II- UNIÃO DA ALMA COM O CORPO-CAPÍTULO VII: Retorno à Vida Corporal- LIVRO SEGUNDO

LIVRO SEGUNDO
MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS
CAPÍTULO VII– RETORNO À VIDA CORPORAL
II-            União da Alma com o Corpo
             (Questões 344 à 360)


A união da alma ao corpo na concepção, mas não se completa senão no momento do nascimento. Desde o momento da concepção, o Espírito designado para tomar determinado corpo a ele se liga por um laço fluídico, que se vai encurtando cada vez mais, até o instante em que a criança vem à luz; o grito que então se escapa de seus lábios anuncia que a criança entrou para o número dos vivos e dos servos de Deus.

A união entre o Espírito e o corpo é definitiva desde o momento da concepção no sentido de que outro Espírito não poderia substituir o que foi designado para o corpo; mas, como os laços que o prendem são muito frágeis, fáceis de romper, podem ser rompidos pela vontade do Espírito que recua ante a prova escolhida. Nesse caso, a criança não vinga.

Se o corpo que ele escolheu morrer antes de nascer, o Espírito pode escolher outro.
A utilidade dessas mortes prematuras se deve às imperfeições da matéria, na maioria das vezes, são a causa dessas mortes.

A utilidade pode ter para um Espírito a sua encarnação num corpo que morre poucos dias depois de nascer, se deve ao fato de que o ser ainda não tem consciência bastante desenvolvida da sua existência; a importância da morte é quase nula; frequentemente, como já dissemos, trata-se de uma prova para os pais.

Algumas vezes o Espírito sabe, com antecedência, que o corpo por ele escolhido não tem possibilidade de viver; mas, se o escolheu por esse motivo, é que recua ante a prova.

Quando falha uma encarnação para o Espírito, por uma causa qualquer, nem sempre será imediatamente suprida por outra existência; o Espírito necessita de tempo para escolher de novo, a menos que a reencarnação instantânea decorra de uma determinação anterior.

O Espírito, uma vez unido ao corpo da criança, e não podendo mais retroceder, que se lamenta algumas vezes da escolha feita seria o mesmo que o homem que se queixa da vida que tem, e que deseja outra. Porém, isso não ocorre porque não sabe que a escolheu. O Espírito, uma vez encarnado, não pode lamentar uma escolha de que não tem consciência, mas pode achar muito pesada a carga. E, se a considera acima de suas forças, é então que recorre ao suicídio.

No intervalo da concepção ao nascimento, o Espírito goza de todas as suas faculdades, mais ou menos, segundo a fase, porque não está ainda encarnado, mas ligado ao corpo. Desde o instante da concepção, a perturbação começa a envolver o Espírito, advertido, assim, de que chegou o momento de tomar uma nova existência; essa perturbação vai crescendo até o nascimento. Nesse intervalo, seu estado é mais ou menos o de um Espírito encarnado, durante o sono do corpo. A medida que o momento do nascimento se aproxima, suas ideias se apagam, assim como a lembrança do passado se apaga desde que entrou na vida. Mas essa lembrança lhe volta pouco a pouco à memória, no seu estado de Espírito.

No momento do nascimento, o Espírito não recobra imediatamente a plenitude de suas faculdades; elas se desenvolvem gradualmente com os órgãos. Ele se encontra numa nova existência; é preciso que aprenda a se servir dos seus instrumentos; as ideias lhe voltam pouco a pouco, como a um homem que acorda e se encontra numa posição diferente da que ocupava antes de dormir.

A união do Espírito com o corpo não estando completa e definidamente consumada, senão depois do nascimento, pode considerar-se o feto como tendo uma alma; pois o Espírito que deve animar existe, de qualquer maneira, fora dele. Propriamente falando, ele não tem uma alma, pois a encarnação está apenas em vias de se realizar, mas está ligado à alma que deve possuir.

A vida intrauterina se explica da mesma forma com a da planta que vegeta. A criança vive a vida animal. O homem possui em si a vida animal e a vida vegetal, que completa, ao nascer, com a vida espiritual.

Há, como o indica a Ciência, crianças que desde o ventre da mãe não têm possibilidades de viver; e Deus o permite como prova, seja para os pais, seja para o Espírito destinado a encarnar.

Há crianças natimortos que não foram destinadas à encarnação de um Espírito; há as que jamais tiveram um Espírito destinado aos seus corpos: nada devia cumprir-se nela. É somente pelos pais que essa criança nasce.

Um ser dessa natureza pode chegar ao tempo normal de nascimento, mas então não vive.

Toda criança que sobrevive tem, portanto, necessariamente, um Espírito encarnado em si, caso contrário não seria um ser humano.

Par o Espírito, a consequência do aborto seria de uma existência nula e a recomeçar.
O aborto provocado é um crime, qualquer que seja a época da concepção, pois que o aborto transgride a lei de Deus. A mãe ou qualquer pessoa cometerá sempre um crime ao tirar a vida à criança antes do seu nascimento, porque isso é impedir a alma de passar pelas provas de que o corpo devia ser o instrumento.

No caso em que a vida da mãe estaria em perigo pelo nascimento   da criança, e em sacrificar a criança para salvar a mãe, é preferível sacrificar o ser que não existe a sacrificar o que existe.

E racional ter pelos fetos o mesmo respeito que se tem pelo corpo de uma criança que tivesse vivido, pois que em tudo isto vede a vontade de Deus e a sua obra, e não trateis levianamente as coisas que deveis respeitar. Por que não respeitar as obras da criação, que, às vezes, são incompletas pela vontade do Criador? Isso pertence aos seus desígnios, que ninguém é chamado a julgar

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