disso. Pensar que não deve ser somente uma questão financeira, nos remete a refletir sobre os resgates entre os membros das famílias. 

Quem sou eu pra falar em nome de Deus, mas imagino que Ele na sua Misericórdia Divina, age através de nós, em doses homeopáticas quanto aos resgates com os nossos afetos. Algo do tipo: vou restringir a família a poucos para que consigam dar conta dos conflitos ainda que parcialmente, mas com algum progresso. É a compreensão divina no entendimento de nossas limitações em saber lidar com o outro.

E aí, diria Deus, oportunamente, talvez em outra encarnação, enviaremos outros afetos para seus respectivos resgates, a fim de que consigam dar conta pelo menos de alguma diferença. E vejam só, que as vezes, numa família de apenas dois, não damos conta desse resgate e acabamos tendo que voltar a conviver numa outra vida.  Então para que adiar o inadiável?

Fico pensando como eram as famílias antigas, de apenas  uma ou duas gerações atrás da minha, em que tinham 10 filhos, viviam numa quase "comunidade" com muitas restrições, alimentares, de vestuário, em que a mulher não trabalhava, e estudavam em colégio público.

Havia um ditado popular que dizia assim: onde come um comem dez. De fato, mesmo com toda limitação, não haviam despesas de educação tão altas como as que enfrentamos hoje no Brasil, por não haver colégio público competitivo com as oportunidades dos colégios particulares.

Mas o fato é que atualmente, onde se come um ainda acabam comendo dez, "massssss", onde estuda um, muitas vezes, nem dois podem estudar,   por conta da baixa renda familiar.  Hoje pra você manter dois filhos numa escola particular conceituada no Brasil é preciso dispensar com eles,entre mensalidade e outros gastos,  cerca de cinco, seis mil reais por mês e posso afirmar, que uma minoria têm renda compatível para isso.

Então fico a analisar os comportamentos dentro de um núcleo familiar restrito de apenas um casal com dois filhos.  Vejo as diferenças nas formas de pensar e agir entre os quatro, como oportunidade de crescimento, mas não é tarefa fácil, porque exige esforço, compreensão, tolerância, empatia, concessões, mas sobretudo, amor. Se não houver amor, as coisas não se mantêm, não se superam, e as famílias acabam sendo separadas, para conseguirem viver bem,

Conviver é algo grandioso, é a sala de aula "on line" do ser humano, e exige muitas habilidades para o consciente manejo das energias que ali se misturam, mas não é nada fácil.

Faz vir a tona sentimentos confusos, muitas vezes sem causa justificável, como a culpa;  remorsos; melindres em relação ao outro; nos distanciamos dos enfrentamentos necessários ao crescimento pessoal, afim de evitarmos conflitos; nem sempre sabemos exatamente o que estão pensando, maquinando na mente; quando mais sensíveis, percebemos as alterações de humor; mudanças nas feições; percebemos ainda quando um se fecha para outro e ai é preciso respeitar o momento, para esperar a hora de entrar no espaço do outro.

A convivência exige um verdadeiro malabarismo, exige jogo de cintura, requer flexibilidade para compreender. Por essas e outras que  muitas vezes fica insustentável e as famílias vão se desfazendo, cada vez mais rápido porque a capacidade de tolerar o outro é quase inexistente.

Só o amor sustenta, aliado a uma maturidade espiritual para perceber o todo, entender o propósito maior da vida,  entender que estamos unidos pelos laços eternos e precisamos transformar nossos nós, em belos laços afetivos.

E como se não bastasse os resgates internos entre os membros de uma família, por ora encarnados, ainda veem os nossos inimigos espirituais se intrometer em nossas demandas pessoais. É isso mesmo! Eles se intrometem de tal maneira que muitas vezes não distinguimos se somos nós, os verdadeiros proprietários daqueles pensamentos, sentimentos e atitudes que achamos serem nossos. Agem diretamente em nosso mental, nos influenciando, nos confundindo, incentivando atitudes contrárias ao entendimento mútuo, alimento nossas mágoas antigas, nossos rancores, acentuando nossas diferenças para que ao invés de buscarmos os entendimentos, entremos na natureza dos conflitos eternos, contraditórios ao caminho de nossa felicidade.

Precisamos refletir sobre nossa própria personalidade e ainda, sobre a personalidade daqueles com os quais convivemos, para encontrarmos os meios mais eficazes e favoráveis à nossa felicidade. Vamos perceber coisas como:

  • Afinidades maiores entre alguns dos membros.
  • Desidentificação nos propósitos da vida como um todo.
  • Posicionamentos diferenciados entre seres que recebem a mesma educação, mas que adotam atitudes diferenciadas.
  • Condutas morais diferentes, embora fruto de uma mesma educação.
  • Valores diferentes constituído nas teias das sucessivas encarnações que por ora, eclodem na atual encarnação.
  • Pontos de vista equivocados perante o equilíbrio tão necessário na hora de discernir.
  • Disputas muitas vezes fúteis, em aparato de competitividade, sobre ser melhor, estar melhor, conquistar mais, etc,
  • Sensibilidades mais afloradas, ensejando sentimentos de vitimismo, coitadismo, injustiçado.
  • Emocionalmente mais frágeis uns que os outros.
  • Traços de rudeza que ainda carregam do homem velho primitivo que há em si.
  • Comportamentos agressivos, de autodefesa, por não desejar que o outro perceba suas fragilidades
  • Isolacionismo dentro do próprio lar, a fim de fazerem cada um, aquilo que o satisfaz, sem ter que se submeter ao sacrifício de ceder de alguma forma para o outro.
  • Absenteísmo, prática de estar fora, fora de si, fora do contexto, deslocado, e isso se faz, pelo usos de ferramentas sociais de alienação, tais como, whatsapp, séries, vídeo games, sites de relacionamentos, etc, etc, etc. Enquanto está envolvido o ser se distancia de sua realidade pessoal e do meio em que vive, para viver uma realidade subjetiva e ilusória, fugindo de si.
  • Hábitos diferentes em virtude de rotinas criadas em consonância com as necessidades individuais de cada um.
  • Viciações comportamentais ou morais que podem ser adquiridas ou trazidas em sua  personalidade congênita.
  • Escolhas diferentes que muitas vezes levam uns aos sucesso e outros ao fracasso.
  • Formas de tratamentos diferenciadas entre os membros da família, onde se pode ver que, um pai ou uma mãe pode proteger mais um filho que o outro, e vice-versa. 
Etc, etc, etc.... são muitas as observações que poderia aqui estar dirigindo à autoanálise no núcleo familiar, mas de que importa tudo isso?

Importa que concentremos nossa melhor energia nos nossos maiores desafios, colocando o amor para abrir os caminhos, a compreensão para abrir uma possibilidade de dialogar, a tolerância para aprender a conviver sem julgar, e a vontade firme para buscar um ponto de equilíbrio que lhe permita conviver em harmonia, sem grandes demandas de energia gasta pelo sacrifício.

Tarefa fácil? Não. Diria ainda, que esta é a tarefa mais difícil e desafiadora, que enfrentamos nos resgates de nossas respectivas encarnações.

Sejamos, portanto, perseverantes em nossas demandas pessoais, sejamos resilientes ensejando a capacidade de nos superarmos a cada dia, para o bem de nós mesmos, e daqueles que amamos e fomos convidados a conviver.

Esta não é uma questão isolada de minha família, de minha cidade ou do meu País. Esta é uma questão que envolve todas as nações, porque se trata da humanidade em si.

Vida e Paz!
Alessandra Uzêda

Nenhum comentário:

Postar um comentário