LIVRO
QUARTO
ESPERANÇAS
E CONSOLAÇÕES
CAPÍTULO
I- PENAS E GOZOS TERRENOS
V- Preocupação com a
Morte
(Questão 941 a 942)
A preocupação com a morte é para
muitas pessoas uma causa de perplexidade; Embora tenham um futuro pela frente,
preocupam-se com a morte. É errado que tenham
essa preocupação. Mas que queres? Procuram persuadi-las, desde cedo, de que há
um inferno e um paraíso, sendo mais certo que elas vão para o inferno, pois
lhes ensinam que aquilo que pertence à própria Natureza é um pecado mortal para
a alma. Assim, quando se tornam grandes, se tiverem um pouco de raciocínio, não
podem admitir isso e se tornam ateus ou materialistas. É dessa maneira que são
levados a crer que nada existe além da vida presente. Quanto aos que
persistiram na crença da infância, temem o fogo eterno que deve queima-los sem
os destruir. A morte não inspira nenhum temor ao justo, porque a fé lhe dá a certeza do
futuro, a esperança lhe acena com uma vida melhor e a
caridade, cuja lei praticou, lhe dá a segurança de que não
encontrará, no mundo em que vai entrar, nenhum ser cujo olhar ele deva
temer.
Comentário de Kardec: O homem carnal mais ligado à vida
corpórea do que à vida espiritual, tem na Terra as suas penas e os seus
prazeres materiais. Sua felicidade está na satisfação fugidia de todos os seus
desejos. Sua alma, constantemente preocupada e afetada nelas vicissitudes da
vida, permanece numa ansiedade e numa tortura perpétuas. A morte o amedronta,
porque ele duvida do futuro e porque acredita deixar na Terra todas as suas
afeições e todas as suas esperanças.
O homem moral, que se elevou
acima das necessidades artificiais criadas pelas paixões tem desde este mundo,
prazeres desconhecidos do homem material. A moderação dos seus desejos dá ao
seu Espírito calma e serenidade. Feliz com o bem que fez não há para ele
decepções e as contrariedades deslizam por sua alma sem lhe deixarem marcas
dolorosas.
Algumas pessoas
não acharão estes conselhos de felicidade um pouco banais, não verão neles o
que chama lugares-comuns ou verdades cediças, e dirão, por fim, que o segredo da felicidade
consiste em saber suportar a infelicidade. Há as que dirão tudo isso,
e numerosas. Mas muitas delas são como certos doentes aos quais o médico
prescreve a dieta: desejariam ser curados sem remédios e continuando a
entregar-se aos excessos.
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