I- PRELÚDIO-,CAPÍTULO VII: Retorno à Vida Corporal- LIVRO SEGUNDO

LIVRO SEGUNDO
MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS
CAPÍTULO VII– RETORNO À VIDA CORPORAL
I-              Prelúdio do Retorno
             (Questões 330 à 343)


Os Espíritos pressentem a época em que terão de se reencarnar, como o cego sente o fogo de que se aproxima. Sabem que devem retomar um corpo, como sabeis que deveis morrer um dia, mas ignoram quando isso acontecerá

A reencarnação é, portanto, uma necessidade da vida espírita, como a morte é uma necessidade da vida corpórea.
Nem todos os Espíritos se preocupam com a sua reencarnação. Há os que absolutamente não pensam nela, que nem mesmo a compreendem; isso depende de sua natureza mais ou menos avançada. Para alguns, a incerteza quanto ao futuro é uma punição.

O Espírito pode abreviar ou retardar o momento da reencarnação. Pode abreviá-lo, solicitando-o por suas preces, e pode também retardá-lo, se recuar ante a prova. Porque entre os Espíritos há também indiferentes e poltrões; mas não o faz impunemente, pois sofre com isso, como aquele que recusa o remédio que o pode curar.

Se um Espírito se sentisse bastante feliz numa condição mediana entre os Espíritos errantes, e não tivesse a ambição de se elevar, poderia prolongar esse estado por um dado tempo, porém não indefinidamente; cedo ou tarde, o Espírito sente a necessidade de avançar; todos devem elevar-se, pois esse é o destino de todos.

A união da alma com este ou aquele corpo é sempre designada com uma certa antecedência. O Espírito é sempre designado com antecedência. Escolhendo a prova que deseja sofrer, o Espírito pede para se encarnar; ora, Deus, que tudo sabe e tudo vê, sabe e vê com antecedência que tal alma se unirá a tal corpo.

O Espírito tem o direito de escolher o corpo e o gênero de vida que lhe deve servir de prova, porque as imperfeições do corpo são provas que o ajudam no seu adiantamento, se ele vencer os obstáculos encontrados; mas a escolha nem sempre depende dele, que pode pedi-la.

Se o Espírito, no último momento, recusar o corpo escolhido, sofreria muito mais do que aquele que não tivesse tentado nenhuma prova.

Não poderia acontecer de um corpo que deve nascer não encontrasse Espírito para encarnar-se nele, pois que Deus proveria a isso. A criança, quando deve nascer para viver, tem sempre uma alma predestinada: nada é criado sem um desígnio.

A união do Espírito com determinado corpo pode ser imposta por Deus, da mesma maneira que as diferentes provas, sobretudo quando o Espírito ainda não está apto afazer uma escolha com conhecimento de causa. Como expiação, o Espírito pode ser constrangido a se unir ao corpo de uma criança que, por seu nascimento e pela posição que terá no mundo, poderá tornar-se para ele um meio de castigo.

Se acontecesse que muitos Espíritos se apresentassem para ocupar um mesmo corpo que vai nascer, Deus é quem julga, em casos assim, qual é o mais capaz, de preencher a missão a que a criança se destina. Mas, como já disse, o Espírito é designado antes do instante em que devem unir-se ao corpo.

O momento da encarnação é seguido de maior perturbação ao que se verifica na desencarnação, e sobretudo mais longa. Na morte, o Espírito sai da escravidão; no nascimento, entra nela.

O instante em que o Espírito deve encarnar-se é para ele um instante como um viajante que embarca para uma travessia perigosa e não sabe se vai encontrar a morte nas vagas que afronta.

  Comentário de Kardec: O viajante que embarca sabe a que perigos se expõe, mas não sabe se naufragará. Assim se dá com o Espírito: ele conhece o gênero de provas a que se submete, mas não sabe se sucumbirá.

      Da mesma maneira que a morte do corpo é um renascimento para o Espírito, a reencarnação é para ele uma espécie de morte, ou antes, de exílio e de clausura. Ele deixa o mundo dos Espíritos pelo mundo corpóreo, como o homem deixa o mundo corpóreo pelo mundo dos Espíritos. O Espírito sabe que se reencarnará, como o homem sabe que morre; mas, como este, não tem consciência do fato senão no último momento, quando chega o tempo desejado. Então nesse momento supremo, a perturbação o envolve, como no homem em agonia, e essa perturbação persiste até que a nova existência esteja nitidamente firmada. O início da reencarnação é uma espécie de agonia para o Espírito.

A incerteza do Espírito quanto à eventualidade do sucesso das provas que vai sofrer na vida é para ele uma causa de grande aflição, antes da encarnação, pois as provas da sua existência o retardarão ou farão avançar, segundo as tiver bem ou mal suportado.

No momento de sua reencarnação, a depender da esfera que o Espírito habita, o Espírito é acompanhado por outros Espíritos, seus amigos, que assistem à sua partida do mundo espírita, como o vão receber na sua volta. Se está nas esferas em que reina a afeição, os Espíritos que o amam o acompanham até o derradeiro momento, o encorajam e frequentemente, mesmo, o seguem durante a vida.

Os Espíritos amigos que nos seguem durante a vida, muito frequentemente, são os que, por vezes,  vemos em sonho, que nos testemunham a sua afeição e que se nos apresentam com feições desconhecidas; eles vêm visitar-nos, como ides ver um prisioneiro sob chaves.

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