AS
LEIS MORAIS
CAPÍTULO
VI- LEI DE DESTRUIÇÃO
VII-
Pena de Morte
(Questão 760 a 765)
Incontestavelmente, a pena de morte desaparecerá um
dia da legislação humana, e sua supressão assinalará um
progresso da Humanidade.

Comentário
de Kardec: O progresso social ainda deixa muito a desejar, mas
seríamos injustos para com a sociedade moderna se não víssemos um progresso nas
restrições impostas à pena de morte entre os povos mais adiantados, e à
natureza dos crimes aos quais se limita a sua aplicação. Se compararmos as
garantias de que ajusta se esforça para cercar hoje o acusado, a humanidade com
que o trata, mesmo quando reconhecidamente culpado, com o que se praticava em
tempos que não vão muito longe, não poderemos deixar de reconhecer a via
progressiva pela qual a Humanidade avança.
A lei de conservação dá ao homem o direito de
preservar a sua própria vida; não se aplica a ele o direito de eliminar da
sociedade um membro perigoso, pois há
outros meios de se preservar do perigo, sem matar. É necessário, aliás,
abrir e não fechar ao criminoso a porta do arrependimento.
A pena de morte pode ser banida das sociedades
civilizadas, à medida que se esclarece, vai
compreendendo melhor o que é justo ou injusto e repudia os
excessos cometidos nos tempos de ignorância, em nome da justiça.
A restrição dos casos em que se aplica a pena de
morte é um índice do progresso da civilização, pois quando se revolta o teu Espírito lendo os relatos dos morticínios humanos
que antigamente se faziam em nome da justiça e frequentemente em honra à
Divindade; das torturas a que se submetia o condenado e mesmo o acusado, para
lhe arrancar, a peso do sofrimento, a confissão de um crime que ele muitas
vezes não havia cometido? Pois bem, se tivesses vivido naqueles tempos,
acharias tudo natural, e talvez, como juiz, tivesses feito outro tanto. É assim
que o que parece justo numa época parece bárbaro em outra. Somente as leis
divinas são eternas. As leis humanas modificam-se com o progresso. E se
modificarão ainda, até que sejam colocadas em harmonia com as leis divinas(1).
Jesus disse: “Quem matar pela espada perecerá
pela espada”. Essas palavras não representam a consagração da pena de
talião? E a morte imposta ao assassino não é a aplicação dessa pena?
Tomai
tento! Estais equivocados quanto a estas palavras, como sobre muitas
outras. A pena de talião é a justiça de Deus; é ele quem a aplica. Todos vós sofreis a cada instante essa
pena, porque sois punidos naquilo em pecais, nesta vida ou numa
outra. Aquele que fez sofrer o seu semelhante estará numa situação em
que sofrerá o mesmo. E este o sentido das palavras de Jesus.
Pois
não vos disse também: “Perdoai aos
vossos inimigos”? E não vos ensinou a pedir a Deus que perdoe as
vossas ofensas da maneira que perdoastes, ou seja, na mesma
proporção em que houverdes perdoado?
Compreendei
bem isso.
Sobre a pena de morte imposta em nome de Deus,
deve-se pensar que isso equivale a tomar o lugar de Deus
na prática da justiça. Os que agem assim revelam quanto estão longe de
compreender a Deus e quanto têm ainda a expiar. É um crime aplicar a pena
de morte em nome de Deus e os que afazem são responsáveis por esses
assassinatos.
(1) Definição
perfeita da concepção espírita da moral. Os princípios verdadeiros de moral são
de natureza eterna e os costumes dos povos se modificam através da evolução, em
direção daqueles princípios. A Sociologia materialista, tratando apenas dos
costumes, criou o falso conceito da relatividade da moral, já em declínio,
entrando, no pensamento moderno. O homem intui cada vez de maneira mais clara
as leis divinas da moral, na proporção em que progride. Os seus costumes se
depuram e a sua moral se harmoniza com essas leis superiores. (N. do T.)
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