Um olhar amoroso sobre o mal do outro.
Um olhar amoroso sobre o mal do outro nos remete a lembrar da passagem de Jesus e Maria Madalena, quando o Mestre diz que atire a primeira pedra aquele que estiver sem pecado. E um a um foi saindo até que, ficaram apenas os dois. Então Jesus com seu olhar amoroso, não a condenou, apenas lhe disse que fosse e que não pecasse mais.
Nem sempre o que vemos é de fato o que é. É preciso se colocar no lugar do outro para compreender as motivações pessoais de cada um.
A análise crítica sobre o problema do outro nos desconecta da totalidade existencial do indivíduo; podemos atingir somente a superficialidade do problema que o outro enfrenta; e, olhamos o problema do outro sob a nossa perspectiva pessoal de mundo.
Ninguém pode saber as causas primeiras, motivadoras de determinadas atitudes a não ser a própria pessoa, portanto, Não julgue!
Se, e somente se, houver a verdadeira intenção de ajudar, é preciso se debruçar na reflexão do conflito para...
- proporcionar a transformação de algo ou de alguém.
- perceber que as causas das viciações muitas vezes se encontram no espírito do indivíduo.
- A vida se encarrega de gerar acontecimentos que servem de gatilhos para testar a sua capacidade de superação.
- Sendo o homem individual e coletivo, age por seu livre arbítrio e motivação própria, mas também, pelas influências que recebe, seja do meio em que vive, seja pelas interferências espirituais.
Se não consegue ter esse olhar amoroso sobre o problema do outro, feche os olhos!
É preciso compreender que as nossas ações não decorrem apenas do momento atual,tampouco apenas de seu passado reencarnatório. Tudo se conecta, passado, presente e expectativas futuras, para que um comportamento tão complexo como um vício se instale.
- O passado lhe dá uma pré-disposição aos vícios, já que os mesmos podem ter sido vivenciados em outras encarnações.
- O presente lhe submete às provas que trazem os gatilhos que despertam no ser a vontade de realizar, ou a pré-disposição para o vício.
- As expectativas futuras servem de válvula de escape para o não enfrentamento do conflito que te empurra para as viciações.
A exemplo disso, uma pessoa que entra no vício das drogas ou qualquer outro vício, já trás no seu corpo mental uma predisposição para desenvolvê-lo em virtude de já ter vivenciado esta prova em outra vida. Os gatilhos são as circunstancias ou situações em que apessoa se depara diante de um vício que lhe desperta interesse, para que se supere, diante da prova. As expectativas futuras influenciam diretamente no enfrentamento ou não do problema. Expectativas promissoras de um ser consciente do que deve ou não, faz com este reaja positivamente às viciações. Expectativas frustradas, na incapacidade de autossuperação, faz o sujeito mergulhar em seus vícios.
Nossa visão não se deve limitar a estabelecer o que é bem e o que é mal, e a partir daí, determinar qual o tratamento para o mal.
- O bem e o mal estão muito além da objetividade que aparentam ter.
- Quando enquadramos as atitudes humanas entre as extremas polaridades de bem e de mal, promovemos a falsa sensação de felicidade e de culpa.
- Nem todo bem é bem e nem todo mal é mal. Aquilo que a mim faz bem, pode fazer mal a outra pessoa, assim como, aquilo que me faz mal pode fazer bem a outra pessoa.
O Evangelho é exímio corretivo para aqueles que estão fora do caminho, e principalmente, para aqueles que criticam e julgam a outro. Através do Evangelho podemos perceber os limites impostos ao ser humano pelas Leis Divinas. Contudo, o indivíduo deve compreender os ensinamentos, discernir sobre eles, com foco no conhecimento de si mesmo e na sua ascensão espiritual.
Os ensinamentos dever ser compreendidos, mas sobretudo, vividos na vida cotidiana, na rotina de cada um. É nosso dever...
- Aliar teoria à prática, portanto, toda intenção deve vir acompanhada de uma ação correspondente.
- Enfrentar os conflitos e dificuldades com bom-senso e equilíbrio.
- Olhar com a amorosidade para o problema do outro.
- Compreender que o outro age através de sua própria visão de mundo.
- Enxergar que ao julgar o outro, está julgando a partir de sua visão pessoal de mundo, e que portanto, está desconectada da realidade pessoal do indivíduo.
- Implica na obrigação moral, primeiramente perante a si, e depois, perante o outro.
Quando nos dispomos a lançar um molhar amoroso para o problema do outro, há ali, implícita, sempre uma proposta de transformação, assim, como Jesus fazia: ajudar o sujeito a cair em si, reconhecer seu erro, assumir responsabilidades e tomar atitudes corretivas.
- O vício, o erro, ou mesmo, alguma atitude inadequada, devem ser considerados como parte de um contexto psíquico maior do que sua ocorrência.
- O combate a eles não se deve limitar a advertências punitivas, mas também, se estender a levar o indivíduo à reflexão sobre os motivos que levaram a que, se instalassem em sua personalidade.
- Que ele identifique o sistema de valores que leva a classificar suas atitudes como erro.
Prevenir desequilíbrios humanos ou algo que o torna infeliz e tira sua paz requer:
- O despertar para o autoquestionamento
- Por que?
- Como?
- Quem?
- Quando?
- Vivenciar com equilíbrio as provas necessários do crescimento espiritual do ser humano.
- Consciência
- Discernimento
- Responsabilidade
- Tempo/Espaço
Nesse sentido, o conselho do Cristo no Evangelho de Mateus, cap.5, v.14, é fundamental a ser pensado: "vós sois a luz do mundo: não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte."
Portanto, aquele que tem luz suficiente para iluminar os equívocos alheios, deve possuí-la para apontar caminhos exequíveis, com o fim de transformá-los, em virtudes, a partir de seu próprio exemplo.
- É preciso ser exemplo de virtudes para iluminar o caminho do outro.
- Aprende a deixar o problema que é do outro, com ele mesmo.
- Ocupa-te de ti!
Jesus mais uma vez disse, com sábias palavras, ... médico, cura-te a ti mesmo.
A personalidade de quem veicula a mensagem do Evangelho sem sombra de dúvidas, interfere na forma como esta é veiculada a na interpretação que se lhe dá. Daí a importância de se alinhar teoria e prática, porque o que você prega, deve refletir quem de fato você é, no seu agir. Isso também, diz respeito a você, quando orienta ou aconselha alguém, dentro do caminho reto que o Evangelho propõe como meio de transformação.
O Cristo propõe que o curador se curem isto é, que sua fala seja também, e principalmente, dirigida a si mesmo. Seu exemplo pessoal é a verdadeira mensagem que passa, tendo como base, o que assimilou da original. A partir do que entendeu da mensagem que lhe inspira a vida, levará aos outros, de uma forma típica, aplicável aparentemente, a todos, mas própria, somente para aqueles que têm carma semelhante ao seu, e que portanto, se afiniza com as mesmas ideias. Nossa atitudes revelam quem somos. Não devemos impor nossas verdades. Nem sempre o outro irá compreender.
Quando não der conta do problema, PEÇA AJUDA!
- Omitir os problemas àqueles que podem ajudar é demonstração de insegurança. O fator surpresa pode aumentar o problema.
- Em alguns casos, é compreensível que certos problemas possam ser omitidos, a fim de não expor terceiros, porém, deve-se buscar a participação dos envolvidos na solução e discussão de problemas comuns, inclusive, das crianças, para que comecem logo cedo, a entender a vida. Não subestime a fala das crianças. E, quando adolescente, já começam a assumir a responsabilidade de sua própria encarnação.
A fala do Cristo demonstra segurança e autoconfiança. Ele se expôs diante das pessoas nas Sinagogas, sem esconder suas capacidades e disse para que veio. Nós devemos colocar em família ou amigos, como desejar, o que ali estamos fazendo. Devemos ainda ter equilíbrio e autodeterminação suficientes, para assumir nossas responsabilidades perante à família. É na família, sobretudo, que aprendemos e evoluímos, seja a família carnal, seja a família escolhida pelo coração, seja a família espiritual.
Ter um olhar mais amoroso com todos requer...
- Paciência e tolerância.
- Respeito ao tempo do outro.
- Aceitar não ser a sua verdade, a verdade absoluta.
- Se dispor a escutar antes de falar.
- Entender as razões do outro.
O que diz Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo sobre esse olhar?
"Como é que vedes um argueiro no olho de vosso irmão, quando não vedes uma trave no vosso olho? - Ou, como é que dizeis ao vosso irmão: Deixa-me tirar um argueiro do teu olho, vós que tendes no vosso uma trave? - Hipócritas, tirai primeiro a trave de vosso olho e depois, então, vede como podereis, tirar o argueiro do olho do vosso irmão." (S.MATEUS, cap. VII, v. 3 a 5).
" Tudo o que vocês desejam que os outros façam a vocês, façam vocês também a eles. Pois nisso, consiste a Lei dos Profetas." (S.MATEUS, cap. 7, v.12)
"Não julguem e vocês não serão julgados. De fato, vocês serão julgados com o mesmo julgamento com que vocês julgarem, e serão medidos com a mesma medida com vocês medirem." (S.MATEUS, , cap. 7, v.1 e 2)
"Para julgar-se, a si mesmo, é necessário poder mirar-se num espelho, transportar-se de qualquer maneira para fora de si mesmo, e considerar-se como outra pessoa, perguntando-se: que pensaria eu, se visse alguém fazendo o que faço?" (KARDEC, ESE, cap.X, Item 10).
E ainda, o Espírito Emmanuel diz:
"É imprescindível habituar a visão na procura do melhor, a fim de que, não sejamos ludibriados, pela malícia que nos é própria."
Referências:
OLIVEIRA, W. Jesus a inspiração das relações luminosas.
KARDEC, A. O evangelho Segundo o Espiritismo.
OLIVEIRA, W. Reforma íntima sem martírio.
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