sábado, 4 de outubro de 2014

PSICOPATOLOGIAS DO PERISPÍRITO

PSICOPATOLOGIAS DO PERISPÍRITO

O homem selvagem emprega a força e a astúcia para dominar os seres inferiores e a natureza à sua volta, mas não tem preparo algum para enfrentar o grande desconhecido que se descortina para ele após a morte física.

“O espetáculo da vastidão cósmica perturba-lhe o olhar e a visita de seres extraterrestres, mesmo benevolentes e sábios, infunde-lhe pavor, crendo-se à frente de deuses bons ou maus, cuja natureza ele próprio se incumbe de fantasiar na exiguidade das próprias concepções” ( Evolução em Dois Mundos , de André Luiz). 

Assim, depois do óbito, permanece tímido ao pé dos seus, em cuja companhia passa a viver em outras condições vibratórias e em processos variados de simbiose, ansioso por voltar à existência corpórea. 

Mantém-se, assim, vinculado à choça, aos seus e “não tem outro pensamento senão voltar, voltar ao convívio revitalizante daqueles que lhe usam a linguagem e lhe comungam os interesses”. Tal qual as bactérias que se transformam em esporos quando as condições do meio lhe são adversas, tornando-se imóveis e resistentes ao ambiente durante anos a fio, também o espírito do selvagem perde os órgãos do corpo espiritual, que se lhe atrofiam por falta de função. Isso porque se estabelece em seu íntimo o monoideísmo, a ideia fixa de voltar para a carne, cujo desejo eclipsa todas as demais. Dá-se então o que André Luiz chama de “monoideísmo auto-hipnotizante”, provocado por um pensamento fixo-depressivo nascido de sua inadaptação ao mundo extrafísico. 

Por esse processo, o desencarnado perde seu corpo espiritual, transformando-se em ovoide, forma pela qual expressa seu corpo mental.

AS DISFUNÇÕES E O MONOIDEÍSMO 

No monoideísmo, o núcleo da visão profunda, localizado no centro coronário, sofre disfunção específica, na qual o espírito contemplará tão somente os quadros terríficos relacionados com as culpas contraídas, deixando de observar tudo o mais. 

Vejamos o caso de Leonardo Pires (citado por André Luiz no livro Entre a Terra e o Céu ), desencarnado há 20 anos e que vive agora na casa da neta, Antonina. 

Apresenta-se como um velhinho, de acordo com seus últimos dias terrestres. A mente dele, porém, está fixada nos lances da última existência, com recordações que o obcecam.

A FIXAÇÃO DA MENTE EM CULPAS CONTRAÍDAS DURANTE A VIDA FÍSICA GERAM DISTORÇÕES NA FORMA DO CORPO ESPIRITUAL

Marlene Rossi Severino Nobre
Associação Médico-Espírita do Brasil

Quando jovem, foi empregado do marechal Guilherme Xavier de Souza e hoje conserva a mente detida num crime de envenenamento que cometeu quando integrava as forças brasileiras acampadas em Piraju, no Paraguai.

Enciumado, sentindo-se preterido pela mulher leviana com a qual se relacionava, por causa de um colega de farda, Leonardo idealizou o crime e o executou, utilizando vinho envenenado. 

Como as tropas deveriam seguir rumo ao Paraguai, o caso foi encerrado sem maiores investigações. Leonardo seguiu em frente, convivendo por algum tempo com a mulher que fora pivô do crime, mas se casou ao regressar para o Brasil, deixando vários descendentes, entre os quais Antonina.

No leito de morte, reconheceu que a lembrança do referido crime castigava seu mundo íntimo, centralizando todos os episódios apenas nesse.

No além, o monoideísmo persistiu. Com olhar de louco, segue a única imagem que se vitaliza a cada dia em sua memória, ao influxo da própria consciência que se considera culpada. 

Como ensinaram os espíritos reveladores a Allan Kardec na questão 621 de O Livro dos Espíritos , “a lei de Deus está inscrita na consciência”. E ninguém pode ludibriá-la impunemente.

PARASITAS OVOIDES 

Há espíritos que perdem a forma humana de apresentação de seu perispírito, surgindo como esferas ovoides. 

“Pela densidade da mente, saturada de impulsos inferiores, não conseguem se elevar e gravitam ao redor das paixões absorventes que, por muitos anos, elegeram como centro de interesses fundamentais” ( Libertação , de André Luiz).

Inúmeros desencarnados, empolgados pela ideia de fazerem justiça com as próprias mãos ou apegados a vícios aviltantes, por repetirem infinitamente essas imagens degradantes, acabam em deplorável fixação monoideística, fora das noções de espaço e tempo, sofrendo enormes transformações na morfologia do psicossoma. 

Por falta de função, os órgãos psicossomáticos ficam retraídos e surge a forma ovoide. Atingida esta forma, permanecem colados àqueles que foram seus sócios nos crimes, obedecendo à orientação das inteligências que os entrelaçam na rede do mal. 

Por isso, servem às empreitadas infelizes nos processos de obsessão. Nas regiões inferiores, onde André Luiz esteve em missão de paz na companhia do instrutor Gúbio e que estão descritas no extraordinário livro Libertação , um grande número de entidades transportavam essas esferas como se estivessem imantadas às suas próprias irradiações. 

O médico desencarnado explicou que esses ovoides são pouco maiores que um crânio humano, variando muito nas particularidades. Alguns denunciam movimento próprio, como se fossem grandes amebas, outros parecem em repouso, aparentemente inertes, ligados ao halo vital de outras entidades.

Qual a situação psíquica desses ovoides? A maioria deles dorme em estranhos pesadelos, incapazes de exteriorizações maiores.


DEFORMAÇÕES DO CORPO ESPIRITUAL

 Ao lado de espíritos que já conquistaram belas vestes de apresentação, encontramos outros cujos psicossomas revestem-se de verdadeiras deformidades. 

No livro Libertação, André Luiz teve oportunidade de constatar, de forma inesperada, um caso com essas alterações. A senhora de um médico revelava extremo cuidado com a aparência externa, apresentando-se sempre muito bem penteada e maquiada. 

Entretanto, o médico desencarnado teve oportunidade de vê-la como autêntica bruxa, igual àquelas dos contos infantis, quando, pela ação do sono, seu perispírito se desprendeu do corpo físico. 

Realmente as aparências enganam!

Em Evolução em Dois Mundos , André Luiz utiliza a nomenclatura corrente no mundo espiritual para designar as diversas alterações do psicossoma consequentes de patologias mentais diferentes. 

“Adinamia” seria a queda mental no remorso e “hiperdinamia”, a patologia conseqüente dos delírios da imaginação, provocando hipo ou hipertensão no movimento circulatório das forças que o mantêm. 

Utiliza também a denominação “miopraxia do centro genésico atonizado” para designar a patologia do organismo sutil no caso do aborto provocado, que seria a arritmia do chacra responsável pela organização das energias sexuais.

 Em Ação e Reação , nos trabalhos de socorro da Mansão Paz, estabelecimento situado nas regiões inferiores, foi recolhido um desencarnado cujo rosto era disforme, todos os traços se confundiam como se fosse uma esfera estranha e, além disso, seus braços e pernas eram hipertrofiados, enormes.

Depois de consultá-lo, o instrutor Druso afirmou que o desencarnado em questão encontrava-se sob terrível hipnose, tendo sido conduzido a essa posição por adversários temíveis, que, para torturá-lo, fixaram sua mente em alguma penosa recordação. 

Era Antônio Olímpio, o fazendeiro que assassinara os dois irmãos e cujo crime passou despercebido da justiça humana. Sua história está também no estudo da fixação mental. 

Em Libertação , porém, os relatos reportam-se a zonas muitíssimo inferiores, as regiões infernais. Lá estão presentes a velhice, a moléstia, o desencanto, o aleijão, as deformidades de toda a sorte e os ovoides.

 O perispírito de todos os habitantes dessas regiões é opaco como o corpo físico e pode sofrer ainda alterações mais profundas, deixando sua forma humana para se apresentar como a de um animal. 

É o fenômeno conhecido genericamente como “zoantropia”, mas que tem na “licantropia” (transformação em lobo) o processo mais conhecido. 

Nas regiões inferiores, uma mulher é julgada por um tribunal constituído de entidades inteligentes e perversas, caso citado no livro Libertação . Diante dos juízes, confessou que matou quatro filhinhos e contratou o assassinato do próprio marido, entregando-se depois às “bebidas de prazer” , mas nunca pôde fugir da própria consciência. 

Através de um olhar temível, o juiz a sentenciou, dizendo que ela não passava de uma loba. A mulher desencarnada passou a se modificar paulatinamente diante da sentença repetida várias vezes, chegando ao resultado final da licantropia. 

Segundo explicações espirituais, ela não passaria por essa humilhação se não a merecesse. No entanto, a renovação mental depende única e exclusivamente dela. 

Deus mantém a senda redentora sempre aberta a seus filhos. Tornou-se clássica na literatura espiritualista o caso de Nabucodonosor, rei cruel e despótico que viveu se sentindo como animal durante sete anos. Diz a Bíblia (Dn 4.33) que “o seu corpo foi molhado de orvalho do céu, até que lhe cresceu pelos como as penas da águia e suas unhas como as das aves”.


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